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30/Oct/2023

Tendência de preços sustentados para soja no Brasil

A tendência é de preços estáveis para a soja no Brasil, sustentados pela entressafra, dólar na casa dos R$ 5 e excelente desempenho das exportações de grãos, farelo e óleo. O mercado climático deve começar a influenciar o mercado brasileiro e global de soja nas próximas semanas, com atrasos de plantio, falta de chuvas em algumas regiões e excesso em outras. A liquidez envolvendo a soja está menor no Brasil, devido à maior disparidade entre os valores pedidos por vendedores e os ofertados por compradores. De um lado, os produtores estão focados nas atividades de campo no Brasil, sem interesse em comercializar grandes volumes no spot nacional. Esses agentes estão cautelosos por conta das irregularidades climáticas no País. Os consumidores estão afastados das compras, indicando estarem abastecidos para o médio prazo. Esses demandantes também estão atentos ao elevado excedente da safra 2022/2023 e à possibilidade de chuvas nos próximos dias nas principais regiões, o que, por sua vez, tende a reforçar as expectativas de produção recorde de soja na temporada 2023/2024.

Diante disso, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,8%, cotado a R$ 149,19 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 64,12 por saca de 136,68 Kg. Nos últimos sete dias, os preços acumulam baixa de 1,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A queda nos preços nacionais se deve, também, às desvalorizações cambial e externa. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2023 da soja apresenta recuo significativo de 2,7% nos últimos sete dias, a US$ 12,79 por bushel. 28,4% da área de soja foi cultivada no Brasil até o dia 21 de outubro, abaixo dos 34,1% semeados há um ano. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) aponta que 58% da área de soja foi cultivada até o dia 26 de outubro.

Nas regiões oeste e centro-oeste do Paraná, a semeadura de soja já foi praticamente concluída. Embora as recentes chuvas tenham ocorrido de forma irregular, há previsões de maior índice pluviométrico para os próximos dias, o que deve beneficiar as lavouras dessas regiões. Os produtores da região norte do Paraná, atentos às previsões de chuvas, intensificaram as atividades de campo. Na região sul do Estado, os trabalhos foram interrompidos pelas chuvas, que devem persistir até o dia 2 de novembro, de acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cpetec). Em Mato Grosso, a semeadura da safra 2023/2024 alcançou 60% da área estadual até o dia 20 de outubro, abaixo dos 66,9% cultivados há um ano. O baixo índice hídrico e as chuvas mal distribuídas têm deixado os produtores em alerta. O Cptec indica possibilidade de chuvas a partir de novembro para praticamente todo o Estado. A semeadura da soja alcançou 30% da área em Mato Grosso do Sul e 20% em Goiás, respectivamente abaixo dos 49% e 37% cultivados há um ano.

Em Minas Gerais, as precipitações não têm ocorrido de forma homogênea, mas há previsões de chuvas para os próximos dias. 6,4% da área de soja foi cultivada no estado, abaixo dos 20,8% semeados em igual período da safra passada. A região de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) deve intensificar as atividades de campo a partir de novembro. Mas, a probabilidade de chuvas para esta região é baixa. Apenas 1% foi da área foi cultivada no Maranhão e 8% em Tocantins. Os produtores do Piauí ainda não iniciaram as atividades. Na Bahia, 4% da área de soja foi semeada até o dia 21 de outubro. No Rio Grande do Sul, as condições do solo permitiram o início da semeadura da oleaginosa. A região sul do Estado apresentou maior intensidade nas atividades de campo. O Cptec prevê chuvas intensas para os próximos dias, o que pode retardar as atividades no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. No Hemisfério Norte, a colheita da safra 2023/2024 segue intensa.

De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 76% da área norte-americana cultivada com soja foi colhida até o dia 22 de outubro, e, embora esteja 2% abaixo do mesmo período do ano passado, ainda está acima dos 67% do volume médio colhido nos últimos cinco anos. Os preços do óleo também estão em baixa, pressionados por expectativas de maior oferta deste subproduto. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de 2,3% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.229,04 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 do óleo de soja tem baixa de 2,6% no mesmo comparativo, a US$ 1.140,66 por tonelada. Na contramão da soja e do óleo de soja, os preços do farelo seguem em alta, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. As valorizações estão atreladas à aquecida demanda global pelo derivado. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 do farelo de soja registra avanço de 1,5% nos últimos sete dias, indo para US$ 404,40 por tonelada. Além da valorização externa, os preços brasileiros são influenciados também pela maior procura de compradores regionais. Diante disso, o farelo de soja apresenta valorização de expressivos 3,2% nos últimos sete dias. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.