16/Feb/2024
A Coamo Agroindustrial Cooperativa, maior cooperativa agrícola da América Latina com sede em Campo Mourão (PR), alcançou faturamento recorde no ano passado, de R$ 30,3 bilhões. A cifra superou em 7,6% a receita obtida em 2022 e veio dentro do esperado pela cooperativa. O resultado foi "muito bom" em um ano atípico para o setor agropecuário com queda expressiva dos preços das commodities e uma produção robusta. No ano passado, os produtores colheram uma grande safra de soja, milho e trigo. O maior volume de vendas dos grãos compensou a queda dos preços. Em 2023, a Coamo recebeu 9,962 milhões de toneladas de soja, milho e trigo dos produtores cooperados, a sua maior safra da história. As sobras líquidas (como as cooperativas chamam o lucro líquido) cresceram 2,9% em 2023 ante 2022, para R$ 2,324 bilhões. A cooperativa distribuirá R$ 850 milhões em retorno aos seus mais de 31 mil produtores.
No ano passado, o patrimônio líquido da Coamo atingiu R$ 10,615 bilhões, aumento de 17,5% em relação ao ano anterior, enquanto o ativo total somou R$ 17,37 bilhões. A cooperativa atua em 75 municípios nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O crescimento da liquidez da cooperativa em um ano que foi marcado pela menor rentabilidade no setor agropecuário deve-se à venda dos insumos e à maior industrialização dos produtos, como o esmagamento de soja, que possui margem superior às commodities in natura. É um resultado bastante satisfatório. A industrialização vem trazendo bons resultados à Coamo, que ampliará três indústrias de soja e concluiu a fábrica de ração para ruminantes e monogástricos, à base de milho, com capacidade de produção de 200 mil toneladas por ano.
O parque industrial da Coamo em Campo Mourão e Paranaguá, no Paraná, e em Dourados, em Mato Grosso do Sul, é formado por três indústrias de esmagamento de soja, duas refinarias de óleo de soja, dois moinhos de trigo, uma fábrica de gorduras e margarinas, uma fiação de algodão e uma torrefação de café. A industrialização da soja e do trigo contribuiu significativamente para os bons resultados obtidos pela Coamo em 2023. Para 2024, a Coamo prevê estabilidade no faturamento diante da combinação de preços mais baixos dos grãos na comparação anual e menor produção de grãos prevista para este ano. Repetir o número de 2023 não será ruim porque o preço médio de fixação da safra será menor. A safra não será ótima, mas também não será a frustração vista em 2021. O atual preço médio da soja gira em torno de R$ 105,00 por saca de 60 Kg FOB Campo Mourão no mercado de balcão, contra R$ 130,00 por saca de 60 Kg em igual período do ano passado.
A comercialização dos estoques de grãos repassados do ano passado para este ano será determinante para a receita da cooperativa. O faturamento vai depender muito da velocidade de fixação do cooperado. O estoque de passagem, estimado em 60 milhões de sacas de 60 Kg de grãos ante 40 milhões de sacas de 60 Kg de grãos ao fim de 2022, será o fiel da balança. Se o produtor se desfizer deste estoque, esse volume pode recuperar um pouco a menor safra que será colhida. O aumento anual de 50% do estoque de passagem é atribuído à maior cautela do produtor na comercialização de grãos, em virtude da instabilidade de preços observada no ano passado. O movimento não se restringe à Coamo, com outras cooperativas da região também reportando aumento no estoque de passagem. A Coamo estima receber um volume 10% menor de grãos neste ano em relação ao ano passado, em virtude da quebra na safra de soja tanto no Paraná quanto em Mato Grosso do Sul, estimada em 20%, e da provável menor área plantada com trigo.
De soja, a cooperativa prevê receber entre 80 milhões e 85 milhões de sacas de 60 Kg dos produtores contra 95 milhões de sacas de 60 Kg originadas em 2023. De milho safra de verão (1ª safra 2023/2024), a expectativa é de uma queda de 10% no volume, para entre 3,5 milhões e 4 milhões de sacas de 60 Kg, enquanto a 2ª safra de 2024 do cereal deve somar 55 milhões de sacas de 60 Kg entre os cooperados com boa expectativa pela janela antecipada. O trigo tende a recuar para 8 milhões a 9 milhões de sacas de 60 Kg recebidas neste ano, contra 12 milhões de sacas de 60 Kg registradas no ano passado. Quanto aos preços, a Coamo ainda vê incertezas no horizonte. No momento, o cenário é baixista, mas há perspectiva de uma reação no mercado internacional a partir de abril, quando as estimativas da safra brasileira de soja estiverem mais consolidadas e o desenvolvimento da produção argentina mais avançado.
Para a Coamo, os números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e das consultorias privadas ainda não espelham a realidade da safra brasileira. A quebra na produção de soja pode surpreender as previsões e os preços responderem a isso, apesar da folga no balanço mundial de oferta e demanda de soja. A partir de março, as estimativas oficiais trarão uma maior aproximação dos números com a realidade da safra. A Coamo espera também repetir neste ano o desempenho de exportações, que geralmente representa cerca de metade dos negócios da cooperativa. Em 2023 a Coamo exportou volume recorde, especialmente de soja, farelo de soja e milho, de 4,866 milhões de toneladas de produtos, crescimento de 131% em relação ao ano anterior.
O faturamento das exportações atingiu US$ 2,226 bilhões, 88,1% superior ao obtido em 2022. Em 2023, a Coamo investiu R$ 569,714 milhões em suas operações. O aporte foi destinado em melhorias de recebimento e armazenagem da produção, modernização da infraestrutura e em novos entrepostos em Campo Mourão, Engenheiro Beltrão e Bragantina, no Paraná, em Rio Brilhante e Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. Para o ciclo de 2023 a 2026, a cooperativa prevê investir R$ 3,5 bilhões, sobretudo em novas unidades e na construção de sua primeira usina de etanol de milho. Aproximadamente de 30% a 35% do montante será aportado nas operações neste ano. Os recursos serão aplicados em um novo entreposto em Campina da Lagoa (PR) e três novas unidades de recebimento nas regiões de Amambaí, Dourados/Ponta Porã, e em Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul, além de melhorias para modernização da indústria em Paranaguá (PR) e Dourados (MS) e investimento na substituição da frota, com aquisição de mais de 200 caminhões.
Parte da verba anual também será destinada a ampliar a capacidade estática de armazenagem da cooperativa em 500 mil toneladas, hoje de 6 milhões de toneladas. Outros 40% do montante total devem ser aportados em 2025 na construção da indústria de etanol de milho em Campo Mourão (PR), projeto de R$ 1,67 bilhão, com capacidade de processamento de 1,7 mil toneladas de milho por dia. O empreendimento ainda está em fase de licenciamento. Os 25% restantes da verba serão aplicados nas operações ao longo de 2026. Neste período, até 2026, novos ciclos de investimentos serão aprovados. Atualmente, a Coamo possui 12 indústrias, 60 entrepostos, 55 unidades de recebimento de grãos, 10 unidades de beneficiamento de sementes e 2 terminais portuários, além de revendas de insumos e centros logísticos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.