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07/Aug/2023

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é de alta dos preços da soja nos médio e longo prazos mercado brasileiro, impulsionadas pelo avanço das cotações futuras em Chicago, que têm sido impactadas pelas condições climáticas adversas na safra 2023/2024 dos Estados Unidos e pela escalada dos valores dos óleos vegetais com acirramento no conflito entre Rússia e Ucrânia. Na Bolsa de Chicago, o contrato da soja com vencimento em novembro/2023, que reflete a entrada da colheita norte-americana no mercado, subiu de US$ 11,46/bushel no dia 1º/06/2023 para US$ 13,82/bushel na sexta-feira (04/08/2023), acumulando uma expressiva alta de 17,2%. No curto prazo, entretanto, os preços do complexo soja estão em queda no Brasil e nos Estados Unidos neste começo de agosto. A pressão sobre os valores vem dos estoques elevados no Brasil, mesmo que as vendas sejam recordes nesta temporada, a oferta está se sobressaindo à demanda, devido à safra 2022/2023 volumosa no País.

Além disso, as recentes chuvas em áreas de cultivo de soja nos Estados Unidos trouxeram alívio aos agentes da cadeia, mas muitos seguem atentos ao campo, tendo em visa que agosto é um mês decisivo para a produtividade da safra norte-americana. Vale observar que, embora as exportações da oleaginosa brasileira estejam em ritmo acelerado, o preço recebido é o menor em dois anos. De janeiro a julho deste ano, saíram dos portos brasileiros o volume recorde de 72,46 milhões de toneladas de soja, 19,7% a mais que no mesmo período de 2022. O preço recebido pela soja exportada em moeda nacional foi de R$ 141,63 por saca de 60 Kg em julho deste ano, o menor desde julho/2021. Diante desse cenário e da elevação do frete rodoviário no Brasil, grande parte dos agentes prefere guardar o remanescente da safra 2022/2023 para negociar ao longo do segundo semestre. A tendência é de redução no frete rodoviário, devido à finalização da colheita de milho e de mais opções para viagem de retorno, com o fluxo de importações de insumos para a safra 2023/2024.

Do lado dos compradores, também há afastamento nas aquisições envolvendo grandes volumes. Esses agentes estão atentos à proximidade da entrada da safra nos Estados Unidos, à oferta elevada no Brasil e às estimativas de produção ainda maior na temporada 2023/2024 brasileira. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,7%, cotado a R$ 147,30 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,3% nos últimos sete dias, a R$ 138,72 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram recuo de 2,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços dos derivados também estão pressionados.

No caso do óleo, a desvalorização se deve, sobretudo, à diminuição na demanda do setor industrial. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra expressiva queda de 5,3% nos últimos sete dias, a R$ 4.998,28 por tonelada. Quanto ao farelo, parte dos consumidores, com estoque baixo, está ativa nas aquisições, ao passo que outros preferem aguardar para adquirir novos volumes. As cotações apresentam queda de 1% nos últimos sete dias. Mesmo com a queda nos preços dos derivados, a margem de lucro das indústrias registra leve crescimento, visto que a desvalorização da matéria-prima foi mais acentuada. Assim, com base nos preços da soja, do farelo e do óleo de soja negociados no estado de São Paulo, o “crush margin” é de R$ 501,32 por tonelada, aumento de 0,66% nos últimos sete dias. Ressalta-se, entretanto, que o recuo nos preços do complexo soja foi limitado pela valorização do dólar frente ao Real, que deixou parte dos produtores retraídos das vendas.

Esses agricultores têm expectativas de preços maiores a curto e médio prazos. Em relação às vendas externas, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 239,98 mil toneladas de óleo de soja em julho, o maior volume para o mês em 23 anos. Na parcial deste ano (de janeiro a julho), o Brasil escoou a quantidade recorde de 1,62 milhão de toneladas de óleo de soja. De farelo de soja, o Brasil exportou volume histórico para o mês de julho, de 2,19 milhões de toneladas. De janeiro a julho de 2023, já foram embarcadas 12,96 milhões de toneladas desse subproduto, volume também recorde para o período. A valorização do dólar, entretanto, está pressionando os contratos futuros do complexo soja negociados nos Estados Unidos, já que esse cenário eleva a atratividade do produto brasileiro em detrimento do norte-americano.

Além disso, embora o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 31 de julho, tenha indicado piora na qualidade da safra norte-americana, o maior volume de chuva nos Estados Unidos nos últimos dias gerou expectativas de recuperação das lavouras. O movimento baixista se deve, também, ao menor escoamento da oleaginosa nesta temporada. Na parcial da safra 2022/2023 (de setembro/2022 a 27 de julho/2023), os Estados Unidos escoaram 50,5 milhões de toneladas da oleaginosa, volume 5,9% inferior ao embarcado no mesmo período da temporada anterior (53,68 milhões de toneladas). Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento (Agosto/2023) do farelo de soja registra desvalorização de 2,9% nos últimos sete dias, a US$ 497,36 por tonelada. Quanto ao óleo de soja, a retração é de 2,4% nos últimos sete dias, a US$ 1.476,86 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.