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16/Jun/2023

Safra global 2023/2024 ainda poderá ter surpresas

Nos últimos meses, os mercados de soja e milho têm visto preços mais pressionados, diante da oferta muito grande no Brasil, com a colheita recorde de soja e com a produção de milho também caminhando para a maior já registrada. As preocupações com a demanda também continuam pesando sobre as cotações, desenhando-se um cenário de descasamento entre a ampla disponibilidade e o avanço mais lento do consumo. Ademais, as perspectivas positivas para a safra dos Estados Unidos contribuíram para esse cenário de tom baixista para os preços, com o mercado apostando em um bom resultado no campo em ano de influência do El Niño. Essa perspectiva de oferta “tranquila” aliada a um avanço mais moderado da demanda é o que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) espera, por enquanto, em suas estimativas para a safra 2023/2024, com a produção mundial superando o consumo em mais de 20 milhões de toneladas no caso da soja e em mais de 15 milhões de toneladas para o milho, o que levaria a um aumento dos estoques finais.

Mesmo assim, ressalto que muita coisa ainda pode mudar, visto que a safra 2023/2024 vai começar a ser plantada no Brasil somente a partir de setembro. Atualmente, o foco está na safra norte-americana, com as condições meteorológicas no centro das atenções, o que é normal para esse período do ano, configurando o que se conhece como mercado climático. Nos meses do meio do ano, quando a safra dos Estados Unidos se desenvolve, as cotações do milho e da soja na Bolsa de Chicago tendem a apresentar maior volatilidade, situação que perdura até se ter uma ideia mais realista de qual será o tamanho da produção no país. Neste ano, especificamente, as perspectivas iniciais eram otimistas, considerando a influência do El Niño, contudo, nas últimas semanas, um padrão mais seco tem se desenvolvido em parte do Meio Oeste dos Estados Unidos, trazendo preocupações quanto a impactos negativos sobre as lavouras.

O período atual ainda não é o mais crítico para as plantas, com a fase de polinização do milho se concentrando em julho e o enchimento de grão da soja em agosto, estágios de desenvolvimento que devem adiantar um pouco por causa do plantio acelerado. Contudo, além das condições mais secas, as previsões até o fim de junho estão indicando chuvas abaixo do normal em grande parte do cinturão de grãos norte-americano, incluindo os maiores produtores, como Iowa e Illinois. As condições da safra dos Estados Unidos, até o momento, estão piores que a média de 5 anos e que o registrado no ano passado. No domingo (11/06), 61% das lavouras de milho do país estavam em condições boas/excelentes enquanto o percentual para a soja ficou em 59%. Alguns Estados, como Illinois, Michigan e Missouri registram um percentual bom/excelente abaixo de 50% para ambas as commodities.

Essas condições inferiores de safra acabam gerando comparações com anos em que houve quebra, com destaque para 2012, quando a produção dos grãos norte-americanos foi fortemente afetada pela falta de chuvas. Por exemplo, nesta mesma semana de 2012, o percentual bom/excelente do milho e da soja era mais elevado que o observado para a safra corrente. De qualquer maneira, ao se observar como as condições da safra 2012 dos Estados Unidos evoluíram, a piora foi ocorrendo ao longo dos meses, atingindo as mínimas para o percentual bom/excelente (29% para a soja e 22% para o milho) em agosto e setembro. Assim, por mais que as previsões indiquem um cenário menos favorável, ainda será preciso acompanhar o desenvolvimento das lavouras nos próximos meses para confirmar ou não potenciais prejuízos causados pelo clima, mantendo a volatilidade que já é típica do mercado nesse período. Fonte: Ana Luiza Lodi. Broadcast Agro.