26/Aug/2024
Os preços da soja estão em alta no mercado brasileiro. O impulso vem da valorização cambial (R$/US$), que atrai consumidores estrangeiros ao País e eleva os prêmios de exportação da oleaginosa. Além disso, a alta do grão também está atrelada à postura cautelosa de alguns vendedores, que evitam comercializar grandes volumes no spot e optam pela estocagem e negociação apenas em época do cultivo da safra 2024/2025 na América do Sul. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,7%, cotado a R$ 131,16 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra valorização de 2,1% nos últimos sete dias, a R$ 127,06 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os preços da soja registram avanço de 1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto ao prêmio de exportação de soja no Brasil, com base no Porto de Paranaguá (PR) e no embarque em setembro/2024, a oferta por parte dos compradores é de +US$ 1,25 por bushel e, por parte dos vendedores, +US$ 1,50 por bushel, acima do observado na semana anterior. Vale lembrar que, no mesmo período do ano passado, já não havia liquidez de soja para o embarque em setembro. Além disso, as negociações para embarque em outubro/2023 estão na casa de +US$ 0,70 por bushel, significativamente abaixo do valor ofertado para embarque em outubro/2024, de +US$ 1,20 por bushel no dia 22 de agosto. Com isso, a paridade de exportação de soja para embarque em setembro/2024 é de R$ 134,59 por saca de 60 Kg, com base no dólar futuro negociado na B3 no dia 22 de agosto.
Este valor está acima da média ofertada no spot, o que justifica a cautela de alguns vendedores nas negociações imediatas. Para 2025, a paridade de exportação foi calculada em R$ 133,07 por saca de 60 Kg, para embarque em fevereiro/2025; em R$ 129,89 por saca de 60 Kg, para embarque em março/2025; em R$ 132,42 por saca de 60 Kg para abril/2025 e em R$ 134,23 por saca de 60 Kg para maio/2025. Os valores dos derivados de soja estão pressionados. A normalização dos embarques na Argentina atraiu importadores para o país vizinho, ao passo que parte dos consumidores domésticos relata ter estoques para médio prazo. Os preços do farelo de soja apresentam recuo de 1,6% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem baixa de 0,8% em igual comparativo, a R$ 6.292,75 por tonelada. Diante disso, tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” registra queda de 10,4% nos últimos sete dias, a R$ 685,80 por tonelada.
Mesmo assim, na média semanal, o retorno em relação ao custo da soja é de 36,5%, contra 37,6% na média da semana anterior. A alta nos preços da oleaginosa no Brasil é limitada pela desvalorização externa. A queda nos contratos futuros, por sua vez, se deve às boas condições das lavouras norte-americanas, o que reforça as projeções de safra volumosa naquele país. Além disso, as exportações dos Estados Unidos podem ser menores que as projetadas para a atual temporada (que se encerra em 31 de agosto). De acordo com relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques da oleaginosa somaram 43,78 milhões de toneladas na parcial desta temporada (de setembro/2023 até a primeira quinzena deste mês), queda de 15% frente ao escoado em período equivalente da temporada anterior.
Ressalta-se que, para atingir as 46,26 milhões de toneladas estimadas pelo USDA para esta temporada, os Estados Unidos precisariam embarcar 2,5 milhões de toneladas na segunda quinzena deste mês, o que dependerá de um expressivo aumento na demanda externa em comparação à observada nas últimas semanas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2024 da soja acumula desvalorização de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 9,41 por bushel. Para o farelo, o contrato Setembro/2024 tem baixa de 0,5% no período, a US$ 337,74 por tonelada. O contrato de primeiro vencimento do óleo de soja apresenta avanço de 2,5% nos últimos sete dias, a US$ 891,54 por tonelada. Essa alta está atrelada à maior demanda para a produção de biodiesel nos Estados Unidos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.