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04/Dec/2023

Tendência de preços sustentados para soja no Brasil

No mercado interno, a tendência é de preços sustentados para a soja neste final de entressafra. O “mercado climático” segue gerando volatilidade nas cotações futuras da soja, com os atrasos no plantio das safras da América do Sul 2023/2024. O plantio no Brasil atinge 78% da área estimada, ante 91% na mesma época da safra passada, com escassez de chuvas em diversas regiões do País. As cotações futuras na Bolsa de Chicago com vencimentos em 2024 giram na faixa entre US$ 13,00 e US$ 13,80 por bushel. Os prêmios estão negativos para embarques no primeiro semestre de 2024, o que deverá levar a uma pressão baixista sobre os preços internos no período de colheita. Nas últimas semanas, a pressão sobre os prêmios perdeu força com o clima adverso sobre a safra brasileira. No entanto, os prêmios seguem negativos para o período de fevereiro a maio de 2024. Os demandantes externos estão intensificando as compras de novos lotes de soja, no intuito de completar cargas de navios nos portos brasileiros.

Diante disso, a liquidez está maior no mercado spot nacional. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil escoou 5,2 milhões de toneladas de soja em novembro, 105,8% a mais que no mesmo mês de 2022 e um recorde para o período. Observa-se maior interesse de vendedores em negociar soja com entrega entre dezembro/2023 e janeiro/2024. Esses agentes começam a ter necessidade de liberar espaço nos armazéns com o remanescente da temporada 2022/2023, pois em breve começa a entrar a safra 2023/2024 no Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 0,4%, cotado a R$ 145,74 por saca de 60 Kg. Em novembro, a média ficou estável frente à de outubro. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra leve alta de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 139,39 por saca de 60 Kg.

De outubro para novembro, a média deste Indicador avançou 0,9%. Nos últimos sete dias, os valores apresentam baixa de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e se mantêm estáveis no mercado de lotes (negociações entre empresas). Considerando-se as médias mensais, contudo, são observadas altas de 2,5% no mercado de balcão e de 1,5%, no mercado de lotes. As indústrias brasileiras, por sua vez, estão mais cautelosas nas aquisições de soja. Isso porque, após as intensas negociações de farelo e óleo de soja em meados de novembro, a liquidez no mercado de derivados está menor. As cotações do farelo de soja registram queda de 0,2% nos últimos sete dias. De outubro para novembro, houve expressivo aumento de 7,3% na média. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) está cotado a R$ 5.602,27 por tonelada, baixa de 0,7% nos últimos sete dias. Contudo, entre as médias de outubro e de novembro, a valorização foi de significativos 3,6%.

As irregularidades climáticas, influenciadas pela atuação do fenômeno climático El Niño, seguem preocupando. Agentes de praticamente todas as regiões produtoras do Brasil relatam realizar o replantio. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a semeadura da soja alcançou 75,2% da área nacional até 25 de novembro, abaixo dos 86,1% cultivados há um ano. Dentre as regiões brasileiras, 86,4% foram semeados no Centro-Oeste, contra 94% há um ano. Na Região Sudeste, a semeadura soma 78,5% da área, abaixo dos 92,5% no mesmo período do ano passado. Na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a semeadura totalizou 48% da área, abaixo dos 66,8% cultivados há um ano. As recentes precipitações beneficiaram as atividades de campo na região e possibilitaram o replantio. No entanto, ainda se observa déficit hídrico na região oeste da Bahia. Para os próximos dias, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cpetc) indica possibilidade de chuvas intercaladas de sol para praticamente toda a região de Matopiba, com exceção das cidades de Barreiras (BA) e de Uruçuí (PI).

Na Região Sul do Brasil, as atividades de campo alcançaram 62,7% da área, abaixo dos 65% no mesmo período do ano passado. No Paraná, as recentes chuvas beneficiaram as áreas implantadas. No Rio Grande Sul e em Santa Catarina, o clima mais firme favoreceu o avanço na semeadura da oleaginosa. Porém, há probabilidade de novas precipitações a partir de meados da próxima semana. A Argentina deve cultivar a maior área com soja dos últimos cinco anos, projetada em 17,3 milhões de hectares pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Do total da área, 43,8% haviam sido semeadas até o dia 29 de novembro, progresso de 9% em uma semana. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de soja, de farelo e de óleo estão pressionados pelo enfraquecimento da demanda externa. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos estados Unidos (USDA), houve redução de 11,5% nos embarques de soja dos Estados Unidos entre as duas últimas semanas.

Na parcial desta safra (de setembro até 23 de novembro), saíram dos portos norte-americanos 17,4 milhões de toneladas de soja, 10,9% abaixo do volume embarcado em igual período da temporada passada. Com isso, o contrato Janeiro/2024 da soja apresenta queda de 1% nos últimos sete dias, a US$ 13,42 por bushel. Em novembro, a média foi de US$ 13,44 por bushel, alta de 4,7% frente à de outubro e a maior desde agosto deste ano. Para o farelo de soja, o contrato Dezembro/2023 registra desvalorização de 3,5% nos últimos sete dias. Em novembro, o farelo teve média de US$ 498,41 por tonelada, expressivos 13,1% superior à média de outubro e a mais elevada desde março deste ano. O contrato Dezembro/2023 do óleo de soja segue em queda, influenciado por expectativas indicando maior demanda por farelo de soja, o que, vale lembrar, eleva o excedente de óleo. Com isso, o preço deste derivado tem recuo de 2,4% nos últimos sete dias e de significativos 5,5% entre outubro e novembro, indo para US$ 1.139,15 por tonelada. Esta é a menor média em sete meses. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.