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18/Sep/2023

Tendência de preços sustentados para soja no Brasil

A tendência é de sustentação para as cotações futuras da soja, após a redução da produção prevista na safra dos EUA em 2023/2024. A projeção inicial de colheita era de 122,7 milhões de toneladas em maio/2023 e foi reduzida para 112,5 milhões de toneladas no relatório de setembro/2023. Na Bolsa de Chicago, essa redução da expectativa de colheita nos EUA elevou em 18,7% a cotação da soja para o vencimento novembro/2023, entre os dias 1º/06 e 15/09/2023. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos do 1º semestre de 2024 oscilam entre US$ 13,50 e US$ 13,90 por bushel, enquanto os contratos para o 2º semestre de 2024 giram entre US$ 13,00 e US$ 13,90. No Brasil, o preço da soja ao produtor acumula uma alta de 9% entre junho e setembro de 2023. Os prêmios nos portos brasileiros estão positivos para embarques entre setembro e dezembro de 2023, indicando um viés de alta para o restante desta temporada 2023. Para o 1º semestre de 2024, os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, indicando um viés baixista para as cotações domésticas entre os meses de janeiro e julho de 2024.

Os preços da soja registram quedas na última semana no Brasil. O movimento baixista está atrelado à desvalorização do dólar frente ao Real e ao enfraquecimento na demanda externa. Além disso, os produtores brasileiros estão otimistas para a safra 2023/2024 do Brasil, o que deve resultar em aumento de área. Apesar do clima favorável neste início da semeadura, agentes estão atentos ao impacto do El Niño. De acordo com o relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 12 de setembro, a área brasileira está projetada em 45,6 milhões de hectares, 4% superior à safra 2022/2023 e um recorde, caso se confirme. O USDA estima produtividade média de 3,5 toneladas/hectare, o que resulta em uma oferta de 163 milhões de toneladas, um recorde. As regiões oeste e sudoeste do Paraná já iniciaram a semeadura da safra 2023/2024 e a ocorrência de chuvas intercaladas de sol favorecem as atividades de campo.

A semeadura da soja no Paraná já alcançou 10% da área estimada em Cascavel. As regiões de Toledo e de Pato Branco também iniciaram as atividades, com 1% da área semeada. Além do Paraná, os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e de São Paulo encerraram, no dia 15 de setembro, o período do vazio sanitário. Essa medida fitossanitária é uma das mais importantes para o controle da ferrugem asiática da soja. A região ocidental do Paraguai, também, encerrou o período de vazio sanitário da soja no dia 15 de setembro. É importante ressaltar que estimativas do USDA indicam possível crescimento na demanda na safra 2023/2024, visto que o Brasil deve exportar volume recorde de 97 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, 2,1% a mais que as 95 milhões de toneladas previstas para a safra 2022/2023. O esmagamento é estimado em volume recorde de 55,75 milhões de toneladas na safra 2023/2024, 5,2% superior aos 53 milhões de toneladas estimadas para a atual safra (que se encerra ao final deste mês). Mesmo assim, espera-se que a oferta se sobressaia a demanda, reforçando o movimento baixista no mercado nacional.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,9%, cotado a R$ 147,12 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 3,2% nos últimos sete dias, a R$ 139,08 por saca de 60 Kg. Ambos os preços são os menores desde 11 de agosto deste ano. Nos últimos sete dias, as cotações apresentam baixa de 2,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços do farelo e do óleo de soja estão pressionados no mercado brasileiro pela maior oferta da matéria-prima e pela cautela dos consumidores domésticos. As cotações do farelo de soja registram recuo de 0,5% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de 1,7% no mesmo comparativo, a R$ 5.239,63 por tonelada. O USDA estima queda nas exportações de óleo de soja no Brasil na temporada 2023/2024, prevista em 2,25 milhões de toneladas, 18,2% inferior às 2,75 milhões de toneladas na safra 2022/2023.

O consumo doméstico, por sua vez, segue em crescimento, previsto em volume recorde de 8,45 milhões de toneladas, 10% superior à safra 2022/2023. Ressalta-se que tanto o consumo industrial quanto alimentício, devem ser recordes na safra 2023/2024. Quanto ao farelo de soja, o consumo doméstico pode crescer pela 20ª safra seguida, para 20,7 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. A exportação também pode ser recorde, estimada em 22 milhões de toneladas de farelo de soja. Os Estados Unidos, por sua vez, estão se preparando para iniciar a colheita da safra 2023/2024. As condições climáticas irregulares em praticamente todo o ciclo do cultivo da soja, podem resultar na menor oferta desde a safra 2019/2020, projetada em 112,8 milhões de toneladas de soja. Diante da menor oferta e das estimativas de crescimento no esmagamento norte-americano (previsto em volume recorde de 62,3 milhões de toneladas), as exportações dos Estados Unidos podem cair pela terceira safra consecutiva, estimada em 48,7 milhões de toneladas de soja, 10% abaixo da safra passada.

Como resultado, o estoque final (em agosto/2023) dos Estados Unidos é projetado em 5,98 milhões de toneladas de soja, 12% inferior à safra passada e o menor volume das últimas oito temporadas. Vale lembrar que os estoques iniciais da temporada 2023/2024, ou seja, no início deste mês, foi de 6,8 milhões de toneladas, o menor desde à safra 2016/2017. Os Estados Unidos devem consumir 35,76 milhões de toneladas de farelo de soja e exportar 13,69 milhões de toneladas na safra 2023/2024, ambos volumes são recordes. O consumo norte-americano de óleo de soja deve registrar volume recorde de 12,24 milhões de toneladas, influenciado, sobretudo, pela maior demanda do setor industrial. Diante disso, na Bolsa de Chicago, o contrato de vencimento Outubro/2023 do farelo de soja tem alta de 1,0% nos últimos sete dias, a US$ 441,36 por tonelada. O contrato Outubro/2023 do óleo de soja registra alta de 1,3% no período, a US$ 1.386,69 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.