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03/Jul/2023

Tendência é altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a revisão para baixo na área plantada e na produção dos EUA em 2023/2024, expressiva alta dos preços futuros no decorrer do mês de junho e melhora gradual dos prêmios nos portos brasileiros. Os futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam em forte alta na sexta-feira (30/06), impulsionados por uma redução significativa na previsão de área plantada nos EUA e por uma queda de 18% nos estoques ante 2022, ambos os dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O vencimento novembro/2023, o mais líquido, avançou 77,50 cents (6,1%) e fechou a US$ 13,43 por bushel. A área de soja nos EUA em 2023/2024 ficará em 33,79 milhões de hectares, ante os 35,41 milhões de hectares estimados em março. Com isso, a produção de soja dos EUA, que estava prevista em um recorde de 123 milhões de toneladas na safra 2023/2024, deverá atingir, no máximo, 113 milhões de toneladas.

Os preços do óleo de soja também estão em forte alta nos mercados externo e doméstico. Esse cenário está atrelado às expectativas de firme demanda por parte do setor de biodiesel. A Indonésia, maior exportadora global de óleo de palma, sinalizou nesta semana possível aumento na mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel, que pode passar de 35% para 40%. Vale lembrar que o governo da Indonésia já havia feito alterações em fevereiro deste ano, quando a mistura obrigatória passou de 30% para 35%. Caso esse cenário seja confirmado, a disponibilidade do óleo de palma da Indonésia para a exportação deve se reduzir (o país é o principal exportador mundial deste subproduto). Como consequência, a demanda global por óleo de soja deve aumentar, pois esses derivados são concorrentes diretos. Do lado da oferta, a Argentina (maior exportadora mundial de óleo de soja) deve disponibilizar ao mercado global apenas 3,75 milhões de toneladas do coproduto nesta temporada, a quantidade mais baixa em 22 anos.

A menor oferta, por sua vez, se deve à quebra na produção de soja no país, em decorrência do clima desfavorável no período de cultivo da oleaginosa. Assim, agentes de mercado esperam maior procura global pelo derivado nos Estados Unidos e no Brasil. Isso pode aumentar a disputa entre consumidores domésticos e externos, visto que o USDA projeta que as demandas internas de ambos os países sejam recordes na safra 2022/2023. Diante deste contexto, na Bolsa de Chicago, o contrato de vencimento Julho/2023 do óleo de soja registra expressiva valorização de 9,1% nos últimos sete dias, a US$ 1.341,06 por tonelada, o maior valor nominal desde 2 de março deste ano. Em junho, a alta foi de 11,5%. Já entre junho/2022 e junho/2023, observa-se queda, de 27,4%, em termos nominais. Além da valorização externa, os preços no Brasil também estão sendo influenciados pelo fato de indústrias da Região Sul sinalizarem possível aumento na produção de biodiesel, no intuito de atender a maior mistura ao óleo diesel.

Com isso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta forte alta de 5,6% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.026,68 por tonelada. Nas comparações mensal e anual, ainda há quedas, de 3,5% e de expressivos 42%, em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI, de maio/2023). Diante das expectativas de maior demanda por óleo de soja, os preços externo e interno do farelo de soja estão em baixa. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2023 registra desvalorização de 5,1% nos últimos sete dias, a US$ 444,23 por tonelada. A média mensal de junho foi 2,7% inferior à de maio/2023 e 5,3% abaixo da de junho/2022. Além da desvalorização externa, grande parte dos consumidores domésticos está afastada das aquisições, indicando ter estoques para os próximos 15 dias. Com isso, os preços do farelo de soja acumulam baixa de 2,7% nos últimos sete dias. A média de junho foi 3,7% inferior à de maio/2023 e 0,3% menor que a de junho/2022, em termos reais.

No Brasil, apesar da forte valorização externa, os preços são influenciados pelos estoques domésticos elevados. Ressalta-se que, com a entrada da 2ª safra de milho de 2023, cooperativas e cerealistas têm necessidade de liberar espaço nos armazéns. Com isso, mesmo a preços menores, a liquidez no mercado doméstico da oleaginosa está maior, sobretudo para exportação. Na parcial de junho, o Brasil já havia embarcado mais de 11 milhões de toneladas de soja, já superando as 9,9 milhões de toneladas escoadas há um ano. Esse cenário elevou os prêmios de exportação no Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, subiu 3,4%, cotado a R$ 138,70 por saca de 60 Kg. Em um ano, a queda é de 25%, em termos reais. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 2,1% nos últimos sete dias, para R$ 121,20 por saca de 60 Kg. Em um ano, o recuo é de 28%, em termos reais. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.