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13/Jun/2023

BA: preço baixo de grãos deve inibir investimento

Segundo a Cooperativa dos Produtores Rurais da Bahia (Cooperfarms), os preços do milho e da soja praticados na região oeste da Bahia, maior produtora de grãos do Estado, acumulam queda aproximada, respectivamente, de 30% e de 43% neste ano. A cotação da soja passou de entre R$ 165,00 e R$ 170,00 por saca de 60 Kg em janeiro para em torno de R$ 120,00 por saca de 60 Kg em junho. No milho, o valor praticado no mercado recuou de R$ 80,00 por saca de 60 KG para entre R$ 46,00 e R$ 48,00 por saca de 60 Kg. O preço do algodão também está baixo. O produtor que não se fez hedge, terá dificuldade com os valores atuais. O custo dos insumos vem caindo, mas não em linha com o recuo dos preços das commodities. Em relação à rentabilidade da safra 2022/2023, que está sendo colhida e comercializada na região, ainda será positiva, mas abaixo da registrada nos ciclos anteriores.

A safra atual foi plantada com o maior custo de produção da história. A rentabilidade ainda será positiva porque trata-se de uma safra muito boa, com boas produtividades. Se fosse um ano de frustração de safra, o problema seria mais agravado. A rentabilidade vai depender ainda de como será a safra norte-americana, se a economia mundial e a demanda voltarão a crescer e a direção dos juros. No momento, não é possível mensurar o quanto será a queda da rentabilidade da safra 2022/2023 em virtude do baixo volume comercializado dos grãos, já que os produtores tendem a se retrair das vendas em meio aos preços mais baixos. O produtor está com boa parte da produção retida. Neste ano, de modo geral, a rentabilidade de todas as culturas está prejudicada. Os mercados de algodão, milho e soja estão baixos, e essas são as principais culturas que alavancam a região.

Quanto à comercialização atrasada da safra, o cenário se repete em todo o País com o agricultor segurando o grão na expectativa de recuperação das cotações. A conjuntura de arrefecimento dos preços e menor rentabilidade tende a retrair o produtor de maiores investimentos, tanto na renovação da frota de máquinas agrícolas quanto no próprio custeio da próxima safra. Os produtores estão apreensivos com o cenário incerto. Por exemplo, quem tem reserva de fertilizante no solo, vai reduzir também. O produtor vai buscar ajustar todos os investimentos e os custos. Há preocupação também dos produtores da região com o Plano Safra 2023/2024, que deve ser anunciado ainda neste mês e tem vigência a partir de 1º de julho. O Plano Safra terá que prever que os preços estão baixos. Se o produtor não conseguir um custo do dinheiro adequado, ele vai diminuir o investimento da lavoura. Os juros livres hoje são inviáveis, principalmente no momento de preços baixos.

A expectativa do setor produtivo é de queda na taxa de juros, em meio ao baixo consumo e menor pressão sob a inflação. É um cenário difícil para o produtor tomar decisão de investimento quanto à próxima safra, nessa conjuntura econômica e de baixa confiança dos produtores. Ele tende a continuar retraindo os investimentos e se precavendo de que pode ser ano de frustração na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) em virtude da expectativa de El Niño. A cautela dos produtores tende a se refletir também na área plantada na próxima safra na região. O ciclo 2023/2024 começa a ser implantado em meados de outubro na região oeste da Bahia. O produtor deverá diminuir o investimento em novas áreas. Será um ano sem grande expansão na soja e de redução de até 30% na área do milho. A decisão de intenção de plantio do produtor deve ser finalizada até meados de julho e agosto para conclusão da compra de insumos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.