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18/Dec/2023

Biodiesel: CNT contra elevação na mistura ao diesel

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) realizará reunião nesta terça-feira (19/12), em que poderá antecipar o cronograma de aumento da proporção de biodiesel no diesel. A Confederação Nacional do Transporte (CNT), que tem posição contrária ao aumento, aponta que a mistura atual já afeta negativamente as operações e que o incremento aumenta riscos para o setor e para o meio ambiente. A decisão do CNPE do início deste ano determinou o aumento gradativo dos percentuais de adição do biodiesel no óleo diesel vendido ao consumidor final e, desde 1º de abril de 2023, o teor da mistura subiu de 10% para 12%. Até então, a medida previa que, em 2024, o percentual subiria para 13% e, apenas em 2025, atingiria 14%.

Para embasar as reclamações, a CNT encomendou estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB). Nos testes aumentou-se a quantidade de biodiesel de 7% para 20%. Nesse cenário, os veículos da fase P7 sofreram um aumento potencial de 1,57 bilhão de litros. Para os veículos da fase P5, o aumento chega a 1,75 bilhão de litros. Em relação aos custos, a geração P7 e P5 sofrem aumento, respectivamente, de R$ 9,62 bilhões e R$ 10,73 bilhões. A partir do experimento, evidenciou-se que o consumo de combustível aumentou em 9,5% para caminhões da fase P7. Para modelos do ciclo P5, o acréscimo é de 15,0%. Segundo o estudo, há aumento de emissão de gases de efeito estufa (GEE). A emissão é acrescida de 4,15 milhões de toneladas de CO2 equivalente, na fase P7, e 4,63 milhões de toneladas de CO2 equivalente, na fase P5.

Sem testes prévios de verificação do impacto dessa mistura nos motores da frota de pesados, o Brasil entra em uma medida exclusiva, totalmente desalinhada com relação às boas práticas do restante do mundo quanto ao enfrentamento do consumo de combustível fóssil e da emissão de poluentes. A CNT entende que a medida mais estável para este momento já está parametrizada há bastante tempo fora do País, que são os 7% adotados na Europa. Diversos países têm adotado percentuais maiores de HVO (sigla para óleo vegetal hidrotratado - diesel verde), biocombustível mais evoluído e que não causa problemas mecânicos, em detrimento do uso de biodiesel de base éster. Para a CNT, o estudo reforça as evidências práticas já vivenciadas pelo setor.

Há cinco anos, montadoras brasileiras testaram teores que ainda estavam abaixo de 10% da mistura e relataram problemas. Em estudo de 2021 realizado pela entidade, 60,3% das empresas relataram problemas mecânicos relacionados ao teor de biodiesel no diesel. Esse aumento traz risco mecânico. Reduz a vida útil, faz com que a performance seja afetada. Há aumento de custo de manutenção. Ainda, risco de paradas repentinas em razão da solidificação. Apesar do aumento ser vendido como agenda positiva da transição energética, o estudo da UnB e os relatos de empresas demonstram que, além de não haver vantagem ambiental, há prejuízos para o setor de transporte. Há outras opções mais compatíveis com a realidade brasileira e que são aceitas pelos veículos. Estão querendo adotar tecnologia já ultrapassada em razão de pressões econômicas, considera a CNT. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.