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05/Feb/2024

Tendência baixista sobre preços da soja no Brasil

Apesar dos problemas climáticos em várias regiões brasileiras e da produção nacional menor que a estimada inicialmente, a oferta atual ainda prevalece sobre a demanda, reforçando a pressão sobre as cotações da soja no mercado interno. A produção não está tão apertada como apontada por alguns, há baixo volume comprometido com vendas antecipadas, e as perdas brasileiras devem ser mais que compensadas pelo acréscimo de produção na Argentina e no Paraguai. Do lado da demanda, o interesse da China na oleaginosa nacional segue enfraquecido, pois esse país está recebendo lotes de negociações antecipadas, e as indústrias locais continuam adquirindo apenas quando há necessidade. Como resultado, os prêmios de exportação seguem enfraquecidos, repassando essa pressão para o mercado interno, onde as cotações estão nos patamares mais baixos dos últimos quatro anos.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,2%, cotado a R$ 118,09 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra forte queda de 3,9% nos últimos sete dias, a R$ 111,44 por saca de 60 Kg. Entre as médias de dezembro/2023 e de janeiro/2024, ambos os Indicadores registraram expressiva baixa de 13%, com respectivos fechamentos de R$ 126,93 por saca de 60 Kg e de R$ 121,18 por saca de 60 Kg. Esses são os menores valores desde julho/2020, em termos nominais. Nos últimos sete dias, as quedas são de 4,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre as médias de dezembro/2023 e de janeiro/2024, os preços recuaram significativos 5,5% no mercado de balcão e 5,1% no mercado de lotes.

No Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação de soja com embarque em fevereiro/2024 tem oferta de compra em -US$ 1,25 por bushel e de venda em -US$ 0,80 por bushel. Com isso, o preço FOB da soja no Porto de Paranaguá (PR) é de US$ 412,74 por tonelada, o menor valor já calculado para este embarque. Com base no preço FOB e no dólar futuro negociado na B3, a paridade de exportação da soja no Porto de Paranaguá (PR) é calculada em R$ 122,67 por saca de 60 Kg para embarque em fevereiro/2024; em R$ 120,00 por saca de 60 Kg para março/2024; em R$ 123,17 por saca de 60 Kg para abril/2024 e em R$ 125,80 por saca de 60 Kg, para embarque em maio/2024. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2024 da soja registra queda de 1,6% nos últimos sete dias. Comparando-se as médias de dezembro/2023 e janeiro/2024, a baixa foi de expressivos 6,2%, a US$ 12,30 por bushel, a menor média nominal desde setembro/2021. Diante das consecutivas baixas nos preços da matéria-prima, as cotações dos derivados também seguem em queda.

A demanda por farelo de soja está enfraquecida, visto que consumidores se abasteceram de médio a longo prazo e não têm necessidade de adquirir novos volumes no mercado spot. As cotações do farelo de soja apresentam recuo de 1,9% nos últimos sete dias. Entre as médias de dezembro/2023 e de janeiro/2024, a queda foi de 6,4%. No comparativo entre janeiro/2023 e janeiro/2024, os preços recuaram expressivos 21,7%, em termos nominais. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2024 do farelo de soja tem leve avanço de 1% nos últimos sete dias. Porém, entre as médias de dezembro/2023 e de janeiro/2024, houve expressiva queda de 11,9%, com média de US$ 400,94 por tonelada em janeiro, o menor valor mensal desde novembro/2021. Quanto ao óleo de soja, embora os preços também estejam caindo, representantes de indústrias alimentícias indicam dificuldade nas aquisições, visto que há grande disparidade entre os valores de compradores e vendedores.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra baixa de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 4.791,20 por tonelada. Entre os dois últimos meses, observa-se baixa de 7,5% e, entre janeiro/2023 e janeiro/2024, os preços cederam 27,2%, em termos nominais. O contrato Março/2024 do óleo de soja na Bolsa de Chicago acumula queda de 2% nos últimos sete dias. No mês de janeiro, a queda foi de 4,8%, a US$ 1.044,21 por tonelada), o menor valor nominal desde fevereiro/2021. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita de soja alcançou 8,6% da área nacional até 27 de janeiro, acima dos 5,2% colhidos há um ano. Dentre as regiões, a colheita atinge 9% em São Paulo, mais que o 1% registrado há um ano; de 12% no Paraná, contra 1% no mesmo período do ano passado; de 5% em Goiás, acima dos 2% há um ano; de 18,9% em Mato Grosso, contra os 16,3% colhidos há um ano; de 4% em Mato Grosso do Sul, acima do 1% registrado no mesmo período da safra passada e de 6% em Minas Gerais (no mesmo intervalo de 2023, 1% havia sido colhido).

Na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a colheita de soja teve início da semana passada. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que a colheita de soja em Mato Grosso alcançou 21,5% até o dia 26 de janeiro, acima dos 13,6% há um ano e dos 18% na média dos últimos cinco anos. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita no Paraná soma 19% da área, com destaque para o município de Toledo, que colheu 69% do total. Em Cascavel, a atividade alcançou 45%; em Campo Mourão, 32%; em Francisco Beltrão, 22%; e em Pato Branco e em Umuarama, a colheita alcançou 20%. Na Argentina, a semeadura da soja foi concluída. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 91% das lavouras apresentam condições entre boas e excelentes. Entretanto, os produtores aguardam mais chuvas, visto que parte das lavouras na Argentina já está entrando em período crítico de desenvolvimento. Fonte: Cepea.