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21/Aug/2023

Tendência é altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja nos médio e longo prazos mercado brasileiro, impulsionadas pelo avanço das cotações futuras em Chicago, com o corte na estimativa da safra 2023/2024 dos Estados Unidos e condições climáticas ainda adversas na última semana. A previsão de produção do país foi reduzida de 117,0 milhões de toneladas para 114,4 milhões de toneladas em 2023/2024. Na Bolsa de Chicago, o contrato da soja com vencimento em novembro/2023, que reflete a entrada da colheita norte-americana no mercado, subiu de US$ 11,46/bushel no dia 1º/06/2023 para US$ 13,53/bushel na sexta-feira (18/08/2023), acumulando uma expressiva alta de 18,1%. A valorização do dólar frente ao Real, a expectativa de maior demanda externa pela soja do Brasil e a retração de grande parte dos produtores brasileiros estão impulsionando as cotações da oleaginosa. Entretanto, a liquidez está baixa no spot nacional, devido à falta de cotas nos portos.

Nos últimos sete dias, os preços da soja registram avanço de 0,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 1,2%, cotado a R$ 148,49 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra leve alta de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 139,85 por saca de 60 Kg. No mercado de farelo de soja, os preços apresentam movimentos distintos dentre as regiões, uma vez que parte dos consumidores está abastecida para o médio prazo, ao passo que outra parcela intensifica as compras no curto prazo. Assim, o preço do farelo de soja permanece praticamente estável nos últimos sete dias. Os valores do óleo de soja estão pressionados no Brasil pela retração de compradores.

Grande parte dos demandantes adquiriu volumes elevados na semana anterior e, agora, estão cautelosos nas aquisições. Assim, o óleo de soja posto em São Paulo com 12% de ICMS registra desvalorização de 3,4% nos últimos sete dias, a R$ 5.010,80 por tonelada. No front externo, os preços futuros sofrem pressão da valorização do dólar, que torna a commodity norte-americana menos atrativa aos importadores. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento (Setembro/2023) do farelo de soja tem queda de 3,7% nos últimos sete dias, a US$ 440,48 por tonelada, o menor patamar desde 15 de junho deste ano. O contrato futuro do óleo de soja registra expressiva valorização de 5,6% nos últimos sete dias, a US$ 1.493,84 por tonelada. Essa alta está atrelada à maior demanda, sobretudo para a produção de biodiesel, e aos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia.

Em relatório divulgado no dia 11 de agosto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção mundial da safra 2022/2023 em 369,7 milhões de toneladas e o esmagamento, em 311,5 milhões de toneladas. Frente ao relatório anterior, houve ajuste positivo na estimativa de esmagamento na China, para 92 milhões de toneladas. Também foram previstas maiores importações por parte da China, em 100 milhões de toneladas, um recorde, e para a Argentina, a 9,2 milhões de toneladas. As transações globais da temporada 2022/2023 são previstas em 168,95 milhões de toneladas, das quais 94 milhões de toneladas devem sair do Brasil entre outubro/2022 e setembro/2023. Desse volume, o Brasil já escoou 84,5 milhões de toneladas até 11 de agosto. Para a temporada 2023/2024, o USDA reduziu a estimativa de produção dos Estados Unidos, pouco alterou as estimativas de esmagamento e de importação e fez alguns ajustes nas previsões de exportações, reduzindo especialmente os embarques norte-americanos.

No agregado, a produção da temporada 2023/2024 é apontada em 402,8 milhões de toneladas, 8,9% maior que a temporada passada. O esmagamento é previsto em 329,5 milhões de toneladas (+5,8%) e as transações mundiais devem ser de 168,77 milhões de toneladas (-0,1%). Com isso, as estimativas são de elevação dos estoques de passagens, fazendo com que a relação estoque final/demanda total fique em 31,1%, a maior desde a temporada 2018/2019. Este é um dos fatores que tendem a limitar a sustentação das cotações no curto prazo. Vale considerar que estes dados ainda dependerão do desempenho de toda a safra da América do Sul entre este segundo semestre e o primeiro semestre de 2024. De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do USDA, divulgado no dia 14 de agosto, 59% das lavouras norte-americanas estão em condições entre boas e excelentes, aumento de 5% em relação à semana anterior. Em condições medianas estão 29% das lavouras, 3% abaixo do registrado há uma semana. E entre condições ruins e muito ruins estão 12% das lavouras, abaixo dos 14% na semana anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.