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02/Mai/2023

Tendência é baixista para o preço da soja no Brasil

A tendência é baixista para os preços da soja nos mercados externo e interno, com o aumento da oferta interna e global, baixo volume de vendas antecipadas na safra 2022/2023, alta dos custos dos fretes entre o interior e os portos, acúmulo de navios nos terminais de exportação e prêmios negativos. As cotações futuras na Bolsa de Chicago estão entre US$ 12,50 e US$ 13,60 por bushel para os vencimentos no 2º semestre de 2023, ante média de 10 anos de US$ 11,26 por bushel. Para vencimentos em 2024, as cotações futuras estão mais baixas, entre US$ 12,00 e US$ 12,70 por bushel. A quebra de 50% da safra da Argentina já foi plenamente precificada e não afetará mais as cotações futuras. A oferta global em viés de recuperação, com a safra recorde no Brasil em 2022/2023 e a projeção de aumento da produção em 2023/2024 nos EUA, pressionam as cotações futuras de médio e longo prazo. O déficit na capacidade estática de armazenagem do País está exigindo o escoamento imediato da safra no pós-colheita, com acúmulo de navios nos terminais de exportação elevando os custos portuários.

Os prêmios nos portos brasileiros estão negativos e no patamar mais baixo em duas décadas. Os Indicadores da soja Paranaguá ESALQ/BM&F e CEPEA/ESALQ Paraná registram os menores patamares diários nominais desde agosto de 2020. As médias mensais de abril, em termos reais (deflacionadas pelo IGP-DI de março/2023), por sua vez, foram as mais baixas desde março/2020. Isso evidencia que os preços de negociação da soja são equivalentes a um poder aquisitivo verificado há três anos. O impacto desse contexto sobre a rentabilidade dos produtores será expressivo, sobretudo no caso dos que não fizeram vendas antecipadas, optando pela negociação em período de colheita, quando, sazonalmente, as cotações são pressionadas. Agora, com a proximidade do vencimento das parcelas de custeio e a necessidade de fazer caixa para despesas relacionadas à colheita, o interesse de venda aumentou de forma mais expressiva, superando a demanda e resultando em desvalorizações acentuadas no spot nacional.

As estimativas de produção recorde na safra 2022/2023 no Brasil vêm se confirmando, compensando as perdas na Argentina e no Paraguai e elevando a disponibilidade de produto na América do Sul. Além disso, a safra 2023/2024 norte-americana também deve ser boa, especialmente diante do rápido avanço na semeadura, em um momento em que a China vem limitando as aquisições. A recente nova desvalorização do dólar frente ao Real reforça a pressão sobre os preços no Brasil. No Brasil, 89% da área havia sido colhida até o dia 22 de abril. Vale lembrar que a produção de 2022/2023 está estimada em 153,6 milhões de toneladas. As atividades de campo são mais tardias em Santa Catarina (63% da área foi colhida), no Rio Grande do Sul (47%) e no Maranhão (66%). Nos Estados Unidos, a semeadura da safra 2023/2024 alcançou 9% da área até o dia 23 de abril, acima dos 3% cultivados há um ano e superior à média das últimas cinco safras, que é de 4%, segundo o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Na Argentina, entretanto, a projeção para a safra de soja 2022/2023 foi revisada para baixo mais uma vez, devido à baixa produtividade. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima a produção em 22,5 milhões de toneladas, a menor em 24 temporadas. 28% da área havia sido colhida até o dia 26 de abril. Esse cenário limitou a queda nos preços nos Estados Unidos e no Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 5,4%, cotado a R$ 136,18 por saca de 60 Kg. Entre as médias de março e abril, a queda foi de expressivos 10,1% e, em um ano, de 20,6%, a R$ 145,73 por saca de 60 Kg em abril A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 5,1% nos últimos sete dias, a R$ 130,83 por saca de 60 Kg. A média de abril foi de R$ 139,61 por saca de 60 Kg, baixas de 10% em relação à média de março/2023 e de expressivos 22,1% em um ano.

Nos últimos sete dias, os valores registram baixa de 6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 5,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre março e de abril, as retrações foram de 6,6% no mercado de balcão e de 6,4% no mercado de lotes e, em um ano, de 22,2% e de 21,2%, respectivamente. No norte de Mato Grosso, a soja é negociada próximo de R$ 100,00 por saca de 60 Kg, também os menores patamares desde 2020. Quanto aos derivados, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), tem desvalorização de 4,4% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.147,74 por tonelada. Em abril, a média foi de R$ 5.491,41 por tonelada, 10,3% inferior à média de março/2023 e expressivos 39,4% abaixo do registrado em abril/2022. Trata-se, também, da menor média desde maio/2020, em termos reais. As baixas do farelo de soja são menos acentuadas.

Parte das indústrias estaria limitando a oferta do derivado, na expectativa de demanda externa mais aquecida nos próximos dias, fundamentada na menor produção na Argentina. Nos últimos sete dias, os preços apresentam recuo de 3,4%. Na comparação mensal, a baixa é de 10,3% e, na anual, de 4%, em termos reais. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento (Maio/2023) do farelo de soja registra desvalorização de 5,8% nos últimos sete dias, indo para US$ 471,67 por tonelada. Em abril, a média foi de US$ 597,56 por tonelada, 5% abaixo da média de março e a menor nominal desde novembro/2022. Para o óleo de soja, a queda é de 7,7% nos últimos sete dias. De março para abril, a baixa foi de 4,6%, com a média atual a US$ 1.191,50 por tonelada, a menor desde fevereiro/2021, em termos nominais. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.