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04/Sep/2023

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é de alta dos preços da soja no mercado brasileiro até o final da entressafra, em dezembro de 2023. As cotações futuras da soja estão em alta, com a redução na projeção da safra 2023/2024 nos EUA. O contrato novembro/2023 na Bolsa de Chicago acumula alta de 21,6% desde o dia 1º de junho de 2023. As cotações futuras para a safra 2023/2024 giram na faixa entre US$ 13,70 e US$ 14,20 por bushel. No Brasil, as cotações acumulam uma alta de 11% desde o dia 1º de junho de 2023. Os prêmios nos portos brasileiros estão positivos para embarques entre setembro e dezembro de 2023, projetando continuidade da recuperação dos preços internos. Os preços da soja subiram no mercado brasileiro em agosto, influenciados por incertezas quanto à produção da safra norte-americana, pela valorização do dólar frente ao Real e pela retração de parte dos produtores nacionais. Na última semana do mês passado, as altas foram intensificadas, devido à maior demanda, sobretudo externa.

As indústrias nacionais também estiveram ativas nas negociações, mas as valorizações menos significativas dos derivados diminuíram a margem de lucro dessas empresas, o que limitou as aquisições do grão. Com isso, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 1,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 151,51 por saca de 60 Kg. Entre julho e agosto, o avanço foi de 1,2%, com a média do último mês a R$ 148,55 por saca de 60 Kg, a maior desde março deste ano, em termos reais (médias deflacionadas pelo IGP-DI, de julho/2023). Na comparação anual, a média atual está 14,7% inferior à de agosto/2022, também em termos reais. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 1,7% nos últimos sete dias, a R$ 141,90 por saca de 60 Kg. A média de agosto deste Indicador, de R$ 139,84 por saca de 60 Kg, também foi a maior desde março/2023, em termos reais, 1,8% acima da de julho, mas 17,4% abaixo da de agosto/2022.

Vale ressaltar que as negociações de soja nos portos da Região Sul do Brasil vêm crescendo. Isso porque a falta de espaço no Porto de Santos (SP), principal canal de exportação de soja do Brasil, redirecionou a comercialização para os demais portos. Também há relatos de dificuldades nos negócios de soja para embarque imediato no Porto de Paranaguá (PR). Diante disso, o preço da soja no Porto de São Francisco do Sul (SC) registra alta de 3% nos últimos sete dias, a 154,03 por saca 60 Kg. No Porto de Rio Grande (RS), os valores da soja estão ainda maiores, a R$ 159,97 por saca de 60 Kg, também 3% superior nos últimos sete dias. No comparativo mensal, ambos os portos registram as maiores médias desde março/2023. Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam avanço de 1,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). No comparativo entre julho e agosto, as elevações foram de 1,7% e de 2,5%, respectivamente.

Em um ano, entretanto, observam-se quedas nominais de 23,4% no mercado de balcão e de 23,2% no mercado de lotes. Na média de agosto, a moeda norte-americana avançou 2,1% sobre a de julho, mas caiu 4,7% sobre a de agosto/2022. As atenções começam a se voltar ao clima no Brasil, devido à proximidade do período de semeadura da safra 2023/2024. O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Ceptec) indica que há mais de 90% de probabilidade de que o de El Niño continue a se manifestar pelo menos até o final do ano. Esse fenômeno tende a elevar o volume de chuvas nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, o que beneficiaria o início das atividades de campo. Porém, o El Niño deve reduzir a umidade nas Regiões Norte e Nordeste do País. As negociações da soja da safra 2023/2024, por sua vez, estão menos intensas, tanto na venda quanto na modalidade barter. Embora o custo médio desta safra esteja menor que a da anterior (2022/2023), os preços de venda também caíram, resultando em relação de troca menos atrativa aos produtores.

A demanda por farelo e óleo de soja também está firme, especialmente devido ao maior apetite global. As comercializações, por sua vez, são limitadas pela baixa margem das indústrias brasileiras. Com base nos preços da soja, do farelo e do óleo de soja negociados no estado de São Paulo, o crush margin estava em R$ 365,79 por saca de 60 Kg no dia 31 de agosto, o menor resultado desde 29 de setembro de 2022. Os preços do farelo de soja acumulam valorização de 0,6% nos últimos sete dias. Entre as médias de julho e agosto, a alta foi de 1,5%. No comparativo anual, entretanto, observa-se baixa de 5,7%, em termos reais. Quanto ao óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem alta de 0,8% nos últimos sete dias, a R$ 5.234,38 por tonelada. Em agosto, a média deste subproduto foi de R$ 5.208,83 por tonelada, 2,3% superior à de julho, mas 28% abaixo da média de agosto/2023, em termos reais. Trata-se também da maior média desde abril deste ano.

Os contratos futuros do complexo soja negociados na Bolsa de Chicago se mantêm praticamente estáveis nos últimos sete dias. Já a média de agosto caiu frente à do mês anterior, devido à proximidade da colheita da safra 2023/2024. As lavouras norte-americanas começaram a registrar quedas de folhas e à valorização do dólar, que desfavorece as negociações de soja nos Estados Unidos. Em agosto, o contrato de primeiro vencimento da soja registrou a menor média mensal desde maio deste ano, a US$ 13,88 por bushel, sendo 7,9% inferior à média de julho e 11,6% abaixo da de agosto/2022, em termos nominais. O contrato de primeiro vencimento do farelo de soja caiu 2,2% entre os julho e agosto e 10,8% no comparativo anual. Quanto ao primeiro vencimento do óleo de soja, as desvalorizações foram de 2% de julho para agosto e de 3,2% de agosto/2022 para agosto/2023. Fontes: Cepa e Cogo Inteligência em Agronegócio.