18/Dec/2023
A tendência é de cotações futuras sustentadas da soja na Bolsa de Chicago no curto prazo, com o “mercado climático” mantendo um prêmio de risco aos contratos, em decorrência das adversidades climáticas que atingem as safras da América do Sul. Entretanto, não há expectativa de quebras expressivas na safra brasileira 2023/2024. Para o 1º semestre de 2024, a oferta global tenderá a crescer, com previsão de produção recorde na América do Sul, com maiores colheitas no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A expectativa, também, é de incremento na área plantada de soja nos EUA na próxima temporada 2024/2025, com recuo na superfície plantada de milho. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos do 1º semestre de 2024 recuaram para o intervalo entre US$ 13,10 e US$ 13,50 por bushel, enquanto os contratos para o 2º semestre de 2024 oscilam entre US$ 12,80 e US$ 13,50 por bushel. Para o 1º semestre de 2024, os prêmios estão subindo nos portos brasileiros, ficando menos negativos, com a expectativa de menor produção de soja em 2024 e forte redução dos excedentes exportáveis de milho em 2024.
Os preços da soja estão reagindo no mercado brasileiro, influenciados por preocupações quanto à produtividade da safra 2023/2024, devido às irregularidades climáticas. Embora as recentes chuvas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil tenham beneficiado as atividades de campo, a umidade do solo ainda está abaixo do adequado para a cultura da soja. Esse cenário está afastando os produtores das negociações envolvendo grandes lotes no spot nacional. Além disso, o movimento de alta também está atrelado a estimativas indicando maior demanda por parte da China na temporada 2023/2024. Em relatório divulgado no dia 8 de dezembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo a produção brasileira em 2 milhões de toneladas frente ao indicado em novembro. A nova projeção é de 161 milhões de toneladas. Ainda assim, esse volume seria um recorde. Devido às chuvas irregulares, replantios foram realizados em praticamente todas as regiões brasileiras, e, com isso, as atividades de campo seguem com consideráveis atrasos frente à temporada passada.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a semeadura havia alcançado 89,9% da área nacional até 9 de dezembro, abaixo dos 95,9% há um ano. Dentre as regiões brasileiras, 97,1% das áreas foram semeadas na Região Centro-Oeste, contra 99% há um ano. Na Região Sudeste, a semeadura alcançou 94,5% da área, sendo que, no mesmo período do ano passado, a atividade já havia sido concluída. Na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a semeadura totalizou 67% da área, abaixo dos 90% cultivados há um ano. Na Região Sul do Brasil, a semeadura alcançou 87,7% da área, contra 91,6% no mesmo período de 2022. Além disso, o USDA estima que a importação da China alcance 102 milhões de toneladas de soja, 2% a mais que o projetado em novembro e um recorde. O Brasil deve seguir como o principal abastecedor global de soja, enviando aos países estrangeiros a quantidade recorde de 99,5 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. O USDA considera o ano-safra do Brasil de outubro/2023 a setembro/2024.
Na parcial desta temporada (de outubro/2023 a 8 de dezembro deste ano), o Brasil escoou 11,9 milhões de toneladas de soja, 44,3% a mais que no último trimestre de 2022. Esse cenário faz com que os prêmios de exportação da soja reagissem no Brasil, embora ainda permaneçam negativos. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação de soja é ofertado em -US$ 0,05 por bushel para embarque em fevereiro/2024, acima dos -US$ 1,50 por bushel ofertados no dia 7 de dezembro. Diante disso, o preço FOB, para o contrato de mesmo embarque, registra alta de 1,0% tanto em dólar quanto em Real, com paridade de exportação a R$ 144,55 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,6%, cotado a R$ 147,64 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço 2,0% nos últimos sete dias, a R$ 140,70 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os valores apresentam alta de 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os consumidores de óleo de soja estão mais ativos nas aquisições, no intuito de abastecer os estoques para o final do ano. Esse cenário sustenta os preços deste coproduto. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem valorização de 0,6% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.479,41 por tonelada. Quanto ao farelo de soja, a liquidez está menor. Grande parte dos consumidores relata estar abastecida para médio prazo, com pretensão de voltar às compras na última dezena de janeiro/2024. Esse cenário pressiona os preços em praticamente todas as regiões. Diante disso, as cotações do farelo de soja apresentam recuo de 0,5% nos últimos sete dias. Os preços externos da soja estão sustentados pelas irregularidades climáticas no Brasil. Porém, a baixa demanda pela oleaginosa dos Estados Unidos impede altas acentuadas.
De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 11 de dezembro, saíram dos portos norte-americanos apenas 984,4 mil toneladas de soja na última semana, 16% abaixo do volume escoado na semana anterior. Os embarques norte-americanos são projetados para somarem o menor volume das últimas quatro temporadas, em 47,76 milhões de toneladas em 2023/2024, 12% abaixo do escoado na safra anterior. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 do farelo de soja apresenta recuo de 0,8% nos últimos sete dias, indo para US$ 464,18 por tonelada. O contrato de mesmo embarque do óleo de soja tem baixa de 3,6%, a US$ 1.086,43 por tonelada. Da área de 17,3 milhões de hectares na Argentina, 59,5% haviam sido semeadas até 13 de dezembro. A Argentina deve ser o terceiro maior produtor de soja do mundo na temporada 2023/2024, com produção estimada pelo USDA em 48 milhões de toneladas, 92% superior à safra passada e a mais elevada desde a safra 2019/2020. Com isso, o país também deve voltar a ser o principal abastecer global de farelo e de óleo de soja, com as vendas externas argentinas projetadas em 23,4 milhões de toneladas e em 4,4 milhões de toneladas, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.