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10/Abr/2023

Tendência de maior sustentação dos preços da soja

O avanço no preço externo, a baixa produtividade das lavouras argentinas e, sobretudo, a maior demanda pela soja brasileira impulsionam as cotações internas da oleaginosa. As elevações, entretanto, são limitadas pela oferta volumosa no Brasil e pela desvalorização do dólar frente ao Real. No caso da demanda externa, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou em março/2023 mais que o dobro do volume escoado em fevereiro/2023 e 8,8% a mais que o de março/2022, totalizando 13,27 milhões de toneladas. Essa é a maior quantidade de soja enviada ao exterior desde maio/2021 e um recorde para março. Na semana passada, especificamente, os embarques foram limitados por falta de espaço no porto, resultando em maior liquidez com entrega a partir de maio. Com base no preço FOB da soja no Porto de Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3, no dia 5 de abril, a paridade de exportação de soja foi calculada em R$ 158,40 por saca de 60 Kg, para embarque em maio/2023; em R$ 162,66 por saca de 60 Kg para junho/2023; em R$ 166,43 por saca de 60 Kg para julho/2023; em R$ 171,56 por saca de 60 Kg para agosto/2023 e em R$ 173,01 por saca de 60 Kg para setembro/2023.

No spot nacional, embora os preços tenham registrado variações positivas nos últimos dias, ainda estão inferiores aos da paridade de exportação calculada para os próximos meses. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1%, cotado a R$ 154,65 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 148,40 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram avanço de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A desvalorização do dólar nos últimos dias, entretanto, fortaleceu os preços externos, uma vez que torna a soja norte-americana mais atrativa aos importadores.

Além disso, previsões de temporais e de excesso de umidade preocupam produtores dos Estados Unidos, que estão se preparando para iniciar a semeadura. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2023 da soja está cotado a US$ 15,11 por bushel, alta de 2,5% nos últimos sete dias. Na contramão da matéria-prima, os preços do farelo e do óleo de soja estão recuando no mercado brasileiro, pressionados pela baixa demanda. Suinocultores e avicultores indicam utilizar o farelo de soja em estoque e estar à espera de valores menores nas próximas semanas. Assim, os preços do farelo de soja têm recuo de 2,2% nos últimos sete dias. Quanto ao óleo de soja, representantes de indústrias de alimentos mostram cautela nas aquisições, devido ao baixo repasse para o óleo refinado. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta leve queda de 0,4% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.800,15 por tonelada, o menor valor desde 17 de dezembro de 2020.

A queda nos preços domésticos se deve também às expectativas de maior oferta na Argentina. Isso porque, na intenção de incentivar as exportações do complexo soja, o governo argentino anunciou uma nova taxa de câmbio especial, de 300 pesos por dólar, que deve iniciar em 8 de abril e terá duração de 30 dias. Esse programa, conhecido como “dólar soja”, já foi estabelecido por duas vezes em 2022 e elevou a liquidez no mercado de soja da Argentina. A menor produção da safra 2022/2023 na Argentina pode limitar o volume ofertado no programa “dólar soja”. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 2,8% da área de soja foi colhida na Argentina até o dia 4 de abril. As lavouras recém-colhidas apresentam produtividade inferior à estimada até então, podendo levar a novos reajustes negativos na produção, que, até o momento, está indicada em 25 milhões de toneladas. No Brasil, por outro lado, a produtividade é elevada na maior parte das regiões.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 1º de abril, o Brasil havia colhido 74,5% das 151,41 milhões de toneladas previstas para a temporada 2022/2023, abaixo dos 81,2% colhidos em igual período do ano passado. Dentre os Estados, 99,7% foram colhidos em Mato Grosso, contra 99,6% na temporada passada; 95%, em Mato Grosso do Sul, abaixo dos 99% em igual período do ano passado; 79,8%, em Minas Gerais, abaixo dos 94% nesse mesmo período da safra passada; 91%, em Goiás, contra 98% há um ano; 79%, no Paraná, inferior aos 91% da safra passada; e 90%, em São Paulo, abaixo dos 95% no mesmo período de 2022. Na Bahia, foram colhidos 60% da área de soja, abaixo dos 75% no mesmo período da safra passada; 57%, no Maranhão, também inferior aos 60% há um ano; e 70%, no Piauí, contra 75% há um ano. Em Tocantins, a colheita atingiu 90%, abaixo dos 93% no mesmo período da safra passada. Em Santa Catarina, o atraso nas atividades de campo é mais expressivo, uma vez que apenas 20% da área de soja havia sido colhida, abaixo dos 70% em igual período da safra passada. No Rio Grande do Sul, 8% da área foi colhida, contra 19% há um ano. Fonte: Cepea.