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29/Mai/2023

Tendência de maior sustentação dos preços da soja

A tendência é de maior sustentação para os preços domésticos da soja, com viés de gradual recuperação para o segundo semestre deste ano, à medida que os prêmios vão subindo nos portos e reduzindo a pressão baixista sobre os valores nos portos brasileiros. Na Bolsa de Chicago, os contratos com vencimentos no segundo semestre de US$ 11,70 a US$ 12,60 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos em 2024 oscilam entre US$ 11,50 e US$ 12,00 por bushel. As condições climáticas favoráveis à semeadura da soja no Hemisfério Norte e a finalização da colheita no Brasil estão pressionando para baixo as cotações da soja no mercado internacional. A liquidez no mercado interno de soja está maior, influenciada sobretudo pela valorização do dólar frente ao Real, de 1,4% nos últimos sete dias, cenário que atrai os importadores ao Brasil. Os vendedores também estão estimulados a negociar, neste caso, diante da elevação dos prêmios de exportação.

Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação de soja, para embarque em junho/2023, tem comprador a -US$ 0,50 por bushel e vendedor a -US$ 0,35 por bushel. Na semana passada, os compradores ofertavam -US$ 0,65 por bushel e vendedores, -US$ 0,58 por bushel. Para embarques a partir de agosto/2023, os prêmios estão todos positivos até novembro/2023. O preço FOB da soja para embarque em junho/2023 tem alta de 1,3% nos últimos sete dias. Em Reais, com base no dólar futuro negociado na B3, a paridade de exportação de soja para embarque em junho/2023 é calculada em R$ 143,33 por saca de 60 Kg, e, para embarque em julho/2023, a R$ 146,90 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 0,5%, cotado a R$ 136,97 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 129,40 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram queda de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Ressalta-se que as altas nos prêmios e nos preços domésticos são limitadas pelos estoques elevados no Brasil, uma vez que a colheita da safra 2022/2023 no Brasil segue para a reta final. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 98,5% da área havia sido colhida até o dia 21 de maio. As regiões que faltam finalizar os trabalhos de campos são: Maranhão (90%), Santa Catarina (96%) e Rio Grande do Sul (93%). Além disso, embora o ritmo de negócios tenha crescido nos últimos dias, a comercialização desta temporada está lenta frente às safras passadas. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), em boletim divulgado no dia 25 de maio, apenas 43% das 22,3 milhões de toneladas a serem produzidas no Paraná haviam sido comercializadas até esta data, contra 65% na média das últimas cinco temporadas.

Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) sinaliza que 66% da safra havia sido negociada até o início deste mês, abaixo dos 74,35% de igual período da safra passada e dos 85,43% da média das últimas cinco temporadas. Diante das estimativas de estoques elevados na safra 2022/2023 e de novo recorde na produção brasileira na temporada 2023/2024, os valores para a próxima safra também estão cedendo. Com base no Porto de Paranaguá, o preço FOB da soja com embarque em março/2024 foi calculado a US$ 434,24 por tonelada, o menor patamar negociado para este contrato. Considerando-se o dólar futuro na B3, a paridade de exportação da soja para embarque em março/2024 é calculada em R$ 136,68 por saca de 60 Kg, com base no Porto de Paranaguá. A demanda pelos derivados da soja, por sua vez, está enfraquecida.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) está cotado a R$ 4.940,50 por tonelada, o menor valor nominal desde 4 de agosto de 2020 e queda de 3,4% nos últimos sete dias. Quanto ao farelo de soja, avicultores e suinocultores relatam estar abastecidos para o médio prazo e, por isso, estão afastados das aquisições do derivado. Nos últimos sete dias, os preços do farelo de soja apresentam recuo de 1,5%. No front externo, o cultivo em período adequado e com rapidez implica em expectativa de boa safra nos Estados Unidos, o que, somado à baixa demanda externa, pressiona os valores externos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2023 do farelo de soja apresenta baixa de expressivos 4,1% no mesmo período, a US$ 437,83 por tonelada. Para o óleo de soja, o contrato Julho/2023 avançou 2,6%, indo para US$ 1.069,67 por tonelada. Esta alta se deve à possível maior demanda pelo setor industrial nos Estados Unidos.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou, no dia 22 de maio, que 66% dos 35,08 milhões de hectares reservados para a soja nos Estados Unidos haviam sido cultivadas até o último final de semana, avanço de 17% em sete dias e acima dos 47% de igual período de 2022 e dos 52% na média dos últimos cinco anos. Conforme o relatório de inspeção e exportação do USDA, os embarques da oleaginosa norte-americana caíram 17% entre as duas últimas semanas. Na parcial desta temporada (de setembro/2022 até o dia 18 deste mês), as exportações dos Estados Unidos somaram 48,19 milhões de toneladas, 1,9% abaixo do volume escoado no mesmo período da safra passada. Na Argentina, de acordo com o relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 78,2% da área de soja havia sido colhida até o dia 23 de maio, avanço de 9% frente à semana anterior, mas 13,5% abaixo da média dos últimos cinco anos. A estimativa de produção segue em 21 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.