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15/Mai/2023

Tendência de maior sustentação dos preços da soja

Após a forte queda dos preços vista, principalmente, ao longo dos meses de março e abril, a tendência é de maior sustentação para os preços da soja no Brasil, com viés de recuperação gradual dos preços no segundo semestre deste ano. No Brasil, após operarem nos menores patamares em três anos, os preços da soja estão reagindo, com o recuo gradual da pressão negativa sobre os prêmios nos portos brasileiros. A colheita da soja está praticamente finalizada no Brasil. Mesmo com os armazéns cheios com o grão, os produtores brasileiros estão cautelosos nas vendas da safra 2022/2023 no mercado spot. Isso porque, uma parcela dos agricultores tem preferência por fazer operação barter (troca de saca de soja por insumos e fertilizantes para a safra 2023/2024). Além disso, os produtores nacionais têm expectativas de maior demanda externa pela soja do Brasil, fundamentados na quebra de safra na Argentina. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,6%, cotado a R$ 140,77 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 133,65 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram altas de 1,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,0% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O avanço, entretanto, é limitado pela desvalorização do dólar frente ao Real. No campo brasileiro, a produção da safra 2022/2023 de soja foi reajustada positivamente mais uma vez. De acordo com relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 11 de maio, o Brasil deve produzir 154,8 milhões de toneladas da oleaginosa, 23,3% a mais que na safra anterior. Até o dia 6 de maio, a colheita havia alcançado 95,4% dos 43,83 milhões de hectares cultivados, acima dos 94,9% colhidos em igual período do ano passado. O lado bom para o produtor brasileiro é que a exportação e o esmagamento também são previstos em volumes recordes, de respectivos 95,07 milhões de toneladas e 52,3 milhões de toneladas, aumentos de 20,7% e de 5,9% sobre os dados da temporada passada.

Os preços do óleo de soja estão em alta no mercado brasileiro nos últimos sete dias, influenciados por expectativas de maior demanda da Índia. Após grandes cargas terem ficado presas nos portos indianos, devido às incertezas fiscais, o governo da Índia anunciou que a isenção nas importações de óleo de soja e de óleo de girassol deve ter duração até o fim de junho deste ano. Atentos a esse cenário, representantes de indústrias brasileiras esperam por maior demanda da Índia nos próximos dias. Vale lembrar que a Índia é a principal importadora global de óleo de soja. Na parcial deste ano (de janeiro a abril), das 419,7 mil toneladas de óleo de soja exportadas pelo Brasil, 51,8% foram destinadas à Índia. Com isso, as indústrias nacionais estão reduzindo o volume de ofertas deste subproduto, resultando em aumento no prêmio de exportação e nos preços domésticos. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso), tem valorização de expressivos 4,1% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.312,22 por tonelada.

Diante disso, com base nos preços do grão, do farelo e do óleo negociados no estado de São Paulo, a participação do óleo na margem de lucro das indústrias nesta semana foi a maior desde a primeira dezena de janeiro deste ano. Como resultado, a “crush margin” cresceu 1,62% entre os dias 4 e 11 de maio. De acordo com a Conab, o Brasil deve produzir 10,57 milhões de toneladas de óleo de soja na temporada 2022/2023, volume 5,8% superior ao da safra passada. Desse total, 2,6 milhões de toneladas devem ser exportadas e 8,21 milhões de toneladas, consumidas internamente. As negociações de farelo de soja estão lentas nos últimos dias, devido à disparidade entre as pedidas de compradores e de vendedores. Embora uma parte dos consumidores esteja abastecida, as indústrias estão elevando os preços ofertados. Nos últimos sete dias, na região de Ponta Grossa (PR), há alta de 1,4% nos preços do farelo; em Rio Verde (GO), a valorização é de 2,4%; e em Três Lagoas (MS), de 2%. A média tem leve recuo de 0,7%. A produção nacional de farelo de soja deve somar 39,74 milhões de toneladas, 5% acima da temporada passada.

Quanto às vendas, 20,6 milhões de toneladas devem ser exportadas, e 18,1 milhões de toneladas, vendidas no mercado doméstico. Os valores externos da soja estão pressionados pelo clima favorável à semeadura da soja no Hemisfério Norte e pela menor demanda internacional, sobretudo da China. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2023 do óleo de soja registra baixa de 2,6%, na mesma comparação, a US$ 1.122,36 por tonelada. O contrato Maio/2023 do farelo de soja apresenta leve recuo de 0,2% no período, a US$ 470,24 por tonelada. No campo, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 35% da área destinada à soja havia sido semeada nos Estados Unidos até 7 de maio, 16% a mais que na semana passada, acima dos 11% cultivados há um ano e dos 21% na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, a colheita se intensificou, e a produtividade segue baixa em grande parte das lavouras. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires relatou que, até o dia 10 de maio, 51,6% da área cultivada na Argentina havia sido colhida, e a produção segue estimada em 22,5 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.