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16/Oct/2023

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de sustentação para as cotações futuras da soja, após a redução da produção prevista na safra dos EUA em 2023/2024. A projeção inicial nos EUA de colheita era de uma colheita de 122,7 milhões de toneladas em maio/2023 e foi reduzida para 111,7 milhões de toneladas no relatório de outubro/2023. Entretanto, para o 1º semestre de 2024, a oferta global tende a crescer, com previsão de produção recorde na América do Sul, com maiores colheitas no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A expectativa, também, é de incremento na área plantada de soja nos EUA na próxima temporada 2024/2025, com recuo na superfície plantada de milho. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos do 1º semestre de 2024 oscilam entre US$ 13,00 e US$ 13,40 por bushel, enquanto os contratos para o 2º semestre de 2024 giram entre US$ 12,60 e US$ 13,40. Os prêmios nos portos brasileiros estão positivos para embarques entre outubro e dezembro de 2023, indicando um viés de alta para o restante desta temporada 2023.

Para o 1º semestre de 2024, os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, indicando um viés baixista para as cotações domésticas entre os meses de janeiro e julho de 2024. Os preços da soja caíram no mercado brasileiro nos últimos dias. A pressão veio da desvalorização do dólar frente ao Real de 2,4% entre os dias 5 e 11 de outubro e da intensificação da colheita de soja nos Estados Unidos. Esse contexto atraiu importadores ao Hemisfério Norte e resultou em menor demanda pela oleaginosa brasileira. Na última semana, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá e CEPEA/ESALQ Paraná registraram quedas de 2,6% e de 2,3%, respectivamente, fechando a R$ 141,21 por saca de 60 Kg e a R$ 134,42 por saca de 60 Kg. Na média das regiões, os preços cederem 1,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 1,2% no de lotes (negociações entre empresas). Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2023 da soja avançou 0,7% nos últimos sete dias.

Além da maior demanda, a alta externa foi sustentada por estimativas indicando menor produção nos Estados Unidos. De acordo com o relatório do USDA de outubro, a produção norte-americana da safra 2023/2024 foi revisada negativamente em 1% frente ao mês anterior, projetada agora em 111,7 milhões de toneladas, a menor desde 2019/2020, quando os EUA produziram menos de 100 milhões de toneladas. Por outro lado, a maior colheita da oleaginosa na América do Sul deve compensar a menor oferta no Hemisfério Norte. Assim, a produção mundial está estimada em 399,5 milhões de toneladas pelo USDA. A produção no Brasil é apontada em 163 milhões de toneladas pelo USDA e em 162 milhões de toneladas pela Conab. Quanto aos preços do farelo, estão praticamente estáveis (-0,2%) na última semana considerando-se a média das regiões. Grande parte dos consumidores domésticos realizou contratos de longo prazo e não tem necessidade de novas aquisições no spot nacional.

A valorização externa do derivado também influenciou a estabilidade no Brasil. O contrato Outubro/2023 do farelo de soja de soja negociado na Bolsa de Chicago avançou significativos 3,7% na última semana. A valorização externa, por sua vez, se deve às recentes projeções do USDA, que indicaram exportação recorde de farelo de soja nos EUA, de 13,88 milhões de toneladas, 1,3% a mais que o estimado em setembro/2023 e 5% acima da quantidade escoada na safra anterior. O consumo norte-americano segue projetado em volume recorde, de 35,76 milhões de toneladas, 2% superior ao da safra passada. Ao contrário do grão e do farelo, os preços do óleo de soja seguem em alta no mercado brasileiro, impulsionados pela firme demanda, sobretudo por indústrias de biodiesel no Brasil. O maior apetite do setor industrial, por sua vez, segue desafiando as indústrias alimentícias nas aquisições de óleo de soja e no repasse para seus produtos finais.

Nos últimos sete dias, o óleo bruto e degomado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) se valorizou 2,3%, indo para R$ 5.422,40/tonelada. Vale observar que, embora os prêmios de exportação do óleo de soja no Brasil tenham reagido nos últimos dias, quando analisado o mesmo período dos anos anteriores, os atuais patamares são os menores da série histórica iniciada em 2004. Esse cenário impediu altas mais acentuadas no preço do derivado no País. A alta nacional foi limitada, também, pela desvalorização externa. Nesse caso, a pressão veio de dados indicando diminuição no consumo de óleo por parte do setor alimentício. Embora o setor ainda lidere as aquisições de óleo nos EUA, com 52% do total das vendas, o USDA indica que o setor alimentício deve consumir 6,48 milhões de toneladas na safra 2023/2024, o menor volume desde 2019/2020. O contrato Outubro/2023 do óleo de soja em Chicago cedeu 5,9% na última semana, para US$ 1.200,85 a tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.