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17/Jul/2023

Tendência é de alta para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja em grãos nos mercados externo e interno, com a seca persistente no cinturão produtor dos EUA e revisão da área plantada de soja nos EUA para baixo, com recuo da produção prevista na safra 2023/2024. O Monitor da Seca dos Estados Unidos mostrou que a parcela da área de soja com algum nível de estiagem passou de 60% para 57% na última semana. O número, no entanto, é muito superior ao de um ano atrás, de 25%. Na Bolsa de Chicago, o contrato da soja em grãos com vencimento em novembro/2023, que reflete a entrada da nova safra norte-americana no mercado, entre os dias 16/05 e a sexta-feira (14/07) avançou 16,9%, passando de US$ 11,74/bushel para 13,73/bushel. O dólar em baixa e os prêmios negativos nos portos brasileiros, além da oferta ainda elevada no mercado interno, represam uma recuperação mais consistente dos preços domésticos. O dólar fechou a sexta-feira (14/07) a R$ 4,79, com alta de 0,12%. Na semana passada, no entanto, a moeda norte-americana acumulou baixa de 1,43%.

O Brasil deve expandir suas exportações de farelo de soja na temporada 2022/2023, tornando-se o maior fornecedor mundial desse subproduto, à frente da Argentina (que, atualmente, é o principal exportador global de derivados de soja). O Brasil não liderava as vendas externas de farelo desde a safra 1997/1998. Diante disso, os prêmios de exportação de farelo de soja no Brasil seguem em alta e indicando maior crescimento para os contratos de longo prazo. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação do farelo de soja com embarque em agosto/2023 é ofertado a US$ 11,00 por tonelada curta pelo comprador e a US$ 13,00 por tonelada curta pelo vendedor. Na semana anterior, compradores indicavam US$ 6,00 por tonelada curta, e vendedores, US$ 9,00 por tonelada curta. Nesse contexto, os preços do farelo de soja registram alta de 0,8% nos últimos sete dias. No entanto, a alta no mercado doméstico é limitada pela desvalorização do dólar frente ao Real nos últimos sete dias. A cautela dos consumidores domésticos também limita as valorizações nas diferentes regiões.

Ressalta-se, contudo, que a maior parte dos agentes tem mostrado necessidade de adquirir novos volumes para o curto prazo. De acordo com o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado em 12 de julho, o Brasil deve exportar a quantidade recorde de 21,5 milhões de toneladas de farelo de soja na temporada 2022/2023 (de outubro/2022 a setembro/2023). De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), já saíram dos portos brasileiros 15,26 milhões de toneladas do derivado na parcial desta temporada (até junho/2023), ou seja, representando 71% da quantidade projetada pelo USDA. O aumento dos embarques brasileiros de farelo está atrelado à redução do processamento de soja na Argentina, que é estimado em apenas 30 milhões de toneladas (o menor das últimas 18 temporadas), e à maior demanda para consumo doméstico no país vizinho, que deve ser recorde, previsto em 3,35 milhões de toneladas. Como resultado, as exportações de farelo de soja da Argentina estão projetadas em 21,2 milhões de toneladas, a quantidade mais baixa desde a temporada 2004/2005.

As exportações do derivado dos Estados Unidos estão estimadas em 12,70 milhões de toneladas, o maior volume desde a safra 2017/2018. O consumo do país deve crescer nesta temporada, previsto em 35,56 milhões de toneladas, também recorde. Do lado da demanda, a União Europeia, a principal importadora global de farelo de soja, deve reduzir suas aquisições em 4,21% na safra 2022/2023, para 16 milhões de toneladas. Isso porque o consumo interno do bloco pode ser o mais baixo desde a safra 2012/2013. As importações da Indonésia (o segundo principal país importador de farelo de soja) estão estimadas em volume recorde de 5,7 milhões de toneladas na safra 2022/2023, crescimento de 3% sobre a safra anterior. Os preços da soja em grão estão em alta no mercado brasileiro. Além da maior demanda por parte de indústrias brasileiras, a procura externa pela oleaginosa está aquecida. O USDA reajustou as projeções de exportação de soja do Brasil para 94 milhões de toneladas, novo recorde e 1% acima do estimado no relatório anterior.

O consumo de soja no Brasil está previsto em 56,8 milhões de toneladas (de outubro/2022 a setembro/2023), quantidade recorde. Esse aumento foi influenciado pela estimativa de menor exportação da oleaginosa dos Estados Unidos, que tem projeção mais recente de 53,88 milhões de tonelada, 1% abaixo do estimado no relatório anterior e a quantidade mais baixa das últimas três safras. Além disso, a China (a principal importadora mundial de soja) deve adquirir no mercado externo 99 milhões de toneladas da oleaginosa na temporada 2022/2023. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 0,1%, cotado a R$ 146,27 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 1,2% nos últimos sete dias, a R$ 136,31. Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam alta de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2023 do farelo de soja apresenta forte alta de 3,5% nos últimos sete dias, a US$ 465,50 por tonelada. O contrato de vencimento Agosto/2023 do óleo de soja tem valorização de expressivos 4,3% no mesmo comparativo, a US$ 1.448,20 por tonelada. O movimento de alta no mercado externo, por sua vez, está atrelado às estimativas para a safra 2023/2024 no Hemisfério Norte. Isso porque, os dados apontavam produção recorde de soja nos Estados Unidos até o relatório passado, mas a projeção mais recente indica colheita de 117,0 milhões de toneladas, embora ainda 0,5% superior à safra passada, é 5,2% inferior à estimativa anterior. Esse cenário está atrelado à redução de área de soja nos Estados Unidos, estimada em 33,46 milhões de hectares, 4,2% inferior à safra passada e a menor das últimas três temporadas. Vale ressaltar que, embora as condições das lavouras estejam piores que as da temporada passada, devido às irregularidades climáticas, a produtividade média desta safra deverá ser de 3,5 toneladas por hectare, a maior da história. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.