06/Jun/2024
Segundo o Itaú BBA, no relatório "Comparação dos custos de produção de soja no Brasil, EUA e Argentina", os produtores brasileiros devem ter o maior custo de produção na safra 2024/2025 em relação aos principais países concorrentes na oleaginosa: Estados Unidos e Argentina. Em valores convertidos em dólares, a soja no Brasil deve custar, para ser semeada na próxima safra, US$ 782,00 por hectare, ao passo que nos Estados Unidos o valor cai para US$ 665,00 por hectare e, na Argentina, para US$ 351,00 por hectare. A taxa de conversão do dólar é de R$ 5,15.
A grande vantagem competitiva da Argentina em relação aos concorrentes e sobretudo ao Brasil é justificada pela maior fertilidade do solo e pela menor incidência de pragas e doenças. Desta forma, a soma dos valores dos insumos (fertilizantes, sementes e defensivos) para produzir soja na Argentina é mais de quatro vezes menor do que a do Brasil. O maior gasto para o produtor brasileiro trabalhar com a soja está nos fertilizantes, que representam, naquele valor, US$ 335,00 por hectare, ao passo que, nos Estados Unidos, perfazem US$ 173,00 por hectare e, na Argentina, apenas US$ 31,00 por hectare.
Em seguida, vêm os defensivos, que representam, no caso do Brasil, US$ 239,00 por hectare. Para os Estados Unidos, o maior peso está nas sementes, com US$ 195,00 por hectare (ante US$ 239,00 no Brasil), com os defensivos somando US$ 168,00 por hectare. Na Argentina, os defensivos representam US$ 78,00 por hectare e as sementes, US$ 55,00 por hectare. Apesar do maior custo de produção no Brasil, a vantagem competitiva do País se mostra na produtividade. O Brasil produz, em média, 60 sacas de 60 Kg por hectare (conforme dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária - Imea); os Estados Unidos, 58 sacas de 60 Kg por hectare e a Argentina, 50 sacas de 60 Kg por hectare.
A volatilidade e os altos preços dos fertilizantes têm trazido um impacto maior para o Brasil, levando-se em conta as flutuações cambiais nos últimos anos e a forte dependência de importações. O Brasil importa 94% do potássio, 76% dos nitrogenados e 55% do fósforo utilizado nas lavouras de soja. Fica nítido que, pela necessidade substancialmente maior de correção de solo e manejo de pragas devido ao clima tropical no Brasil, gasta-se mais por hectare para produzir soja no Brasil. Todavia, Estados Unidos e Argentina não dispõem da possibilidade de mais de uma safra por ano, o que faz diferença no ciclo de um ano de receitas da propriedade rural.
Ressalta-se também que a infraestrutura e logística ruins do escoamento das safras brasileiras encarecem o produto posto nos portos, em que pese a possibilidade de ganhos futuros na medida em que novos investimentos forem acontecendo. Em relação à Argentina, embora a logística seja mais eficiente, políticas econômicas e governamentais, como as retenciones (imposto sobre as exportações de soja), prejudicam, de outro lado, a competitividade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.