21/Dec/2023
Os efeitos do El Niño na safra de grãos de verão no Brasil ainda influenciam os mercados de soja e de milho, cujos preços encontram suporte na possibilidade de uma menor produção, mas exportadores não acreditam que os embarques para o exterior, sobretudo os da oleaginosa, possam diminuir nesta temporada. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) prevê embarques de soja semelhantes ao do último ciclo, de 101 milhões de toneladas, a partir de uma produção esperada de cerca de 160 milhões de toneladas. Em 2022/2023, a colheita foi de 154,6 milhões de toneladas. Para o milho, a projeção é mais cautelosa, a depender da segunda safra, ainda a ser plantada. A Anec observa que, mesmo não havendo consenso entre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e consultorias do mercado, a produção do cereal deve ser de, no mínimo, 118,5 milhões de toneladas, como estima a estatal.
Esse volume de milho é 10,2% menor que o colhido em 2022/2023. Nesse caso, a exportação pode ficar entre 38 milhões e 45 milhões de toneladas, segundo a Anec. A Anec, no entanto, ressalta a necessidade de a segunda safra do cereal, a ser semeada a partir de janeiro, se desenvolver sem problemas. Por enquanto, se chover até o fim do ano em Mato Grosso, maior produtor nacional, pode haver boas surpresas. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estimou, na semana passada, que o Brasil embarcará para fora no próximo ano 100,2 milhões de toneladas de soja em grão (ante 100,5 milhões de toneladas este ano), 21,6 milhões de toneladas de farelo e 1,6 milhão de toneladas de óleo (2,35 milhões de toneladas). Se as projeções se confirmarem, as exportações do complexo soja renderão US$ 64 bilhões em divisas em 2024, das quais US$ 52,6 bilhões da soja em grão, US$ 9,7 bilhões do farelo e US$ 1,7 bilhão do óleo.
A Abiove prevê que a produção de soja atinja 161,9 milhões de toneladas. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que o Estado produza 42,1 milhões de toneladas de soja em 2023/2024, 7% menos no ano passado. Ainda há tempo para que lavouras já semeadas consolidem a produtividade. Tem muita coisa para acontecer até o fim do mês. Possivelmente serão revisados esses números acompanhando principalmente o movimento de colheita. Para as exportações de soja, a tendência é de que Mato Grosso tenha oferta e demanda mais ajustada, por isso, o volume alcançado neste ano não deve se repetir em 2024, pois haverá uma disputa do mercado interno com os embarques externos. Ainda não é possível dizer com certeza o que vai acontecer com os preços antes da consolidação da safra e do volume da quebra dos Estados.
Se houver uma redução significativa da soja a ponto de pressionar a oferta e demanda nacional, pode haver essa disputa (entre os Estados para atender o mercado externo). Em relação à oferta de milho, o Imea lembra que, mesmo antes de o atraso do plantio da oleaginosa afetar a entrada do cereal no campo em Mato Grosso, onde o milho começa a ser semeado logo após a soja, produtores sinalizavam para redução de área, desestimulados pelos preços mais baixos neste semestre. Assim, a expectativa é de que Mato Grosso oferte não mais que 43,7 milhões de toneladas de milho, uma redução de 16,7% em relação a 2022/2023, com área 6,27% menor. Para 2023/2024, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê colheita de grãos de 312,3 milhões de toneladas de grãos, 2,4% menos que as 319,9 milhões de toneladas produzidas em 2022/2023. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.