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08/Apr/2024

Tendência de preços da soja sustentados no Brasil

As exportações brasileiras de soja em grão estiveram em ritmo acelerado no primeiro trimestre deste ano, refletindo as negociações de contratos a termo, realizados ainda em 2023. Agentes do setor acreditam que os embarques da oleaginosa devem seguir intensos nas próximas semanas, fundamentados na valorização do dólar frente ao Real, que tende a estimular as negociações brasileiras. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações da soja somaram 22,09 milhões de toneladas no primeiro trimestre, um recorde para o período e 15,7% acima do escoado no mesmo período de 2023. Em março deste ano, especificamente, foram embarcadas 12,6 milhões de toneladas, quase o dobro (+91%) do volume exportado em fevereiro/2024, mas 4,6% abaixo do de março/2023. Embora a quantidade escoada tenha crescido, o valor médio recebido pelas vendas externas de soja no primeiro trimestre de 2024 foi de R$ 136,30 por saca de 60 Kg, o menor para o período desde 2019, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de março/2024).

No spot nacional, por sua vez, os consumidores estão limitando as aquisições, atentos à maior oferta na Argentina e à possível necessidade de produtores brasileiros de liberar espaço nos armazéns. Apesar disso, os vendedores estão cautelosos nas negociações envolvendo grandes volumes, devido à menor produtividade nacional e aos altos custos com a atual safra; muitos têm compromissos financeiros da temporada anterior. Diante disso, os valores se mantêm praticamente estáveis. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta leve alta de 0,4%, cotado a R$ 124,28 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra pequeno avanço de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 120,54 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, os valores apresentam alta de 0,9% no mercado de balcão (preços pago ao produtor) e de 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A sustentação dos valores domésticos está atrelada também à alta dos prêmios de exportação de soja no Brasil. As negociações para entregas de soja a partir de maio estão mais atrativas aos produtores brasileiros, em decorrência da maior paridade de exportação. No entanto, a liquidez é limitada pela disparidade entre os valores ofertados pelos consumidores, que tentam forçar a baixa, indicando cotações próximas às praticadas no mercado spot. Com base no preço FOB da soja no Porto de Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3 no dia 4 de abril, a paridade de exportação de soja foi calculada em R$ 131,44 por saca de 60 Kg, para embarque em maio/2024; em R$ 133,55 por saca de 60 Kg para junho/2024; em R$ 136,35 por saca de 60 Kg para julho/2024; e em R$ 137,74 por saca de 60 Kg para agosto/2024.

Os contratos envolvendo entregas em 2025 foram calculados em R$ 134,28 por saca de 60 Kg para fevereiro/2025 e em R$ 132,58 por saca de 60 Kg para abril/2025. Os valores do farelo e do óleo de soja apresentam pequenos avanços, mas o “crush margin” segue em queda. Nos últimos sete dias, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem valorização de 0,8%, a R$ 5.233,08 por tonelada. As cotações do farelo registram leve aumento de 0,2% no mesmo comparativo. Com base nos preços da soja, do óleo e do farelo negociados no estado de São Paulo, o “crush margin” das indústrias brasileiras apresenta baixa de 3,87% nos últimos sete dias, calculado em R$ 418,39 por tonelada. Vale ressaltar que a participação do óleo de soja na margem da indústria foi de 37,8% no dia 4 de abril, a maior desde 30 de novembro de 2022. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 71% da área nacional havia sido colhida até 31 de março, contra 74,5% há um ano.

Dentre as regiões, a colheita soma 96,2% em Mato Grosso, abaixo dos 99,7% no mesmo período de 2023. Em Mato Grosso do Sul, as atividades alcançam 94% da área cultivada, 1% abaixo do de um ano atrás. Em Goiás, a colheita soma 79% da área, ante os 91% de igual intervalo de 2023. Na Região Sudeste, a colheita em São Paulo alcançou 95% na semana passada, acima dos 90% colhidos há um ano. Em Minas Gerais, 71% da área havia sido colhida até o dia 31 de março, inferior aos 79,8% no mesmo período de 2023. Os produtores do Paraná já colheram 87% da área cultivada com soja, acima dos 79% há um ano. Em Santa Catarina, 36% da área foi colhida, também acima dos 20% em igual intervalo de 2023. No Rio Grande do Sul, a colheita alcançou 6% até o dia 31 de março, abaixo dos 8% de um ano atrás. Na Bahia, 50% da área foi colhida, ainda abaixo dos 60% de período equivalente de 2023. No Piauí, a colheita alcançou 44% da área, contra 70% há um ano. No Maranhão, 40% da área de soja foi colhida até 31 de março, ante os 57% do mesmo período de 2023.

Em Tocantins, 76% da área foi colhida, inferior aos 90% de um ano atrás. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os produtores iniciaram a colheita da safra 2023/2024 na Argentina, alcançando 4,4% da área. Nos Estados Unidos, os contratos futuros da soja estão pressionados pela expectativa de aumento na área de cultivo da oleaginosa e pela baixa demanda pelo produto norte-americano. De acordo com o relatório trimestral do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país deve cultivar 35,01 milhões de hectares de soja, o que seria a maior área desde 2018/2019. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2024 da soja registra desvalorização de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 11,80 por bushel. O contrato Maio/2024 do farelo de soja acumula baixa de 1,6% no mesmo comparativo, a US$ 367,62 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja tem avanço 1% no período, a US$ 1.061,51 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.