05/Aug/2024
A oferta elevada de soja 2023/2024 na América do Sul e as expectativas de que a safra 2024/2025 seja volumosa no Hemisfério Norte pressionam as cotações da oleaginosa nos mercados doméstico e internacional. Diante das baixas, os produtores brasileiros estão reticentes nas negociações de grandes volumes no spot nacional. Esses agentes também estão atentos à forte volatilidade cambial registrada nos últimos dias, o que, por sua vez, pode favorecer as vendas nos próximos meses. Diante da valorização do dólar e da alta nos prêmios de exportação, os produtores mostram maior interesse em negociar contratos a termo (com entrega nos próximos meses) em detrimento das entregas imediatas. Com base no preço FOB da soja no Porto de Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3, no dia 1º de agosto, a paridade de exportação da oleaginosa é calculada em R$ 146,46 por saca 60 Kg, para embarque em setembro/2024.
Para embarques em 2025, a paridade de exportação de soja é calculada em R$ 139,50 por saca de 60 Kg para embarque em fevereiro/2025; em R$ 137,44 por saca de 60 Kg, para março/2025; em R$ 139,03 por saca de 60 Kg, para abril/2025; e em R$ 142,16 por saca de 60 Kg, para maio/2025. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,6%, cotado a R$ 137,67 por saca de 60 Kg. Em julho, a média foi de R$ 138,09 por saca de 60 Kg, 0,6% inferior à média do mês anterior e 9% abaixo da de julho/2023, em termos reais (IGP-DI de junho/2024). A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 3,1% nos últimos sete dias, a R$ 133,07 por saca de 60 Kg. A média de julho, de R$ 133,07 por saca de 60 Kg, caiu 0,4% frente à média de junho e 5,9% em relação à de julho/2023, em termos reais.
Nos últimos sete dias, os preços da oleaginosa registram baixa de 2,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). De junho para julho, as desvalorizações foram de 0,4% e de 0,3%, respectivamente. Para os derivados, a liquidez é ainda menor. De um lado, as indústrias estão receosas nas vendas e não repassam a queda verificada no preço da matéria-prima. De outro, os consumidores relatam estar abastecidos no médio prazo e mostram baixo interesse em aquisições volumosas. O farelo de soja tem desvalorização de 0,2% nos últimos sete dias. No comparativo mensal, o recuo foi de 4,4% e no anual, de 5,7%, em termos reais (IGP-DI de junho/2024). Quanto ao óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), a baixa é de 0,3% nos últimos sete dias, para R$ 6.260,70 por tonelada. A média de julho, porém, foi a maior, em termos reais, desde fevereiro/2023, de R$ 6.056,37 por tonelada, superando ainda em 9% a de junho/2024 e em expressivos 15,2% a de julho/2023.
Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” subiu 19,3% nos últimos sete dias, a R$ 634,51 por tonelada no dia 1º de agosto. Comparando-se as médias de junho e julho, a alta é de 9,8%. A queda externa está atrelada à baixa demanda pela soja nos Estados Unidos e às condições climáticas satisfatórias, apesar do déficit hídrico em algumas áreas do país, as expectativas de novas chuvas geram otimismo para o setor. Do lado das vendas, de acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 29 de julho, embora os embarques norte-americanos tenham crescido 19,2% entre as duas últimas semanas e 20,6% frente ao período equivalente de 2023, na parcial desta temporada (de setembro/2023 a 25 de julho/2024), as exportações dos Estados Unidos estão 15,35% abaixo das registradas em igual intervalo da safra passada.
No campo, até o dia 29 de julho, as lavouras norte-americanas consideradas boas ou excelentes correspondiam a 67% do total, superior aos 52% no mesmo período de 2023. Em condições médias, estavam 25% das lavouras, inferior aos 33% há um ano. Em condições ruins e muito ruins, estão 8% das lavouras de soja, ante os 15% de 2023. O contrato Agosto/2024 da soja na Bolsa de Chicago registra desvalorização de expressivos 8,4% nos últimos sete dias, a US$ 10,22 por bushel. O preço médio em julho caiu 4,8% frente a junho/2023 e significativos 26% sobre período equivalente de 2023. Quanto ao óleo de soja, o contrato de primeiro vencimento apresenta forte recuo de 6,4% nos últimos sete dias, a US$ 945,11 por tonelada. Em julho, o preço médio superou em 5,9% o do mês anterior, mas ainda ficou 32% abaixo do de julho/2023. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja tem alta de 1% nos últimos sete dias, a US$ 392,31 por tonelada. No comparativo mensal, houve queda de 1,6% e, no anual, de 18,2%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.