18/Mar/2024
Os preços da soja estão em alta nos mercados doméstico e internacional, impulsionados pelas valorizações externa e cambial (R$/US$) e pela maior disputa entre compradores nacionais e estrangeiros pela oleaginosa brasileira. Preocupados com a possível menor produtividade, os produtores evitam realizar negócios envolvendo grandes volumes para entrega imediata. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta 2,6%, cotado a R$ 122,50 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 3,4% nos últimos sete dias, a R$ 117,98 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a alta é de 4% tanto no mercado de balcão (valor pago ao produtor) como no mercado de lotes (negociações entre empresas).
Além da retração vendedora, a liquidez é limitada pela baixa disponibilidade de espaço nos portos e pelas cotações mais atrativas ao produtor para os próximos meses. Com base no preço FOB da soja no Porto de Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3 na quinta-feira (14/03), a paridade de exportação é de R$ 125,66 por saca de 60 Kg para embarque em abril/2024 e de R$ 128,26 por saca de 60 Kg para maio/2024. Para embarque em 2025, os valores estão ainda maiores, calculados em R$ 132,07 por saca de 60 Kg para embarque em fevereiro/2025 e em R$ 129,58 por saca de 60 Kg para março/2025. Influenciado pela valorização da matéria-prima e pela firme demanda doméstica, sobretudo por parte do setor industrial, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 2,8% nos últimos sete dias, a R$ 5.167,98 por tonelada. Para o farelo de soja, parte dos consumidores segue ausente nas aquisições no spot nacional. Com isso, os valores do derivado têm baixa de 0,6% nos últimos sete dias.
Diante da valorização da matéria-prima e da queda nos preços do farelo, o “crush margin” das indústrias brasileiras recuou. A baixa, por outro lado, é limitada pela maior participação do óleo de soja na margem de lucro da indústria, que está em 37%, a mais alta desde 1º de dezembro de 2022. Com base nos preços da soja, do óleo e do farelo negociados no estado de São Paulo, o “crush margin” das indústrias brasileiras apresenta recuo de 13,12% nos últimos sete dias, calculado em R$ 450,58 por tonelada, o menor patamar desde setembro/2023. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste mês indicam que o Brasil pode colher 146,85 milhões de toneladas de soja na safra 2023/2024, sendo 5% menos que na temporada passada. A produtividade deve cair em média de 7,3% no País, com ênfase para o estado de São Paulo, que pode registrar queda de 19,5% frente à safra anterior.
Por outro lado, a maior produtividade no Rio Grande do Sul, de expressivos 65,2% frente à safra passada, pode compensar em partes as perdas nas demais regiões brasileiras. A colheita da oleaginosa alcançou 55,8% da área nacional, até 10 de março, O processamento de soja no Brasil deve crescer 0,53% frente à safra passada, sendo estimado em 52,53 milhões de toneladas nesta. As exportações são projetadas em 92,33 milhões de toneladas (de janeiro a dezembro/2024), 9,36% abaixo das da temporada anterior. Como resultado, o estoque de passagem, em dezembro/2024, é estimado em 2,75 milhões de toneladas de soja, 16,5% abaixo da safra passada e o menor das últimas quatro temporadas. Vale observar que os estoques iniciais no Brasil já foram 44,6% inferiores aos da temporada anterior. Quanto aos derivados, as projeções são de aumento no consumo doméstico, de 10,3% de óleo de soja e de 1,12% de farelo de soja. Os embarques desses coprodutos devem cair 40% no caso do óleo e de 11% para o farelo. A menor exportação do Brasil está atrelada à maior oferta na Argentina, principal fornecedor global desses derivados.
As recentes chuvas nas principais áreas produtoras de soja na Argentina beneficiaram as lavouras em desenvolvimento. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta produção de 52,5 milhões de toneladas da oleaginosa, mais que o dobro do volume colhido na safra passada. Os produtores da Argentina já se preparam para iniciar a colheita da safra 2023/2024. Diante disso, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou a produção mundial para 396,85 milhões de toneladas, embora este volume represente queda de 0,34% sobre o relatório passado, ainda é recorde quando comparada às safras anteriores. Do lado da demanda, o USDA revisou as importações da China para 105 milhões de toneladas de soja, 0,48% a mais que o volume projetado no relatório passado e um recorde frente às temporadas anteriores. A União Europeia deve importar 13,8 milhões de tonelada, 5% a mais que a quantidade adquirida na safra passada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.