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19/Jun/2023

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de preços relativamente sustentados para a soja no mercado interno, com o clima seco no cinturão produtor dos Estados Unidos provocando altas das cotações futuras em Chicago. Entretanto, a queda do dólar anula boa parte dos ganhos das cotações futuras. O baixo volume de chuva no Meio Oeste dos Estados Unidos desde o começo deste mês preocupa agentes do setor de soja, tendo em vista que esse cenário pode prejudicar o desenvolvimento das lavouras. A semeadura foi praticamente finalizada no país, e o percentual de lavouras em condições boas e excelentes vem diminuindo semana após semana. Previsões indicam chuva nos próximos dias, o que pode amenizar possíveis impactos sobre a produção. Apesar desse cenário, estimativas divulgadas neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam expressivo aumento da oferta mundial do grão na safra 2023/2024 e na safra brasileira (2022/2023).

O USDA aponta que a oferta global pode superar a demanda, o que elevaria a relação estoque final/demanda total de 27,8% para 31,9%, a maior em cinco safras. Em relatório divulgado no dia 9 de junho, o USDA indicou que a produção mundial da safra 2023/2024 deve ser de 410,7 milhões de toneladas, leve aumento de 0,03% em relação ao relatório anterior e 11% superior ao da temporada passada. As altas entre as temporadas 2022/2023 e 2023/2024 estiveram atreladas aos aumentos estimados nas produções nos Estados Unidos, no Brasil e na Argentina, que não foram alteradas frente aos dados divulgados em maio. Do lado do esmagamento, entre os relatórios de maio e de junho, houve ajustes negativos apenas para a estimativa da Argentina, que passou para 36 milhões de toneladas, mas que ainda ficou 20% acima dos dados de 2022/2023. O USDA aponta esmagamento global de 331,9 milhões de toneladas (+6,3%), demanda para o setor alimentício de 24,4 milhões de toneladas (+5,5%) e demanda para ração de 29,8 milhões de toneladas (+4,6%).

No total, a demanda mundial de 2023/2024 passaria para 386,1 milhões de toneladas, 6,1% maior que na temporada anterior. O USDA estima que as transações mundiais de soja em grão cresçam 2,7%, para 169,8 milhões de toneladas, as de farelo de soja, 6,5%, para 66,4 milhões de toneladas, e as de óleo de soja, 10,9%, para 10,8 milhões de toneladas. Para o Brasil, a safra 2022/2023 de soja foi novamente reajustada positivamente no último relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção nacional pode somar 155,74 milhões de toneladas, alta de 24% frente à temporada passada. Vale ressaltar que a colheita no País está praticamente finalizada. A área com a oleaginosa também foi reajustada positivamente para 44,03 milhões de hectares, 6,1% superior à safra anterior, e com produtividade 17% superior na atual temporada. A previsão de exportação de soja é de 95,64 milhões de toneladas neste ano, um recorde, e 21,5% acima da de 2021/2022.

O esmagamento também será recorde, de 52,3 milhões de toneladas, com avanço de 5,9% sobre a safra anterior. O estoque de passagem deverá crescer, somando 7,5 milhões de toneladas em 31 de dezembro deste ano, expressivamente acima do estoque final da safra passada (3,13 milhões de toneladas). De óleo de soja, o Brasil deve produzir 10,55 milhões de toneladas na temporada 2022/2023, 5,6% superior à safra passada. O volume exportado permaneceu estimado em 2,6 milhões de toneladas e o consumo interno, em 8,19 milhões de toneladas. Com o maior volume de esmagamento, a produção de farelo de soja também subiu e deverá atingir 40,05 milhões de toneladas, 5,9% maior que a temporada 2021/2022. Quanto à demanda, 21 milhões de toneladas devem ser exportadas e 18,1 milhões de toneladas, consumidas internamente. Até o dia 10 de junho, a colheita nacional de soja somou 99,9% da área nacional, com apenas o Maranhão para finalizar os trabalhos de campo.

Na Argentina, de acordo com o relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 14 de junho, a colheita totalizou 98,1% da área, com a expectativa de produção de 21,5 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, segundo o USDA, até o dia 11 de junho, a semeadura atingiu 96% da área, avanço semanal de 5%, acima dos 87% do mesmo período da temporada passada e dos 86% na média dos últimos cinco anos. Quanto à qualidade das lavouras, 59% apresentaram boa ou excelente qualidade, 32%, médias e apenas 9% delas são classificadas como ruins ou péssimas, leve piora em comparação à semana anterior. Além disso, 86% das lavouras emergiram, contra 74% da semana anterior e 70% da média das últimas cinco temporadas (2018-2022). Além da possibilidade de oferta elevada, a desvalorização do dólar frente ao Real pressiona as cotações da soja e derivados no Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,0%, cotado a R$ 134,24 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 127,12 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços de soja registram recuo de 3,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas) e de 2,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Os consumidores de farelo de soja estão limitando o volume de compra do derivado. Com isso, os preços do farelo de soja apresentam baixa 5,9% nos últimos sete dias. No mesmo período, os valores de óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) acumulam recuo de 3,6%. Na Bolsa DE Chicago, o primeiro vencimento (Julho/2023) da soja em grão registra avanço de 4,8% nos últimos sete dias, a US$ 14,28 por bushel. Para o farelo de soja, o contrato Julho/2023 tem baixa de 2,4% no mesmo comparativo, a US$ 434,53 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta forte alta de 11,3% na mesma comparação, chegando a US$ 1288,15 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.