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31/Jul/2023

Tendência de alta para os preços da soja no Brasil

A tendência é de alta dos preços da soja no mercado brasileiro, impulsionadas pelo avanço das cotações futuras em Chicago, que têm sido impactadas pelas condições climáticas adversas na safra 2023/2024 dos Estados Unidos e pela escalada dos valores dos óleos vegetais com acirramento no conflito entre Rússia e Ucrânia. Na Bolsa de Chicago, o contrato da soja com vencimento em novembro/2023, que reflete a entrada da colheita norte-americana no mercado, subiu de US$ 11,46/bushel no dia 1º/06/2023 para US$ 13,82/bushel na sexta-feira (28/07/2023), acumulando uma expressiva alta de 20,6%. No mercado interno, o repasse parcial dessas altas já ocorre e deverá prosseguir nas próximas semanas, caso persista o quadro de seca nas áreas produtoras dos Estados Unidos. A disputa entre compradores domésticos e internacionais pela soja brasileira está acirrada, refletindo em alta nos preços internos.

A indústria esmagadora nacional mostra maior necessidade de matéria-prima para recebimento no mercado spot, devido à firme demanda doméstica pelos derivados e às expectativas de crescimento na procura externa, reflexo dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia (o que pode redirecionar importadores de óleo de soja para o Brasil) e da menor oferta na Argentina. Além disso, as irregularidades climáticas no Hemisfério Norte influenciam as negociações da soja brasileira de médio a longo prazo, dando início às vendas com entrega em outubro deste ano. Vale observar que o interesse no embarque no em outubro vinha sendo o mais tardio desde 2017. Consumidores internacionais estão cautelosos nas comercializações para o último trimestre do ano. Os produtores brasileiros estão retraídos nas vendas envolvendo grandes volumes. Uma parcela dos produtores prefere guardar o remanescente da safra 2022/2023 em silos-bolsa em vez de comercializar no mercado spot. Esse tipo de armazenamento não é comum para a soja, pois pode elevar a umidade do grão.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,3%, cotado a R$ 151,40 por saca de 60 Kg. Entre a média de junho e de julho, a elevação é de expressivos 7,4%, indo para R$ 146,51 por saca de 60 Kg, o maior valor mensal desde março deste ano, em termos reais (calculado por meio do IGP-DI, de junho/2023). A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra valorização de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 142,01 por saca de 60 Kg. Na comparação mensal, a valorização é de significativos 6,7%, com média de R$ 137,01 por saca de 60 Kg, a maior desde março deste ano, em termos reais. Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam alta de 1,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Entre as médias de junho e de julho, as altas são de 8% e de 6,2%, respectivamente. Com maior visibilidade dos derivados do Brasil no cenário mundial, os preços estão em alta no mercado doméstico, elevando a margem de lucro das indústrias. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de expressivos 7,0% nos últimos sete dias, a R$ 5.276,39 por tonelada. No comparativo das médias mensais, a alta é de 1,4%. Quanto ao farelo de soja, as cotações apresentam alta de 1,9% nos últimos sete dias. Entre as médias de junho e de julho, o aumento é de 2,2%. Com base nos preços da soja, do farelo e do óleo de soja negociados no estado de São Paulo, o “crush margin” é de R$ 498,04 por tonelada, elevação de 17,34% nos últimos sete dias. No mercado internacional, os futuros estão sendo impulsionados pelo maior apetite global pela oleaginosa e pela piora na qualidade da safra norte-americana.

De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 24 de julho, 54% das lavouras norte-americanas estavam entre condições boas e excelentes, 1% inferior ao registrado na semana anterior. Em condições ruins ou muito ruins, houve piora de 1% em uma semana, totalizando 14%. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2023 do farelo de soja registra significativa alta de 5,4% nos últimos sete dias, a US$ 512,02 por tonelada. Na comparação mensal, a valorização é de significativos 6,8%, com média de US$ 478,47 por tonelada, o maior valor nominal desde abril deste ano. Quanto ao óleo de soja, o contrato Agosto/2023 apresenta valorização de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 1.512,58 por tonelada. Entre as médias de junho e de julho, a alta é de expressivos 18,5%, a US$ 1.503,32 por tonelada, a média mais elevada desde novembro/2022, em termos nominais. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do USDA, embora a demanda externa tenha apontado crescimento entre as duas últimas semanas, na parcial da safra 2022/2023 (de setembro/2022 a 20 de julho/2023), os Estados Unidos escoaram 50,2 milhões de toneladas da oleaginosa, volume 5,5% inferior ao embarcado no mesmo período da temporada anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.