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12/Abr/2023

Biodiesel: B12 deverá elevar a demanda em 2023

A StoneX prevê que a demanda interna por biodiesel deve alcançar 7,303 milhões de metros cúbicos em 2023, um incremento de 15,5% em relação aos 6,322 milhões de metros cúbicos consumidos em 2023. A projeção se baseia na decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de 17 de março, de elevar, a partir deste mês, a mistura do biodiesel no diesel de 10% para 12%. A perspectiva de alta também é reforçada pelo fato de, no primeiro bimestre, as vendas de biodiesel no País terem superado em 1,4% as dos dois primeiros meses de 2022. Alguns fatores alimentam dúvidas no mercado sobre a disponibilidade de óleo de soja para a produção do biocombustível em 2023. Por um lado, a safra recorde de soja brasileira deve garantir uma produção também recorde do óleo, mas, com as exportações surpreendentemente fortes (de óleo de soja) no 1º trimestre e a quebra de safra na Argentina, há preocupações quanto à disponibilidade da principal matéria-prima para biodiesel no mercado doméstico.

A produção deve ser de 157 milhões de toneladas de soja em grão no Brasil na safra 2022/2023 e esmagamento de cerca de 52 mil toneladas, o que produziria 10,4 milhões de toneladas de óleo de soja. Deste volume, 5,5 milhões de toneladas de óleo devem ser usadas na produção de biodiesel. O consumo doméstico total de óleo de soja deve chegar a 8,542 milhões de toneladas. Considerando o balanço entre a oferta de óleo, que inclui ainda um estoque inicial de 674 mil toneladas, conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), e a demanda pelo derivado, restariam 2,532 milhões de toneladas de óleo para exportações e estoque de passagem. A principal incerteza diz respeito justamente ao tamanho das exportações brasileiras de óleo de soja na temporada. Em 2022, quando a demanda pelo biocombustível ficou enfraquecida, o País exportou 2,6 milhões de toneladas de óleo, volume atipicamente elevado.

Não se esperava que esse padrão se repetisse em 2023, mas os embarques no primeiro trimestre, de 654,3 mil toneladas, já superaram em 46% o volume exportado em igual período de 2022 e em 155% a média dos últimos dez anos. Contribuiu para este cenário a demanda fraca no mercado doméstico de maneira geral, que acarretou oferta grande de óleo no porto e pressionou os basis para baixo, estimulando as esmagadoras a buscarem o mercado internacional como alternativa para suas vendas. Com a implementação do B12 e a perspectiva de aquecimento do mercado interno, o ritmo das exportações de óleo deverá diminuir, principalmente no segundo semestre, quando o consumo de combustíveis é sazonalmente maior. Entretanto, a quebra de safra na Argentina traz dúvidas sobre o tamanho da oferta de óleo de soja no mundo, pois o país é o maior exportador global do derivado, e sobre como o Brasil vai se posicionar neste cenário. Há estimativa de que a Argentina produza, em 2023, 2,7 milhões de toneladas de óleo de soja menos do que em 2022.

Com isso, a Argentina deve aumentar sua importação de soja em grão do Brasil, para cumprir compromissos comerciais, ao mesmo tempo em que exportadores brasileiros terão a chance de exportar mais óleo para países eventualmente desassistidos pelos argentinos. Se as exportações de óleo de soja do Brasil se mantiverem firmes ao longo de 2023, acompanhando o movimento observado no primeiro trimestre, os estoques finais de óleo do País podem ser menores neste ano, o que contribuiria de maneira altista para os preços do biocombustível. Considerando a estimativa mais recente da Abiove, de 2,150 milhões de toneladas de óleo enviadas ao exterior, o mercado chegaria a um estoque final do derivado de 432 mil toneladas, 7% menor que o contabilizado no último ano. O acompanhamento das exportações brasileiras nos próximos meses será de suma importância para entender melhor como ficará o balanço final do óleo e seu potencial impacto nos preços do biodiesel. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.