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19/Aug/2024

Preços da soja estão pressionados no mercado interno

Os preços futuros do complexo soja registram expressivas quedas, retornando aos patamares observados em 2020. A soja em grão voltou a ser negociada abaixo dos US$ 10,00 por bushel, o que, consequentemente, reduz a paridade de exportação no Brasil e os valores praticados no mercado spot. Expectativas de que a oferta mundial possa superar a demanda são o principal fator de pressão sobre as cotações. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2024 da soja negociado registra desvalorização de 4,2% nos últimos sete dias, cotado a US$ 9,51 por bushel, o menor patamar desde 31 de agosto de 2020 (quando fechou a US$ 9,51 por bushel). O primeiro vencimento do óleo de soja tem recuo de significativos 6,4% nos últimos sete dias, a US$ 870,16 por tonelada, o mais baixo desde 17 de dezembro de 2020. Para o farelo, o contrato Setembro/2024 apresenta baixa de 3,6% no mesmo comparativo, a US$ 339,40 por tonelada. No dia 13 de agosto, o primeiro vencimento chegou ao menor patamar desde setembro de 2020.

De acordo com relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado em 12 de agosto, a produção global da oleaginosa deve passar de 395,12 milhões de toneladas na safra 2023/2024, para 428,72 milhões de toneladas em 2024/2025, ambos volumes recordes. Embora as transações internacionais e o consumo global apontem crescimento, os estoques de passagem também podem avançar. Estimativas do USDA apontam que 181,22 milhões de toneladas de soja devem ser transacionadas internacionalmente na temporada 2024/2025, superando o recorde de 177,3 milhões de toneladas projetado para esta safra (2023/2024). O estoque de passagem também é estimado em quantidade recorde, de 134,3 milhões de toneladas em 2024/2025, sendo 19,5% superior às 112,36 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. Agentes de mercado estão atentos aos estoques elevados na safra 2023/2024.

Na China e nos Estados Unidos, os estoques desta temporada (que se encerra no final deste mês) são projetados em respectivos 45,6 milhões de toneladas e 9,3 milhões de toneladas, aumentos de 32,6% e de 30,6% frente aos da anterior. O estoque da Argentina é estimado em 24,3 milhões de toneladas, até o final de setembro/2024, aumento de 43,2%. No Brasil, o estoque de passagem da safra 2023/2024 (em setembro/2024) é projetado em 27,8 milhões de toneladas, queda de 24,4% sobre a temporada passada. Esse cenário dá suporte aos prêmios de exportação no País e limita as baixas no mercado interno. Com base no Porto de Paranaguá (PR) e no embarque em setembro/2024, o prêmio de exportação da soja foi ofertado por compradores em +US$ 1,15 por bushel e por vendedores em +US$ 1,40 por bushel, estável do lado do comprador e acima dos +US$ 1,35 por bushel ofertados na semana anterior.

Ainda assim, a liquidez está enfraquecida no spot, devido à resistência de produtores. Esses agentes mostram preferência por armazenar o remanescente da safra 2023/2024, em detrimento de negociar lotes nos atuais preços. Os produtores nacionais, inclusive, especulam diminuir a área de soja e aumentar a de milho na próxima temporada. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta expressiva queda de 6,4%, cotado a R$ 128,99 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também registra queda de 6,4% nos últimos sete dias, a R$ 124,43 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços da soja registram recuo de 5,5% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 5,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A desvalorização de 1,7% do dólar frente ao Real reforçou as baixas domésticas.

Os preços dos derivados de soja também estão pressionados no mercado nacional. A produção mundial de farelo de soja deve saltar de 258,68 milhões de toneladas na safra 2023/2024 para 271,87 milhões de toneladas na safra 2024/2025, de acordo com o USDA. As transações globais devem somar 74,62 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, superando em 2,6% as 72,68 milhões de toneladas estimadas para 2023/2024. Este aumento se deve às expectativas de crescimento nas importações da União Europeia, da Indonésia e do Vietnã. Com a maior produção na Argentina, os importadores devem se redirecionar ao país vizinho, desafiando as indústrias brasileiras em escoar a produção nacional de farelo. Com isso, nos últimos sete dias, os preços do farelo de soja acumulam baixa de 2,5%. Quanto ao óleo de soja, o USDA estima produção mundial em 65,51 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, acima das 62,3 milhões de toneladas de 2023/2024.

A Índia segue absorvendo a maior parte da oferta global, prevista em 3,5 milhões de toneladas na safra 2024/2025, 18,6% acima das 2,95 milhões de toneladas na temporada anterior. No Brasil, a exportação do óleo de soja deve ser a menor desde 2020/2021, devido à firme demanda interna. Esse cenário limita as baixas no mercado nacional. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra recuo de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 6.341,45 por tonelada. Diante da forte queda no preço da matéria-prima, houve aumento na margem das indústrias brasileiras. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” tem alta expressiva de 16,07% nos últimos sete dias, a R$ 765,44 por tonelada. No dia 13 de agosto, especificamente, a margem foi calculada em R$ 770,89 por tonelada, a maior desde 14 de abril de 2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.