22/Mai/2023
O cenário é baixista para os preços da soja, com as cotações futuras recuando, refletindo condições climáticas favoráveis à safra 2023/2024 nos Estados Unidos. O aumento da oferta no mercado global e doméstico impacta sobre os preços. O contrato com vencimento em novembro/2023 caiu para abaixo de US$ 12 por bushel na sexta-feira (19/05). As condições climáticas favoráveis à semeadura da soja no Hemisfério Norte e a finalização da colheita no Brasil estão pressionando as cotações da oleaginosa nos mercados internacional e doméstico nos últimos dias. O enfraquecimento da demanda externa também pesa sobre as cotações, visto que os consumidores globais estão postergando as aquisições, na expectativa de adquirir lotes a preços menores nas próximas semanas. Esses agentes estão fundamentados na ampla oferta mundial da oleaginosa, prevista pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a 410,6 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, um novo recorde e 10,8% superior às 370,4 milhões de toneladas projetadas para a safra atual (2022/2023).
Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2023 da oleaginosa está cotado a US$ 13,05 por bushel, o menor valor nominal para um primeiro vencimento desde dezembro de 2021 e queda de 5,1% nos últimos sete dias. Os contratos Agosto/2023 e Setembro/2023 já são negociados na casa dos US$ 12,00 por bushel, e o vencimento Novembro/2023, abaixo de US$ 12,00 por bushel. No spot nacional, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 3,2%, cotado a R$ 136,28 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda expressiva de 3,6% nos últimos sete dias, a R$ 128,84 por saca de 60 Kg, a menor cotação nominal desde 27 de agosto de 2020. Nos últimos sete dias, os preços registram quedas de 3,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3% no mercado de lotes (negociações entre empresas).
A área de cultivo de soja nos Estados Unidos na safra 2023/2024 deve ser a maior das últimas cinco temporadas, prevista em 35,08 milhões de hectares, com produção estimada no recorde de 122,740 milhões de toneladas. Do total, 49% haviam sido semeados até o dia 14 de maio, acima dos 27% registrados no mesmo período do ano passado e dos 36% na média dos últimos cinco anos. O processamento norte-americano deve ser recorde, de 62,86 milhões de toneladas, 4% superior às 60,41 milhões de toneladas estimadas para a atual temporada 2022/2023 (que se encerra em agosto de 2023). Em contrapartida, as exportações norte-americanas de soja em grão devem somar 53,75 milhões de toneladas, 1,9% abaixo das 54,83 milhões de toneladas projetadas para a atual temporada (2022/2023). Ressalta-se que, até o dia 11 de maio, os Estados Unidos haviam exportado 48 milhões de toneladas da oleaginosa. A área brasileira de soja na temporada 2023/2024 está prevista pelo USDA em 45,6 milhões de hectares, um novo recorde, resultando em produção de 163 milhões de toneladas, 5,2% a mais que na safra 2022/2023 (estimada em 155 milhões de toneladas).
O esmagamento pode somar 55,75 milhões de toneladas (de outubro/2023 a setembro/2024), 4,69% a mais que as 53,25 milhões de toneladas previstas para 2022/2023. O consumo doméstico também deve crescer, 4,74%, passando de 57 milhões de toneladas na temporada 2022/2023 para 59,7 milhões de toneladas na safra 2023/2024, um novo recorde. As exportações devem sair de 93,0 milhões de toneladas na atual safra para o recorde de 96,5 milhões de toneladas na próxima. Para Argentina, a área de cultivo na safra 2023/2024 está prevista pelo USDA em 16,4 milhões de hectares (+9,3% frente à anterior), resultando em produção de 48 milhões de toneladas, expressivos 77,8% superior às 27 milhões de toneladas projetadas para a atual temporada (2022/2023). Os embarques do grão podem somar 4,6 milhões de toneladas, 39,4% a mais que na temporada atual. O esmagamento, principal segmento do país, pode voltar a crescer, devido à previsão de maior oferta do grão, que deve ser de 36,5 milhões de toneladas na próxima temporada, 15,87% a mais que os 31,5 milhões de toneladas estimados para a safra 2022/2023.
Vale ressaltar que o esmagamento da atual temporada deve ser o menor desde a safra 2008/2009. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reajustou mais uma vez as estimativas de produção de soja na Argentina na safra 2022/2023, para 21 milhões de toneladas, tendo em vista o clima desfavorável em grande parte do ciclo. Da área cultivada, a 69,2% haviam sido colhidos até o dia 17 de maio. As importações da China podem somar a quantidade histórica de 100 milhões de toneladas na temporada 2023/2024 (de outubro de 2023 a setembro de 2024), acima das 98 milhões de toneladas previstas para a atual safra (outubro de 2022 a setembro de 2023). A União Europeia deve importar 14 milhões de toneladas na safra 2023/2024, 0,7% a mais que as 13,9 milhões de toneladas na 2022/2023. A transação internacional de farelo de soja está prevista no recorde de 69,97 milhões de toneladas na safra 2023/2024, 6% a mais que os 65,97 milhões de toneladas de 2022/2023.
A União Europeia, principal importadora global desse derivado, deve reduzir as aquisições em 0,9% entre as safras 2022/2023 e 2023/2024. Por outro lado, as importações de outros países devem aumentar: México (5,4%); Tailândia (9,4%); Japão (1,5%); Egito (45,4%); Indonésia (5,2%); Irã (14,5%); Filipinas (6,14%); Coreia do Sul (2,9%); Peru (10,3%), Malásia (9,6%) e Colômbia (12%), ainda segundo o USDA. Para o óleo de soja, as transações internacionais estão projetadas pelo USDA em 11,78 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, acima das 10,83 milhões de toneladas na safra 2022/2023. Vale lembrar, porém, que ambos os volumes são inferiores aos negociados nas três safras anteriores, quando as transações externas estiveram acima das 12 milhões de toneladas. A Índia deve seguir como a principal importadora global de óleo de soja, adquirindo 3,1 milhões de toneladas do mercado externo na safra 2022/2023 e 3,2 milhões de toneladas na safra 2023/2024. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.