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05/Jun/2023

Tendência de maior sustentação dos preços da soja

A tendência é de maior sustentação para os preços domésticos da soja, com viés de gradual recuperação para o segundo semestre deste ano, à medida que os prêmios vão subindo nos portos e reduzindo a pressão baixista sobre os valores de exportação. Na Bolsa de Chicago, os contratos com vencimentos no segundo semestre oscilam entre US$ 11,70 a US$ 12,60 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos em 2024 oscilam entre US$ 11,40 e US$ 11,90 por bushel. As negociações envolvendo a soja, que já estavam aquecidas nas primeiras semanas de maio, se intensificaram no encerramento do mês, período em que o dólar operou acima dos R$ 5,00. Esse cenário, somado à valorização externa, incentivou vendedores domésticos a elevarem o volume ofertado. Os importadores, por sua vez, foram atraídos também pela taxa cambial e pela queda no prêmio de exportação no Brasil. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de soja cresceram 8,8% de abril para maio e expressivos 47% entre maio/2022 e maio/2023, totalizando 15,6 milhões de toneladas no último mês.

Trata-se da maior quantidade mensal embarcada pelo Brasil desde abril/2021 e um recorde para o mês de maio. O preço FOB médio obtido pelas vendas externas de soja em maio/2023 foi de US$ 521,32 por tonelada (R$ 155,82 por saca de 60 Kg), o menor desde fevereiro/2021, tanto em dólar quanto em Reais. Para os próximos meses, a paridade de exportação indica preços menores, diante da queda dos prêmios de exportação e da elevada oferta no Brasil. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação de soja, para embarque em junho/2023, tem comprador a -US$ 0,80 por bushel. Na semana anterior, os compradores ofertavam -US$ 0,50 por bushel. O preço FOB da soja para embarque em junho/2023 registra queda de 2,7% nos últimos sete dias. Em Reais, com base no dólar futuro negociado na B3, a paridade de exportação de soja para embarque em junho/2023 é calculada em R$ 141,22 por saca de 60 Kg, e, para embarque em julho/2023, a R$ 142,33 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,3%, cotado a R$ 133,77 por saca de 60 Kg. O preço médio no último mês foi de R$ 138,11 por saca de 60 Kg, o menor desde fevereiro/2020, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abril/2023), com quedas de 4,9% frente ao valor de abril/2023 e de significativos 26,2% se comparado a maio/2022. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 127,43 por saca de 60 Kg. A média de maio, de R$ 131,16 por saca de 60 Kg, é a menor desde março/2020, em termos reais, com baixas de 5,7% em relação ao mês anterior e de expressivos 30,6% na comparação anual. Nos últimos sete dias, os preços registram baixa de 1,0% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 0,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Entre abril e maio, as retrações das médias mensais foram de 7,5% no mercado de balcão e de 6% no mercado de lotes e, em um ano, de 31,8% e de 30,9%, respectivamente. A liquidez da próxima safra (2023/2024) também está maior nos últimos dias. Com base no Porto de Paranaguá (PR), considerando-se o dólar futuro na B3, a paridade de exportação da soja para embarque em março/2024 é calculada em R$ 133,80 por saca de 60 Kg, próximo ao patamar negociado no spot nacional. Este valor é sustentado pelo maior prêmio de exportação no próximo ano e pela maior taxa cambial futura negociada na B3. No entanto, o contrato futuro Março/2024, na Bolsa de Chicago está 11% inferior ao vencimento Julho/2023. Atentos à possível queda no preço da matéria-prima, os compradores de farelo de soja seguem cautelosos nas aquisições. Os preços deste derivado apresentam recuo de 0,8% nos últimos sete dias.

Na comparação mensal, a baixa é de 6,5% e, na anual, de 2,6%, em termos reais. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem leve valorização de 0,7% nos últimos sete dias, indo para R$ 4.973,35 por tonelada. Em maio, no entanto, a média foi de R$ 5.176,15 por tonelada, 5,3% inferior à média de abril/2023 e expressivos 43,7% abaixo da registrada em maio/2022. Trata-se, também, da menor média desde abril/2020, em termos reais. Os preços futuros da soja são sustentados pela valorização do farelo de soja e por preocupações com o baixo índice pluviométrico no Hemisfério Norte. A estiagem segue crescente em áreas centrais do Canadá e dos Estados Unidos, e agentes temem que o cenário climático se agrave com a chegada do El Niño. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou que 83% dos 35,08 milhões de hectares reservados para a soja nos Estados Unidos haviam sido cultivados até o dia 28 de maio, acima dos 64% de igual período de 2022 e dos 65% na média dos últimos cinco anos.

Do lado das vendas, na parcial desta temporada (setembro/2022 até maio/2023), os embarques dos Estados Unidos somaram 48,45 milhões de toneladas, 2,2% abaixo do volume escoado no mesmo período da safra passada. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento (Julho/2023) da soja, entre as médias de abril e maio, cedeu expressivos 6,9%, para US$ 13,85 por bushel no último mês, a menor desde outubro/2022. O contrato Julho/2023 do farelo de soja apresenta valorização de 1,1% nos últimos sete dias, indo para US$ 442,46 por tonelada. Em maio, a média foi de US$ 459,76 por tonelada, 7,4% abaixo da média de abril e a menor nominal desde novembro/2022. Para o óleo de soja, há queda de 1,4% nos últimos sete dias. De abril para maio, a queda foi de 7,9%, com a média de US$ 1.095,04 por tonelada, a menor desde fevereiro/2021, em termos nominais. Na Argentina, de acordo com o relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 86,9% da área de soja havia sido colhida até o dia 31 de maio. A estimativa de produção segue em 21 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.