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14/Nov/2023

Biodiesel: cresce demanda por óleo de cozinha usado

O que parece apenas um resíduo de uso doméstico tornou-se um negócio em ascensão, com potencial de gerar benefícios ao meio ambiente. A busca da indústria de biodiesel por óleo de cozinha usado para produção do biocombustível está cada vez maior e tem impulsionado os preços do insumo. Neste ano, a produção de biodiesel do Brasil pode marcar um novo recorde de 7,6 bilhões de litros. O desempenho estimado pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) se deve ao aumento na mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, que passou de 10% (B10) para 12% (B12). O governo federal prevê a elevação gradativa desse percentual e já estuda a chegada do B20 ao mercado. Segundo a Cargill, o aumento na mistura gera uma reação em cadeia, esse é um dos fatores fundamentais. Aumenta o volume do biodiesel e com isso aumenta a demanda por matéria-prima.

A principal matéria-prima do biodiesel ainda é o óleo de soja, mas foi justamente o fato de o óleo de cozinha usado ser uma alternativa mais competitiva que o tornou atraente. E o reflexo já apareceu nos preços. Na última semana, o óleo de cozinha usado foi comercializado em São Paulo para a indústria por cerca de R$ 5 mil por tonelada, enquanto o óleo de soja alcançou o preço médio de R$ 5,1 mil por tonelada. Segundo a Argus, há alguns meses, essa diferença era de R$ 150,00 por tonelada agora baixou para R$ 100,00 por tonelada. O óleo de cozinha normalmente é um insumo mais barato do que o óleo de soja, o sebo bovino e outras matérias-primas que também são utilizadas para o biodiesel. Há ainda a questão ambiental como mais um atrativo. As principais indústrias hoje têm um programa de coleta de óleo de cozinha.

Isso acaba sendo algo que se inclui entre as metas ESG (relativas às boas práticas ambientais, sociais e de governança). Seja pela conscientização da população que está reciclando o óleo, pela monetização dos restaurantes que vendem o óleo usado, pelo avanço da logística de coleta, ou pela atuação das empresas do setor, o uso de óleo de cozinha como matéria-prima do biodiesel disparou nos últimos anos. Entre 2012 e 2022, a produção de biodiesel a partir de óleo de fritura usado saiu de 17,83 milhões de litros para 148,37 milhões, conforme levantamento da Abiove com base em dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), um salto de mais de 700%. A participação do insumo ainda representa 2% como matéria-prima, mas foi uma das que mais cresceram em 10 anos.

Este aumento na utilização deve estar mais vinculado ao valor do que à conscientização da sociedade, afirmou a Cargill. Hoje, cerca de 30% do óleo de cozinha usado vem da população. O restante é proveniente de estabelecimentos, como os restaurantes. A conscientização dos adultos é o principal desafio. Por isso, uma das estratégias do programa Ação Renove o Meio Ambiente, promovido pela Cargill desde 2010, é incentivar a coleta de óleo usado nas escolas, onde estudantes e familiares podem entregar o resíduo. Há também pontos de coleta em supermercados, shoppings, empresas, ONGs e até porta a porta. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), programas como os da Cargill contribuíram para que, em 10 anos, houvesse um aumento de 14% no número de pontos de entrega disponíveis para a população, até 2022.

As associadas fazem os programas, e uma empresa homologada fica responsável pela coleta do óleo que foi entregue nos pontos. Essas empresas podem também fazer a filtragem e até os resíduos do óleo usado têm destinação, tudo é aproveitado. Há informalidade como em outros setores, mas é um mercado que pode crescer muito. Na avaliação da Argus, a demanda tem espaço para crescer, mas a oferta de óleo de cozinha usado pode não avançar na mesma velocidade. A razão é que isso depende da conscientização da sociedade para a reciclagem do óleo e da disseminação da coleta, hoje concentrada na Região Sudeste, para outras regiões do País. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.