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11/Mar/2024

Preços da soja interrompem a trajetória de queda

A maior demanda, sobretudo externa, neste começo de março tem intensificado as negociações envolvendo a soja, tanto no spot quanto para entregas nos próximos meses. Representantes de indústrias nacionais também buscaram aumentar as aquisições do grão com recebimento imediato, no intuito de garantir parte do estoque. Além disso, esses demandantes estão atentos às incertezas sobre a produção nacional de soja, tendo em vista a produtividade irregular em grande parte dos estados brasileiros. Inclusive, a disputa entre os consumidores domésticos e externos foi acirrada, indicando baixa disponibilidade de agendamento para embarques entre março e abril. Vale ressaltar que as exportações de soja no Brasil já apresentavam ritmo acelerado em fevereiro, porém, envolviam o grão de contratos a termo. De acordo com a Secex, saíram dos portos brasileiros 6,6 milhões de toneladas de soja em fevereiro/24, sendo o maior volume em seis meses e um recorde para o mês. O crescimento sobre a quantidade de janeiro é de expressivos 131,5%; e, em relação a fevereiro/2023, de 31,7%.

Nesse cenário, o movimento de queda nos preços internos, que vinha sendo observado desde o começo deste ano, foi interrompido. Nos últimos sete dias, os Indicadores ESALQ/BM&F Bovespa – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná (PR) da soja subiram 3,5% e 3,1%, respectivamente, passando para R$ 119,50 por saca de 60 Kg e R$ 114,11 por saca de 60 Kg. Na média entre as regiões acompanhadas, as altas foram de 2% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 2,1% no de lotes (negociações entre empresas). A demanda das indústrias locais por soja em grão está atrelada à maior necessidade de óleo de por parte do setor de biodiesel. Além disso, também há expectativas de aumento no consumo industrial no mercado global, cenário que segue impulsionando os prêmios de exportação de óleo de soja do Brasil. Com base no porto de Paranaguá (PR), o embarque em março/24 do óleo de soja teve prêmio de venda a -370 centavos de centavos de dólar/libra-peso – o maior valor para este embarque.

Na semana passada, as ofertas estavam em -500 centavos de centavos de dólar/libra-peso e, no mesmo período do ano passado, em -800 centavos de centavos de dólar/libra-peso. Diante disso, o preço FOB do óleo de soja, para o embarque em março/2024, subiu 6,3% nos últimos sete dias, a US$ 931,45/tonelada. No físico brasileiro, o preço do óleo de soja bruto e degomado negociado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) subiu 3,7% neste período, para R$ 5.027,35 a tonelada. Ressalta-se que os preços do óleo de soja não alcançavam os patamares de R$ 5.000,00 a tonelada desde a última dezena de janeiro deste ano. Os valores do farelo de soja oscilaram dentre as regiões brasileiras; entretanto, as baixas prevaleceram. Consumidores vêm se abastecendo aos poucos, não mostrando interesse em fazer estoques longos. Esses agentes estão fundamentados na possível maior oferta do derivado, devido ao aumento na demanda do óleo de soja.

Para cada tonelada de soja processada, 78% produzem farelo de soja e aproximadamente 19%, óleo. Com isso, considerando-se a média das regiões acompanhadas, as cotações do farelo de soja caíram 0,8% nos últimos sete dias. Diante da valorização da matéria-prima e da queda nos preços do farelo de soja, o “crush margin” das indústrias brasileiras recuou nesta semana. A queda, por outro lado, foi limitada pela maior participação do óleo de soja na margem de lucro da indústria, que está em 36,1%, a mais alta desde a primeira dezena de dezembro/2022. Com base nos preços da soja, do óleo e do farelo de soja negociados no estado de São Paulo, o “crush margin” das indústrias brasileiras diminuiu 3,2% nos últimos sete dias, calculado a R$ 518,64/tonelada. Como resultado da maior liquidez global, os preços externos subiram na primeira semana de março. Além disso, notícias de que a Índia possa aumentar o consumo por óleo de soja também deu suporte às cotações internacionais. O contrato Março/2024 da soja na CME Group (Bolsa de Chicago) se valorizou 2,5% nos últimos sete dias, a US$ 11,57/bushel.

Os contratos com vencimento em março/2024 do farelo de soja e do óleo avançaram 2,0% e 2,6%, com respectivos fechamentos de US$ 374,67 a tonelada e de US$ 1.010,37 a tonelada. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a colheita de soja alcançou 47,3% da área nacional até 3 de março, acima dos 43,9% colhidos há um ano. Dentre as regiões, a Companhia aponta colheita de 66,5% no Centro-Oeste do País, avanço de 13,5 pontos percentuais em uma semana e acima dos 60,8% colhidos há um ano. No Sudeste, a colheita alcançou 42%, progresso de 12,5 p.p na última semana e acima dos 34,9% do mesmo período do ano passado. No Sul do País, as recentes chuvas interromperam as atividades de campo, mas favoreceram as lavouras em desenvolvimento. O avanço foi de 3,3 pontos percentuais em uma semana, alcançando 19,7% da área colhida até o dia 3 e acima dos 7,3% colhidos há um ano. Já na região do Matopiba, o progresso semanal foi de 6,2 pontos percentuais, totalizando 15,7% da área colhida; abaixo dos 27,5% colhidos em igual período da safra passada. Fonte: Cepea.