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15/Jul/2024

Preços da soja pressionados no mercado doméstico

Os preços da soja registram queda significativa no mercado brasileiro. A queda está atrelada às condições climáticas favoráveis às lavouras no Hemisfério Norte, à safra volumosa na América do Sul e ao enfraquecimento da demanda asiática nos últimos dias, que pressionam os valores domésticos e internacionais da oleaginosa. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 7 de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes nos Estados Unidos correspondiam por 68%, 1% acima da semana passada e superior aos 51% de período equivalente de 2023. Em condições médias, estavam 24% das lavouras, abaixo dos 34% há um ano. Em condições ruins e muito ruins, estão 8% das lavouras de soja, também inferior aos 15% de igual período da temporada passada. Vale ressaltar que, na sexta-feira (12/07), o USDA projetou a safra 2023/2024 da soja em volume recorde, de 395,41 milhões de toneladas, em âmbito global.

Para a temporada 2024/2025, as estimativas apontam novo recorde, de 421,85 milhões de toneladas. Ainda assim, de um modo geral, os vendedores esperam recuperação nos preços, enquanto os compradores aguardam novas quedas. Os compradores estão fundamentados na recente desvalorização dos contratos de médio e longo prazos na Bolsa de Chicago. Neste caso, nos últimos sete dias, o contrato Julho/2024 da soja registra recuo de 2,9%, a US$ 11,42 por bushel. Os vencimentos entre setembro/2024 e março/2025 operam na casa dos US$ 10,00 por bushel, contra US$ 13,00 por bushel em período equivalente dos últimos três anos. Quanto ao preço FOB da soja, no Porto de Paranaguá (PR), há queda de 1,8% nos últimos sete dias para o embarque em julho/2024 e de 3,3% para agosto/2024, a US$ 26,06 por saca de 60 Kg e a US$ 25,71 por saca de 60 Kg, respectivamente.

Considerando-se o dólar futuro negociado na B3 no dia 11 de julho, a paridade de exportação de soja, no Porto de Paranaguá, é de R$ 141,87 por saca de 60 K para escoamento em julho/2024 e em R$ 140,17 por saca de 60 Kg para agosto/2024, acima dos praticados no spot nacional. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 5,4%, cotado a R$ 134,96 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 5,6% nos últimos sete dias, a R$ 129,89 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços da oleaginosa apresentam baixa de 4% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços do farelo de soja também estão em queda no mercado nacional.

Além de acompanhar as baixas da matéria-prima, os valores também são influenciados por estimativas indicando maior processamento da oleaginosa para produzir óleo de soja. Vale lembrar que esse cenário pode gerar excedente de farelo, desafiando indústrias na comercialização do derivado. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o esmagamento da soja está estimado em 52,53 milhões de toneladas, um recorde, e o que geraria produção também recordes de farelo, de 40,19 milhões de toneladas, e de óleo de soja, de 10,6 milhões de toneladas. Representantes de indústrias relatam não ter grandes expectativas para as exportações do farelo, uma vez que a Argentina deve atender boa parte da demanda internacional. A Conab projeta os embarques do derivado no menor volume desde a safra 2020/2021, em 20 milhões de toneladas nesta temporada. Com isso, avicultores, suinocultores e representantes de fábricas de ração estão afastados das negociações envolvendo grandes volumes, em busca apenas de abastecer estoques quando necessário, à espera de preços mais baixos nos próximos meses.

O farelo de soja registra desvalorização de significativos 3,2% nos últimos sete dias. O preço do óleo de soja está em alta, sustentado pela maior demanda de compradores locais, sobretudo para a produção de biodiesel. A Conab projeta crescimento de 10,3% no consumo nacional de óleo de soja frente à safra passada, para 9,26 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, o que seria o maior das últimas quatro safras. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta valorização de 0,3% nos últimos sete dias, para R$ 5.933,11 por tonelada. Mesmo assim, a margem das indústrias está menor. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” tem queda significativa de 7,8% nos últimos sete dias, a R$ 519,00 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.