02/Apr/2024
O atraso nas negociações com a soja disponível da safra 2023/2024 atualmente verificado nas regiões produtoras do Brasil pode manter a pressão sobre os preços da oleaginosa. Segundo a consultoria Céleres, até a terceira semana de março, 41% da safra atual tenha sido comercializada, contra 56% da média histórica para igual período em outras safras. No início de março, a Céleres recomendou a venda da soja "no curtíssimo prazo", apesar da margem baixa, principal causa do atraso. Parte disso está relacionada à frustração dos produtores com a queda de preço da saca de 60 Kg. Há dois anos eles estavam negociando a soja a R$ 200,00 por saca de 60 Kg, mas agora os preços estão próximos dos R$ 100,00 por saca de 60 Kg.
O produtor está segurando para pagar para ver, na expectativa de uma reversão de tendência baixista. O problema é que "reter a soja é sinônimo de ter". O comprador sabe que o produtor está pouco vendido. Com isso, em algum momento a soja será escoada e os preços podem cair mais. Ou seja, os preços podem entrar em uma espécie de círculo vicioso, em que novas rodadas de negócios são caracterizadas pela alta disponibilidade do grão que, por sua vez, pressiona as cotações. Mas, se não houver um elemento novo o preço não vai subir. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a preocupação com os preços tem determinado o comportamento dos produtores desde o plantio da safra.
Quem tem condições de segurar a soja está um pouco mais cauteloso na hora de negociar. A prioridade no momento é o cumprimento de contratos já firmados. As vendas também são puxadas pela necessidade de espaço de armazenamento. Dados do Imea mostram que, até o início de março, 46% da safra de soja 2023/2024 tinha sido vendida em Mato Grosso, um atraso de 5,93% em relação ao ciclo anterior e muito abaixo da média dos últimos cinco anos, de 65,34% de comercialização. Com a proximidade do fim da colheita em Mato Grosso, estimada em 98,57% pelo levantamento mais recente do Imea, a comercialização tem avançado, mas ainda está aquém do ritmo ideal. Vai ser assim até meados de maio.
De modo geral, está acompanhando de perto as mínimas históricas. Em um cenário de pouca probabilidade para a subida dos preços, os analistas consideram que o produtor deve observar o custo de carregamento da soja neste momento. A análise deve levar em consideração não apenas os preços de venda, mas o quanto vai custar segurar esse produto e o quanto o produtor deseja receber lá na frente. Segurar a soja pode ser sinônimo de pegar um crédito bancário, com pagamento de juros e safra estocada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.