24/Jun/2024
A oferta de soja no mercado spot nacional está maior, resultado do encerramento das atividades de campo da safra 2023/2024 no Brasil e na Argentina. Diante disso, parte dos produtores mostra interesse em negociar maiores lotes da temporada atual, até mesmo para liberar espaço nos armazéns para a entrada da 2ª safra de milho de 2024. Além disso, a demanda externa pela soja brasileira está menor, influenciando nas quedas dos prêmios de exportação e dos preços domésticos. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,1%, cotado a R$ 138,93 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 133,91 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as baixas são de 0,9% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 0,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas).
No entanto, a valorização do dólar frente ao Real limita as quedas no Brasil. Diante do menor custo com a matéria-prima, a margem de lucro das indústrias cresceu nos últimos dias, mesmo com o recuo nos preços dos derivados. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” tem alta de 4,6% nos últimos sete dias, a R$ 535,46 por tonelada. Vale ressaltar que, no dia 17 de junho, a “crush margin” alcançou o patamar mais alto desde 22 de fevereiro deste ano, quando estava acima de R$ 600,00 por tonelada. Os preços do farelo de soja estão oscilando dentre as regiões do País nos últimos dias. Parte dos consumidores já havia abastecido seus estoques para o médio prazo nas semanas anteriores, se ausentando das aquisições nos últimos dias. Uma outra parcela de compradores, entretanto, segue adquirindo volumes pequenos “da mão para a boca”. Com isso, a baixa na cotação do farelo é de 0,2% nos últimos sete dias.
O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra recuo de 1,2% nos últimos sete dias, a R$ 5.575,55 por tonelada. Nos Estados Unidos, as condições climáticas estão favoráveis à semeadura da temporada 2024/2025. Isso reforça as expectativas de safra volumosa no país e, consequentemente, pressiona os futuros, transferindo as baixas para o mercado doméstico. De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 93% dos 34,6 milhões de hectares haviam sido semeados até 16 de junho, apenas 4% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado. Da soja implantada, 70% apresentam condições entre boas e excelentes, acima dos 54% há um ano. Em condições médias, estão 25% das lavouras, ante os 34% registrados em período equivalente de 2023. Em condições entre ruins e muito ruins, estão 5% das lavouras, também abaixo dos 12% na safra passada.
Com base no contrato Julho/2024, na Bolsa de Chicago, os preços futuros da soja e do farelo de soja apresentam queda de 2,9% nos últimos sete dias, com respectivos fechamentos de US$ 11,55 por bushel e US$ 394,18 por tonelada. O contrato Julho/2024 do óleo de soja apresenta avanço de 0,3% em igual comparativo, a US$ 969,36 por tonelada. Ressalta-se que os contratos com vencimento no segundo semestre de 2024 da soja em grão estão sendo negociados na casa de US$ 11,00 por bushel, o menor patamar desde 2020, considerando-se o mesmo período dos anos anteriores (os contratos no segundo semestre daquele ano foram negociados abaixo de US$ 9,00 por bushel). Além da oferta volumosa na América do Sul, espera-se que algumas regiões do Brasil iniciem a semeadura da safra 2024/2025 mais cedo nesta temporada. Isso porque, de acordo com a Embrapa, o vazio sanitário no País (período contínuo de no mínimo 90 dias em que não se pode plantar nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento) foi reajustado, permitindo o cultivo antecipado em várias regiões brasileiras.
A medida fitossanitária foi iniciada em 8 de junho em Mato Grosso e deve ser concluída em 6 de setembro. Em Mato Grosso do Sul, o período ocorre de 15 de junho a 15 de setembro, e, em Goiás, de 27 de junho a 24 de setembro. Em Minas Gerais e no Distrito Federal, o vazio sanitário deve ocorrer entre 1º de julho e 30 de setembro. Em São Paulo, a medida fitossanitária foi dividida por municípios, em três partes: a primeira ocorre de 1º de junho a 31 de agosto; a segunda, de 12 de junho até 12 de setembro, e a terceira parte, entre 15 de junho e 15 de setembro. No Paraná, uma parte dos municípios iniciou o vazio sanitário em 2 de junho e pode encerrar em 31 de agosto; em outras duas partes do Estado, o período se inicia de 21 a 22 de junho, com finalização entre 19 e 20 de setembro. Na Bahia, a medida foi agendada para o período de 26 de junho a 24 de setembro. As cidades do Maranhão foram divididas em três períodos diferentes, uma parte da região vai de 3 de julho a 30 de setembro; outra, de 3 de agosto a 31 de outubro, e a terceira parte, de 2 de setembro a 30 de novembro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.