22/Jan/2024
A tendência é baixista para os preços da soja no Brasil, com mercado ofertado, em decorrência do baixo volume de vendas antecipadas feitas nesta safra. Além disso, a maior produção na Argentina e em outros países da América do Sul (Paraguai e Argentina) e os prêmios negativos nos portos brasileiros pressionam os preços globais e domésticos da soja. A recomposição dos estoques globais de soja no ciclo 2023/2024 deve pressionar os preços da oleaginosa. A previsão para os estoques mundiais de soja ao fim de 2023/2024 é de 114,6 milhões de toneladas. A Argentina está saindo de uma safra de soja de 21 milhões de toneladas para uma safra que poderá ultrapassar 52 milhões de toneladas. As cotações dos contratos futuros de soja estão caindo tanto para os vencimentos de 2024 como os de 2025. A disparidade entre as indicações de compradores e vendedores de soja está maior, resultando em baixa liquidez. Os compradores domésticos estão sem interesse em adquirir volumes significativos da oleaginosa, mostrando-se atentos à maior oferta do grão e ao baixo volume da safra 2023/2024 comprometido em contratos a termo por parte de produtores.
Os vendedores, por sua vez, preferem não negociar neste momento, diante das menores produtividades que vêm sendo evidenciadas nas áreas colhidas até o momento. Os agentes também estão atentos à possibilidade de que a redução da oferta no Brasil seja compensada pelo crescimento nas produções da Argentina e do Paraguai, o que poderia limitar reações de preços no Brasil. Os aumentos dos custos logísticos internos e para exportação são fatores de pressão sobre a receita. Em queda, os preços no Brasil operam nos menores patamares nominais deste agosto de 2020. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo expressivo de 6,4%, cotado a R$ 121,55 por saca de 60 Kg, o menor desde 5 de agosto de 2020. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda significativa de 4,8% nos últimos sete dias, a R$ 116,29 por saca de 60 Kg, o mais baixo desde 5 de agosto de 2020.
Nos últimos sete dias, a queda é de 5,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 6,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A valorização do dólar frente ao Real limitou a redução de preço no Brasil. No campo, a soja apresenta ciclos de desenvolvimentos distintos em várias regiões brasileiras, devido às atividades de semeaduras mais espaçadas, seja relacionado ao tempo ou à necessidade de replantio. Embora as áreas precoces estejam apresentando baixa produtividade, muitos agentes acreditam em melhor rendimento nas áreas de cultivo mais tardio. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que a colheita de soja em Mato Grosso alcançou 6,46% até o dia 12 de agosto. A produção no Estado é estimada em 39 milhões de toneladas, abaixo das 43,78 milhões de toneladas projetadas no início do cultivo (em setembro/2023). Esse cenário é resultado da baixa produtividade, calculada, em média, em 53,59 sacas de 60 Kg por hectare.
No Paraná, os produtores estavam com boas expectativas no início da colheita, porém, o elevado volume de soja avariada deixou esses agentes em alerta e receosos quanto a novas negociações. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita no Paraná alcançou 7%, com destaque para o município de Toledo, que colheu 36% da área. Em Cascavel, a colheita alcançou 14%; em Campo Mourão, 13%; e em Pato Branco, 12%. Das lavouras, 7% apresentam condições ruins; 29%, médias; e 64% estão em condições boas. A colheita de soja também teve início em São Paulo, em Mato Grosso do Sul e em Goiás. Os produtores dessas regiões relatam que a produtividade está abaixo da esperada. Por conta disso, agentes de mercado aguardam por reajustes nas próximas estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que, por enquanto, apontam para produção de 157 milhões de toneladas no Brasil. O USDA projetou aumentos de 4,2% na produção de soja da Argentina e de 3% na do Paraguai, passando para respectivos 50 milhões de toneladas e 10,3 milhões de toneladas.
De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, da área estimada para o cultivo de soja na Argentina, de 17,3 milhões de hectares, 97,1% haviam sido semeadas até 17 de janeiro. Desse total, 98% apresentam condições entre boas e excelentes. Com isso, a oferta de soja nos principais países produtores na América do Sul (Brasil, Argentina e Paraguai) corresponde a mais da metade da oferta mundial (54,5%). O USDA aumentou as estimativas de esmagamento de soja na Argentina, elevando também as exportações de farelo e óleo de soja, projetados agora em 24,4 milhões de toneladas e em 4,75 milhões de toneladas, respectivamente. Para o Brasil, o USDA reduziu o esmagamento da soja em 3,6% sobre o relatório anterior, cenário que limitou as quedas de preços dos derivados no País. As cotações do farelo de soja caíram 1,3% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) apresenta leve recuo de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 4.915,23 por tonelada.
Na Bolsa de Chicago, as negociações da soja ocorrem nos patamares mais baixos desde novembro/2021, considerando-se o contrato de primeiro vencimento. Esse cenário se deve à demanda externa enfraquecida e às expectativas de maior oferta na América do Sul. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do USDA, embora os embarques de soja tenham crescido 21,5% entre as duas últimas semanas, em relação ao mesmo período do ano passado, foram 42,3% menores. Na parcial desta temporada (de setembro/2023 a 11 de janeiro/2024), os Estados Unidos escoaram 25,57 milhões de toneladas, 21% a menos que no mesmo período da safra passada. O contrato Março/2024 da soja registra queda de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 12,13 por bushel. O contrato Março/2024 do óleo de soja tem desvalorização de 1,6% no mesmo comparativo, a US$ 1.049,83 por tonelada. O mesmo vencimento do farelo de soja registra leve recuo de 0,03%, para US$ 398,26 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.