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08/Mai/2023

Tendência de maior sustentação dos preços da soja

Após a forte queda dos preços vista, principalmente, ao longo dos meses de março e abril, a tendência é de maior sustentação para os preços da soja no Brasil, com viés de recuperação gradual dos preços no segundo semestre deste ano. Nos últimos dias, o preço da soja em grãos recuou 11%. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, recuou de R$ 162,15 por saca de 60 Kg no início de março para R$ 132,18 por saca de 60 Kg, queda de cerca de R$ 30 por saca. A pressão baixista decorreu da combinação dos seguintes fatores:

• baixo volume de vendas antecipadas na safra 2022/2023

• forte aumento da oferta interna no pós-colheita

• alta dos custos dos fretes entre o interior e os portos

• déficit na capacidade estática de armazenagem exigindo o escoamento imediato da safra

• acúmulo de navios nos terminais de exportação elevando os custos portuários

• prêmios nos portos brasileiros negativos e no patamar mais baixo em duas décadas

As cotações futuras na Bolsa de Chicago estão entre US$ 12,80 e US$ 14,30 por bushel para os vencimentos no 2º semestre de 2023, ante média de 10 anos de US$ 11,26 por bushel. Para vencimentos em 2024, as cotações futuras estão mais baixas, entre US$ 12,50 e US$ 12,90 por bushel. No Brasil, após operarem nos menores patamares em três anos, os preços da soja estão reagindo. O movimento de baixa foi interrompido pela firme demanda e pela retração dos produtores no Brasil. Agentes nacionais estão atentos ao maior apetite do mercado global nesta temporada e à baixa produtividade de soja na Argentina, país que colherá a menor produção em 24 anos. O impulso ao preço doméstico também vem da valorização externa da soja. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2023 da oleaginosa está cotado a US$ 14,48 por bushel, alta de 1,5% nos últimos sete dias.

O contrato de mesmo embarque do óleo de soja tem alta de 2,9% na mesma comparação, a US$ 1.152,34 por tonelada. O contrato Maio/2023 do farelo de soja registra leve recuo de 0,1% nos últimos sete dias, indo para US$ 471,01 por tonelada. No mercado externo, os valores são influenciados pela 10ª alta consecutiva da taxa de juros nos Estados Unidos, de 0,25%, agora com intervalo de 5% a 5,25%, de acordo com o Federal Reserve (Fed). Ressalta-se que esse cenário tende a levar players a intensificar as aquisições de contratos futuros nos Estados Unidos, podendo resultar também em avanço na taxa cambial. Diante disso, os produtores brasileiros estão reduzindo a oferta no spot, já à espera de preços maiores nos próximos meses. A paridade de exportação, com base no Porto de Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3, indica preços a R$ 145,73 por saca de 60 Kg, para embarque em junho/2023; a R$ 149,32 por saca de 60 Kg, para julho/2023; e a R$ 151,83 por saca de 60 Kg, para agosto/2023.

Para embarque em 2024, a paridade de exportação está em R$ 149,38 por saca de 60 Kg, para fevereiro e em R$ 148,31 por saca de 60 Kg para março. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,7%, cotado a R$ 138,49 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,0% nos últimos sete dias, a R$ 132,18 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços se mantêm estáveis no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas apresentam leve recuo de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A diminuição das negociações no spot nacional está atrelada também à falta de espaço nos principais portos brasileiros.

Em abril/2023, o Brasil exportou 14,34 milhões de toneladas de soja, volume 8,3% superior ao de março/2023 e 25% acima do de abril/2022. De janeiro a abril, saíram dos portos brasileiros 33,440 milhões de toneladas da oleaginosa, um recorde para o período. Os preços do óleo de soja estão oscilando nos últimos dias, mas as quedas predominam, devido às menores demanda externa e doméstica, sobretudo por parte do setor industrial. O óleo de soja bruto (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra desvalorização de 0,8% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.105,21 por tonelada. Quanto à exportação, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 198,4 mil toneladas de óleo de soja em abril, 8% a menos que em março/2023 e volume 14,5% inferior ao escoado há um ano.

A retração se deve aos menores envios à Índia, que foi destino de 87,7 mil toneladas de óleo em abril, 29,6% abaixo da quantidade escoada ao país em março. Na parcial deste ano, entretanto, saíram dos portos brasileiros 811,5 mil toneladas de óleo de soja, volume recorde para este período. Uma parte dos suinocultores e avicultores indica estar abastecida para médio prazo, ao passo que outra parcela sinaliza ter feito contratos longos, sem necessidade de adquirir novos volumes. As vendas externas também diminuíram. De acordo com a Secex, o Brasil escoou 1,65 milhão de tonelada de farelo de soja em abril, 11,8% abaixo do embarcado no mês anterior e 0,2% inferior ao escoado em abril/2022. Diante disso, os preços do farelo de soja registram baixa de 1,9% nos últimos sete dias. A colheita da safra 2022/2023 no Brasil segue para a reta final.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 93,7% da área cultivada havia sido colhida até o dia 29 de abril, praticamente estável se comparado ao mesmo período da temporada passada (93,9%). No Paraná, 98% da área havia sido colhida, 99% de Minas Gerais, 97% do Piauí, 96% da Bahia, 82,8% de Santa Catarina, 74% do Maranhão e 70% do Rio Grande do Sul. Na Argentina, a colheita também ganhou ritmo nos últimos dias. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires relatou que, até o dia 3 de maio, 36,4% da área cultivada na Argentina havia sido colhida, mas com registros de produtividades distintas entre as regiões, o que vem confirmando a menor safra das últimas 24 temporadas. Nos Estados Unidos, o clima favorece o avanço na semeadura da safra 2023/2024, que alcançou 19% da área norte-americana até o dia 30 de abril, de acordo com Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), contra 7% há um ano e 11% na média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.