17/Jun/2024
As negociações do complexo soja estão mais aquecidas no mercado brasileiro, resultado das firmes demandas doméstica e externa e da valorização do dólar frente ao Real. Com isso, os preços estão em alta no spot nacional, com destaque para o óleo de soja. Observa-se acirramento da disputa entre os consumidores de indústrias alimentícias e de biocombustíveis, além da maior demanda internacional. Esse cenário tem elevado os prêmios de exportação de óleo de soja no Brasil, os quais voltaram aos patamares de junho/2022. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra forte elevação de 5,8% nos últimos sete dias, a R$ 5.644,04 por tonelada, este é o maior valor diário desde 11 de abril de 2023, em termos nominais. Em termos reais (IGP-DI, maio/2024), o preço médio desta parcial de junho é o maior deste ano.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do óleo de soja é projetada em volume recorde de 10,6 milhões de toneladas, 0,9% superior ao da safra passada. No entanto, o consumo doméstico pode crescer 10,3%, passando para 9,26 milhões de toneladas. Esse cenário pode limitar as exportações, que são previstas em 1,4 milhão de toneladas, 40% inferiores às da temporada anterior. Com isso, o desafio das indústrias será escoar o farelo de soja. Para agravar, a Argentina deve voltar a liderar as exportações deste coproduto nesta safra. Nesta linha, a Conab indica queda de 11% nas exportações brasileiras de farelo de soja, o que enfraqueceu os prêmios de exportação nos últimos dias. No entanto, o consumo doméstico do farelo de soja é previsto em 18 milhões de toneladas, 1,1% acima da safra passada, o que, por sua vez, deu sustentação aos preços no mercado brasileiro.
Nos últimos sete dias, a alta na cotação do farelo de soja é de 1%. Esse cenário eleva a margem de lucro das indústrias nacionais. Tendo-se como base os valores da soja, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” registra alta de 10,78% nos últimos sete dias, a R$ 511,93 por tonelada. Diante da firme demanda pelos derivados e da margem atrativa às indústrias, fábricas locais estão ativas nas aquisições da matéria-prima, elevando a disputa com os importadores. Do lado da oferta, a Conab estima produção nacional de soja em 147,35 milhões de toneladas, 4,7% inferior à da temporada passada. As exportações também devem ser menores, estimadas em 92,43 milhões de toneladas, 9,3% abaixo da temporada anterior. O processamento, por sua vez, é estimado em 52,53 milhões de toneladas, 0,5% acima da safra anterior. Os estoques finais são calculados em 3,05 milhões de toneladas, volume 7,3% inferior ao do ano passado e o menor das últimas quatro temporadas.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,5%, cotado a R$ 140,53 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2% nos últimos sete dias, a R$ 136,06 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 2,2% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços futuros da soja estão enfraquecidos. Além das estimativas de oferta volumosa nos Estados Unidos, prevista em 121,11 milhões de toneladas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os estoques de passagem foram revisados para cima, para 9,53 milhões de toneladas em agosto/2024, quantidade 2,9% superior à estimada em maio e 32,5% maior que a da temporada anterior.
Além disso, os estoques de passagem da safra 2024/2-25 foram estimados em 12,38 milhões de toneladas, o mais alto desde 2019/2020. Assim, na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2024 da soja registra recuo de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 11,89 por bushel. O contrato Julho/2024 do óleo de soja tem baixa de 1,1% no mesmo comparativo, a US$ 966,94 por tonelada. O contrato Julho/2024 do farelo de soja apresenta valorização de 1,5% nos últimos sete dias, a US$ 405,95 por tonelada. A valorização do farelo de soja está atrelada às estimativas de maior demanda estrangeira pelo derivado norte-americano. Segundo o USDA, as vendas externas devem somar 14,51 milhões de toneladas na safra 2023/2024, volume 1,26% acima do projetado em maio e 9,1% superior ao da safra passada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.