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06/Nov/2023

Tendência é de preços firmes para a soja no Brasil

A tendência é de preços firmes para a soja no mercado interno, com adversidades climáticas afetando o plantio da safra 2023/2024, exportações aquecidas e cotações externas firmes na Bolsa de Chicago. O excesso de chuvas no Sul do Brasil e o tempo mais seco no Centro-Oeste atrapalham o avanço do plantio e colocam em risco o desenvolvimento inicial das lavouras. Com a colheita praticamente concluída na maior parte dos EUA, as preocupações com o clima na América do Sul nortearão as cotações futuras em Chicago nas próximas semanas. A demanda externa por soja brasileira está bastante aquecida, favorecida sobretudo pela restrição da oferta de outros países da América do Sul e pela menor produtividade nos Estados Unidos. Além disso, os preços do Brasil estão atrativos, diante dos menores prêmios de exportação e da valorização do dólar frente ao Real. Em outubro, as exportações brasileiras da oleaginosa somaram 5,5 milhões de toneladas, um recorde para o mês, e ampliando para 92,8 milhões de toneladas a somatória do volume escoado em 2023, até outubro. Somente neste segundo semestre, foram exportadas mais de 30 milhões de toneladas de soja, superando em 16,7% o volume exportado em todo o segundo semestre de 2022.

Em outubro, a receita média foi equivalente a US$ 31,37 por saca de 60 Kg (ou R$ 158,91 por saca de 60 Kg), o maior faturamento nominal desde abril deste ano. Vale observar que o preço médio do spot nacional esteve significativamente abaixo do recebido pelas exportações em outubro. Esse cenário deixa sojicultores cautelosos nas negociações no spot, e muitos estão preferindo estocar o grão. Nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F – Paranaguá da soja recuou 0,8%, fechando a R$ 142,06 por saca de 60 Kg. De setembro para outubro, a média mensal caiu 2,1%, e, na comparação anual (outubro/2022 para outubro/2023), a baixa foi ainda mais expressiva, de 17,7%, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). Para 2024, a paridade de exportação mostra pouca variação em relação aos atuais preços praticados do mercado spot. Com base no preço FOB da soja negociado porto de Paranaguá (PR) e com o dólar futuro negociado na B3, a paridade de exportação de soja é de R$ 142,09 por saca de 60 Kg para fevereiro/2024; a R$ 137,98 por saca de 60 Kg para março/2024; a R$ 139,91 por saca de 60 Kg para abril/2024; e a R$ 142,07 por saca de 60 Kg para maio/2024.

As indústrias brasileiras, por sua vez, estão adquirindo lotes da mão para boca. Esses agentes estão atentos às projeções de safra recorde no Brasil na temporada 2023/2024 e ao elevado excedente da safra 2022/2023, e, por conta disso, esperam por preços menores nos próximos meses. O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná subiu ligeiro 0,1% nos últimos sete dias, fechando a R$ 136,71 por saca de 60 Kg. A média de outubro caiu 1,6% frente à de setembro e 20% em relação à de outubro/2022, em termos reais. De 26 de outubro e 1º de novembro, na média das regiões acompanhadas, o preço da soja cedeu ligeiro 0,1% no mercado de balcão (pago ao produtor), mas avançou 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas) – os preços caíram respectivos 2,0% e 1,7% na comparação mensal e 25% e 23,7% na anual. Os preços dos derivados da soja subiram na última semana, impulsionados pelas firmes demandas doméstica e externa. Na média das regiões acompanhadas, as cotações do farelo de soja tiveram ligeira alta de 0,1% nos últimos sete dias. De setembro para outubro, o avanço da média foi de 1,2%, e, no ano, houve queda, de 11,1%, em termos reais.

O óleo bruto e degomado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) se valorizou 0,7% na última semana, a R$ 5.266,67 por tonelada. A média de outubro foi a mais alta desde março deste ano, em termos reais, mas ficou 23,2% inferior à de outubro/2022. A baixa produtividade da safra 2023/2024 nos EUA e preocupações com o clima na América do Sul elevaram os valores futuros na CME Group (Bolsa de Chicago) na última semana. O contrato de primeiro vencimento da soja se valorizou 1,9%. Em grande parte de outubro, no entanto, o contrato da soja operou abaixo dos US$ 13,00 por bushel, e, com isso, a média do último mês foi a menor desde novembro/2021, em termos nominais, a US$ 12,84 por bushel, e também 3% inferior à de setembro e 7% abaixo da de outubro/2022. A queda mensal está atrelada à menor demanda externa pelo grão norte-americano. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do USDA, os Estados Unidos escoaram 9,95 milhões de toneladas de soja na parcial desta safra (de 1º de setembro a 26 de outubro), 2,7% inferior ao volume embarcado em igual período de 2022.

A queda do óleo foi mais significativa, uma vez que a firme demanda global por farelo de soja pode gerar maior excedente de óleo. Diante disso, o contrato de primeiro vencimento deste coproduto se desvalorizou 2,7% na última semana, para US$ 1.109,35 a tonelada. O preço médio em outubro foi o menor desde maio deste ano, em termos nominais, com quedas de 11,9% frente ao de setembro e de 22,1% se comparado ao de outubro/2022. O contrato de primeiro vencimento do farelo de soja cedeu 0,7% nos últimos sete dias a US$ 469,91 a tonelada. A média do preço futuro do farelo de soja em outubro avançou 0,5% frente à de setembro/2023, mas caiu 2,8% em relação à de outubro/2022. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, 85% da área cultivada com soja foi colhida nos Estados Unidos até o dia 29 de outubro, inferior aos 87% do mesmo período do ano passado, mas acima dos 78% colhidos na média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.