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24/Jul/2023

Tendência é altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja nos mercados externo e interno, com a nova disparada das tensões na guerra entre Rússia e Ucrânia e com as condições climáticas adversas nas lavouras de soja e milho dos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato da soja com vencimento em novembro/2023 subiu de US$ 11,47 por bushel no dia 1º de junho para US$ 14,01 por bushel na sexta-feira (22/07), acumulando uma expressiva alta de 22,1%. No mercado interno, ainda muito ofertado e com os prêmios negativos nos portos brasileiros, avançou menos neste mesmo intervalo, com alta acumulada de 11,1%, subindo de uma média de R$ 126 por saca de 60 Kg no oeste do Paraná, para R$ 140 por saca de 60 Kg. Em Chicago, o ponto central de atenção ainda continua sendo o clima adverso nos Estados Unidos. Os próximos dias e semanas deverão, de acordo com os modelos climáticos, ser de chuvas abaixo da média e temperaturas acima, o que poderia agravar ainda mais as condições da safra 2023/2024.

E as expectativas são de que o potencial produtivo tanto da soja, como do milho, continue a perder força, devendo ser reajustado para baixo no próximo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em agosto. Nas bolsas de commodities, os fundos de investimentos cobriram posições vendidas após os ataques russos à infraestrutura portuária da Ucrânia. Os preços futuros do trigo, milho e soja estão sendo impulsionados pelos ataques russos contra os portos de Odessa e Chornomorsk, de onde a Ucrânia embarcou os maiores volumes de grãos durante a vigência do acordo do Mar Negro. Será difícil para a Ucrânia manter seus embarques de grãos no Mar Negro. As forças russas expandiram seus alvos após bombardeios na infraestrutura portuária do Mar Negro da região, após a retirada do acordo de grãos na segunda-feira passada (17/07). A Rússia mirou a infraestrutura crucial de exportação de grãos da Ucrânia após prometer retaliar um ataque que danificou uma ponte crucial entre a Rússia e a Península da Crimeia.

Os intensos ataques do exército russo contra a infraestrutura portuária e de grãos ucraniana e ameaças de escalada marítima fazem parte do esforço russo para aproveitar a saída da Rússia da iniciativa de grãos do Mar Negro e obter extensas concessões do Ocidente. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia anunciaram que vão tratar os navios um do outro como possíveis alvos militares em trajetos para os portos do Mar Negro. No mercado interno de soja, as indústrias brasileiras estão mais ativas nas aquisições do grão. Esse cenário eleva a disputa entre compradores domésticos e externos da oleaginosa, resultando em alta nos preços nacionais, que alcançaram os maiores patamares nominais desde abril deste ano. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,2%, cotado a R$ 149,47 por saca de 60 Kg, o maior valor nominal desde 10 de abril deste ano (R$ 150,71 por saca de 60 Kg).

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,7% nos últimos sete dias, a R$ 139,73, também o maior patamar nominal desde 13 de abril deste ano. Nos últimos sete dias, os preços da soja registram alta de 2,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto às exportações, o volume médio diário de soja embarcado na parcial deste mês ficou 74% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Na parcial deste ano, o Brasil já escoou 69 milhões de toneladas do grão, volume recorde quando comparado ao do mesmo período de anos anteriores. No entanto, as negociações para exportação foram limitadas pela baixa quantidade de cotas disponíveis para embarques entre julho e agosto. Com isso, observa-se maior liquidez para os contratos com entrega em setembro deste ano. Além disso, os prêmios de exportação para embarque em setembro estão mais atrativos aos vendedores que os de embarque em agosto/2023. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação do grão com embarque em agosto/2023 é ofertado a -US$ 0,80 por bushel pelo comprador. O prêmio de exportação para embarque em setembro/2023 é ofertado a +US$ 0,10 por bushel pelo comprador.

Quanto à safra 2023/2024, a liquidez está menor. Vale lembrar que a maior produção pode impedir altas de preços na próxima temporada. Apenas 10% da safra 2023/2024 foi comercializada. Os preços do farelo de soja também estão em alta. Além das influências da alta da matéria-prima e da valorização externa do derivado, a demanda pelo produto brasileiro segue aquecida, tanto por parte de compradores domésticos quanto de externos. Diante disso, as cotações do farelo de soja registram alta de 2,2% nos últimos sete dias. Os preços do óleo de soja estão pressionados, influenciados pela retração de grande parte dos compradores. Embora haja necessidade de adquirir novos volumes desse subproduto a médio prazo, as expectativas de maior processamento para suprir a demanda por farelo devem elevar a oferta de óleo de soja. Com isso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), apresenta recuou de 1,3% nos últimos sete dias, R$ 4.929,22 por tonelada. Diante desse contexto, com base nos preços da soja, do farelo e do óleo de soja negociados no estado de São Paulo, houve aumento de 12,18% na crush margin nos últimos sete dias. O farelo de soja registrou participação de 68,8% na margem de lucro das indústrias, a maior desde fevereiro/2021.

A alta externa dos preços do grão está atrelada às expectativas de maior demanda mundial por farelo e óleo de soja. A Ucrânia é o principal exportador mundial de óleo de girassol, o que pode elevar a demanda por óleo de soja. Na Bolsa de Chicago, o contrato de vencimento agosto/2023 do óleo de soja registra valorização de significativos 3,0% nos últimos sete dias, a US$ 1.491,19 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja registra forte alta de 4,3% no mesmo período, a US$ 485,56 por tonelada. De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do USDA, divulgado no dia 17 de julho, 55% das lavouras norte-americanas estavam entre condições boas e excelentes, 4% acima do registrado na semana anterior. Em condições medianas encontravam-se 32% das lavouras, 2% inferior à semana anterior, e 13% estavam em condições ruins ou muito ruins, melhora de 2% em sete dias. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.