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04/Mar/2024

Tendência de pressão baixista sobre preços da soja

No mercado interno, persiste a pressão baixista sobre os preços, com o avanço da colheita, forte queda dos futuros, prêmios negativos nos portos, boa safra na Argentina, safra recorde na América do Sul e baixas vendas antecipadas em 2024. As cotações futuras na Bolsa de Chicago com vencimentos em 2024 recuaram para US$ 11,30 a US$ 11,50 por bushel. Nos EUA, área de soja deverá crescer 4,8% na safra 2024/2025, com potencial de produção recorde. No mercado interno, o preço ao produtor acumula uma queda de 19% desde o dia 01/01/2024. As quebras na safra brasileira ainda seguem indefinidas e poderão exercer influência sobre os preços. Os preços interno e externo da soja seguem em queda e já operam em patamares 30% abaixo dos registrados no mesmo período de 2023. Os prêmios de exportação apresentam recuperação, em um ambiente de maior demanda internacional. Diante disso, a liquidez doméstica está mais aquecida, com negócios sendo realizados envolvendo tanto a soja da safra atual (2023/2024) quanto a que será colhida em 2025 (temporada 2024/2025).

Ressalta-se que estes fechamentos de contratos a termo para a próxima safra 2024/2025 foram realizados a valores acima dos atuais praticados no spot nacional. Os prêmios de exportação da soja com base no contrato Abril/2024 no Porto de Paranaguá (PR) têm indicações de compradores a -US$ 0,40 por bushel e vendedores a -US$ 0,37 por bushel. Na semana anterior, os compradores ofertavam -US$ 0,75 por bushel e vendedores, -US$ 0,55 por bushel. A reação nos prêmios eleva o preço FOB da oleaginosa em 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 24,31 por saca de 60 Kg (R$ 121,08 por saca de 60 Kg). Para 2025, a paridade de exportação de soja é de R$ 128,66 por saca de 60 Kg, para embarque em fevereiro/2025 e a R$ 125,05 por saca de 60 Kg, para embarque em março/2025. No entanto, a valorização é limitada pela queda no preço futuro da soja negociado na Bolsa de Chicago, de 1,7% nos últimos sete dias.

Considerando-se média do mês passado, as baixas foram de 4,9% em relação a janeiro/2024 e 23,4% frente à média de fevereiro/2023. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2%, cotado a R$ 115,45 por saca de 60 Kg. Entre as médias de janeiro e de fevereiro, a queda foi de expressivos 7,3% e, no comparativo anual, de 17,3%, passando para R$ 117,64 por saca de 60 Kg no último mês, sendo também a menor desde abril/2019, em termos reais (calculado por meio do IGP-DI de janeiro/2024). A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,7% nos últimos sete dias, a R$ 110,70 por saca de 60 Kg. A média de fevereiro foi de R$ 111,93 por saca de 60 Kg, sendo 7,6% inferior à de janeiro/2024, expressivos 29,8% abaixo da de fevereiro/2023 e a menor desde julho/2019, em termos reais.

Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 1,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 0,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). No comparativo mensal, as quedas foram de 7,4% no mercado balcão e de 8,3% no mercado de lotes. No comparativo anual, os preços caíram 34,8% e 33,6%, nos respectivos mercados. As negociações envolvendo o óleo de soja estão mais intensas, contexto que interrompeu o movimento de baixa nos preços. Além disso, as valorizações externas e do prêmio de exportação também dão suporte às cotações domésticas. Ressalta-se que os atuais prêmios estão acima dos observados há um ano. Diante disso, o preço FOB do óleo de soja, para os embarques de março/2024 a maio/2024, apresenta valorização de 4% nos últimos sete dias. As expectativas são de aumento no consumo doméstico de óleo de soja nesta temporada, sobretudo pelo setor de biodiesel.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 4.847,69 por tonelada. A média de fevereiro caiu 5,2% frente à de janeiro/2024 e 23,9% em relação à de fevereiro/2023. Com a expectativa de firme demanda por óleo de soja, as indústrias têm o desafio de comercializar o farelo de soja, sobretudo com o retorno da Argentina na liderança do abastecimento global deste subproduto. Diante disso, os consumidores domésticos têm adquirido lotes de farelo de soja da “mão para a boca”, na expectativa em adquirir volumes a preços menores nas próximas semanas. As cotações do farelo de soja acumulam queda de 2,7% nos últimos sete dias. A média de fevereiro ficou 8,7% abaixo da de janeiro e 28,2% inferior à de fevereiro/2023. A queda doméstica, no entanto, foi limitada pela valorização no prêmio de exportação de farelo de soja. Com base nos preços FOB da soja, do óleo e do farelo de soja, o “crush margin” das indústrias brasileiras aponta crescimento de 8% para abril/2024 e de 2,7% para maio/2024.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita de soja alcançou 38% da área nacional até o dia 24 de fevereiro, acima dos 34% colhidos há um ano. Dentre as regiões, a colheita alcançou 53% na Região Centro-Oeste do País, avanço de 15% em uma semana e acima dos 47% colhidos há um ano. Na Região Sudeste, a colheita alcançou 29,5%, avanço de 6,5% na última semana e acima dos 23% do mesmo período do ano passado. Na Região Sul do País, houve avanço de 4,7% em uma semana, alcançando 16,3% da área colhida até o dia 24 de fevereiro, também acima dos 4% colhidos há um ano. Na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), o elevado índice pluviométrico segue impedindo o avanço nas atividades de campo, que continuam lentas. O avanço semanal foi de apenas 1,8%, totalizando 9,5% da área colhida; abaixo dos 21,3% colhidos em igual período da safra passada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.