03/May/2024
A produção de biodiesel no Brasil aumentou 35% em março na comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o incremento se deve ao aumento da mistura do biocombustível ao diesel comum, que naquele mês foi de 12% (B12) para 14% (B14), conforme deliberação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). No terceiro mês de 2024, o País produziu 7,4 milhões de metros cúbicos contra 5,52 milhões de metros cúbicos em igual período do ano passado. Em março do ano que vem, a mistura vai para 15%, ou B15. A indústria não teve problemas para atender ao aumento da demanda e o setor trabalha com uma previsão de produção escalonada. O importante é que o B14 estimula toda a cadeia produtiva de óleos e gorduras. Os números mostram uma alta no esmagamento. Quando acontece um aumento da demanda por biodiesel, há aumento do esmagamento e da demanda por óleo e farelo de soja.
O setor não terá problemas para atender ao mercado adicional do biocombustível. Apesar dos problemas climáticos, a safra de soja 2023/2024 deve ser a segunda maior da história e o País terá uma produção abundante para exportar e esmagar. O óleo de soja tem sido um fator de estabilidade do planejamento das usinas de esmagamento porque há uma demanda por óleo vegetal mais firme e as empresas podem aumentar a oferta de farelo. O mercado avalia que o Brasil já tem capacidade para atender o B20. Dados coletados pela Abiove e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam para uma demanda anual de 9 milhões de metros cúbicos por ano no País e uma capacidade instalada de 14,9 milhões de metros cúbicos/ano. O parque industrial brasileiro conta com 60 usinas, sendo que 10 delas estão em processo de expansão e 8 em construção. A capacidade instalada atual já permitiria produzir o B20.
Com a expansão, o País chegará a uma capacidade de produção de 16,5 milhões de metros cúbicos, suficiente para atender às necessidades do B25 ainda em 2024. Apesar da capacidade atual ociosa, a Abiove considera adequado o escalonamento do aumento da mistura. A ampliação do consumo precisa ser feita de forma gradual. O aumento gradual é o melhor para o País porque toda a cadeia produtiva se ajusta sem desconforto para nenhum agente consumidor. Com a política de aumento da mistura, a tendência é de que a produção de soja, de gordura e outros óleos aumente, além do esmagamento do grão, com estímulo ao surgimento de novas usinas. O essencial, e que não está plenamente abordado nas avaliações de segmentos do governo, é a segurança energética gerada pelo biocombustível. O Brasil tem o privilégio de poder substituir o óleo diesel importado por um produto nacional, que gera emprego e renda, com efeitos socioambientais. Isso é raro. Não é comum um produto importantíssimo no mundo ser substituído por outro disponível, mais barato e viável ecologicamente.
Do lado das empresas, além de comemorar a chegada do B14, já há movimentação em relação ao projeto Combustível do Futuro. A Binatural, produtora de biodiesel com unidades processadoras em Goiás e na Bahia, prepara para este ano um plano estratégico de investimentos e expansão até 2030 com estratégia delineada diante da perspectiva de aprovação do projeto. A empresa tem capacidade para produzir 600 mil metros cúbicos por ano e, a exemplo da cadeia no Brasil, trabalha com uma capacidade ociosa em torno de 40% (contra 50% da média nacional). Pelo marco regulatório original, a mistura deveria ter 15% ainda em 2023. Por isso, o Brasil tem parque fabril para atender a demanda há algum tempo. A chegada do B14 era bastante esperada. É um aumento significativo. Agora, com a possível aprovação do "Combustível do Futuro" e as perspectivas de chegar aos 20%, a Binatural está mais entusiasmada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.