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11/Jan/2024

Derivados: oferta da Argentina é desafio para Brasil

O quadro de oferta e demanda, as margens de esmagamento e a expectativa de maior concorrência com a produção da Argentina devem estar entre os principais desafios para o Brasil no mercado de óleo e farelo de soja. O aumento da mistura de biodiesel no diesel, de outro lado, favorece a cadeia produtiva. Na Bolsa de Chicago, as cotações dos derivados começaram o ano pressionadas. Levantamento do Valor Data com base no contrato de segunda posição indica queda de 4,77% na cotação do farelo nestes primeiros dias de 2024. O Itaú BBA ressalta que o farelo caiu mesmo com a falta do produto da Argentina, maior exportador mundial, que sofreu perdas na safra passada. No entanto, a expectativa de retorno do país ao mercado e de os Estados Unidos manterem níveis elevados de esmagamento de soja devem pesar sobre os preços futuros. Previsões apontam para uma safra de soja na Argentina em torno dos 50 milhões de toneladas.

Consultorias locais avaliam que país pode retomar a liderança mundial nas exportações de farelo. Mas, uma das preocupações do setor agro argentino é com o possível aumento das retenções, os impostos de exportação, sinalizado pelo governo Javier Milei em dezembro. Na Bolsa de Chicago, o óleo de soja vinha em queda desde o início do ano, mas passou a acumular alta de 0,56% após elevação de 1,34% no dia 9 de janeiro, considerando os contratos de segunda posição. Os contratos da soja em grão também começaram o ano sob pressão, abaixo dos US$ 13,00 por bushel, com os operadores olhando para o clima no Brasil e a evolução da safra na Argentina. A produção brasileira vem sofrendo com o clima, com sucessivas reduções das estimativas de produção de diferentes agentes. O Rabobank Brasil já cortou em 5 milhões de toneladas a sua previsão para a colheita de soja 2023/2024 em relação à inicial. A atual está projeção em 158 milhões de toneladas. O cenário é de maior oferta brasileira de derivados de soja.

O aumento do teor de biodiesel no diesel, que, neste ano, passa a ser de 14%, deve ser o principal fator de definição do quadro de oferta e demanda de óleo e farelo. A mudança vem muito mais pelo óleo, porque o aumento da mistura de biodiesel estimula o consumo. O Brasil deve ter um consumo interno maior e uma redução significativa das exportações de óleo de soja, e um aumento do volume disponível para a exportação de farelo. E, com a Argentina voltando ao mercado internacional, a concorrência deve ser maior, principalmente no farelo, cenário oposto ao do ano passado. Vai ganhar espaço quem for mais competitivo. No cenário atual, os preços de soja têm um viés levemente baixista. E o farelo deve seguir a mesma tendência. Com oferta maior e elevada competitividade com a Argentina, a tendência é de preços menores de farelo para 2024. O Itaú BBA reforça que a mistura maior de biodiesel traz boas perspectivas e uma tendência de maior volume processado do grão em comparação com 2023.

Mas prevê um começo de 2024 mais desafiador para indústria de soja, seja pelas margens ruins ou por conta da disponibilidade de soja. A mistura de 14% de biodiesel deve gerar uma demanda de 5,8 milhões de toneladas de óleo de soja para o renovável, calcula a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Nas projeções mais recentes, a produção em 2024 deve chegar a 11 milhões de toneladas. E o consumo interno deve passar de 8,6 milhões de toneladas em 2023 para 9,45 milhões de toneladas neste ano. Exportar soja é muito importante, mas, do ponto de vista da agregação de valor, é preciso trabalhar o aumento do esmagamento. E isso traz um cenário em que a participação da política pública é essencial. A Abiove ressalta os diferenciais socioeconômicos e ambientais do biodiesel brasileiro e projeta para 2024 uma produção de 41,7 milhões de toneladas de farelo e um consumo interno de 18,1 milhões de toneladas. As exportações do derivado devem cair de 22,2 milhões de toneladas em 2023 para 21,7 milhões neste ano. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.