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03/Abr/2023

Tendência é baixista para o preço da soja no Brasil

A tendência é baixista para os preços da soja nos mercados externo e interno, com as cotações globais em trajetória de baixa nos curto e longo prazos, aumento da oferta interna e global, baixo volume de vendas antecipadas na safra 2022/2023, alta dos custos dos fretes entre o interior e os portos, acúmulo de navios nos terminais de exportação e prêmios negativos. As cotações futuras dos vencimentos mais próximos estão em queda na Bolsa de Chicago, oscilando entre US$ 13,50 a US$ 14,75 por bushel. O vencimento novembro/2023, que reflete a entrada da safra dos EUA no mercado, está cotado a US$ 13,19 e o vencimento maio/2024, que precifica o ingresso da próxima safra da América do Sul, está cotado a US$ 13,17 por bushel. As cotações futuras estão refletindo a expectativa de aumento da oferta global, com a safra recorde no Brasil em 2022/2023 e a possibilidade de expansão de área nos EUA na próxima safra 2023/2024. No mercado interno de soja, o preço médio da soja em grãos FOB produtor do Paraná acumula uma baixa de 8,7% nos últimos 30 dias, recuando de R$ 161,36 por saca de 60 Kg no dia 1º de março deste ano, para os atuais R$ 147,40 por saca de 60 Kg.

A perda média é de cerca de R$ 14 por saca de 60 Kg nos últimos 30 dias. Em 12 meses, o preço médio acumula uma expressiva baixa de 19,2% (estava cotado a R$ 182,32 por saca de 60 Kg no dia 31/03/2022), acumulando, neste intervalo, uma perda de cerca de R$ 35 por saca de 60 Kg. O mercado mundial de soja está atento à colheita na América do Sul e às primeiras estimativas de intenção de plantio nos Estados Unidos. Enquanto a safra brasileira segue em bom ritmo e caminha para produção recorde, na Argentina, o início da colheita fez com que as estimativas fossem novamente reajustadas para baixo. Esse contexto na Argentina acabou elevando os preços do complexo soja nos Estados Unidos e limitando o movimento de baixa no Brasil. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a produção de soja na Argentina está estimada em 25 milhões de toneladas, 44,4% abaixo da média das últimas cinco safras. A colheita foi iniciada nas regiões de Junín, Baigorrita, Centro Leste de Entre Ríos, no sul de Córdoba e La Carlota.

Assim, a necessidade de a própria Argentina importar o grão para processamento interno deve aumentar, ao mesmo tempo em que demandantes externos de farelo e de óleo tendem se direcionar ao Brasil e aos Estados Unidos. Para o Brasil, esse é um ambiente favorável em ano de oferta possivelmente recorde, ao mesmo tempo que as variações positivas de preços podem atrair mais produtores a semearem a soja nos Estados Unidos na safra 2023/2024. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2023 do farelo de soja tem valorização de significativos 4,9% nos últimos sete dias, a US$ 506,95 por tonelada. Em março, a média foi de US$ 524,41 por tonelada, 3,5% abaixo da média de fevereiro e a menor média nominal de 2023. Para o óleo de soja, a alta é de 4,2% nos últimos sete dias, a US$ 1.198,64 por tonelada. Nos dois últimos meses, no entanto, houve expressiva queda de 6,5%, com a média do mês de março a US$ US$ 1.250,72 por tonelada, a menor desde dezembro/2021. A alta externa foi influenciada também pela desvalorização do dólar no mercado internacional, o que torna as commodities norte-americanas mais atrativas aos estrangeiros.

Diante da alta externa, a liquidez no mercado brasileiro está ganhando ritmo e as quedas nos preços foram interrompidas temporariamente. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,7%, cotado a R$ 153,06 por saca de 60 Kg. Entre as médias de fevereiro e março, a queda foi de 5,9%, sendo a que a média de março é a menor desde junho/2020, em termos reais. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 147,31 por saca de 60 Kg. Na média de março, a retração foi de 6,1% sobre a do mês anterior, indo para R$ 155,54 por saca de 60 Kg, também a mais baixa, em termos reais, desde junho/2020. Nos últimos sete dias, os preços apresentam baixa de 1,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre as médias de fevereiro e de março, as quedas foram de 6,4% no mercado de balcão e de 6,2% no mercado de lotes.

As negociações de derivados, por outro lado, estão mais lentas, devido à baixa demanda. Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de 0,4% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.821,97 por tonelada. O preço médio em março foi de R$ 6.144,82 por tonelada, 5,9% abaixo do de fevereiro e o menor desde julho/2020, em termos reais. Quanto ao farelo de soja, os preços registram recuo de 3% nos últimos sete dias. Entre as médias de fevereiro e março, a baixa foi de 4,9%. Ressalta-se que as negociações de farelo de soja em março ocorreram nos menores patamares de preços deste ano em grande parte das regiões (em termos reais). Na região da Mogiana (SP), a queda foi mais acentuada, visto que os preços de março voltaram aos patamares de julho/2022 (R$ 2.617,72 por tonelada); em Campo Grande (MS), o preço médio em março foi de R$ 2.545,27 por tonelada, o menor desde agosto/2022. Em muitas regiões, a média de março é a menor em cinco meses.

Até o dia 25 de março, o Brasil colheu 69,1% das 151,4 milhões de toneladas previstas para a temporada 2022/2023, abaixo dos 75,8% verificados em igual período do ano passado. Dentre os Estados, 99,2% foram colhidos em Mato Grosso, contra 99,4% na temporada passada; 90% em Mato Grosso do Sul, abaixo dos 97% no mesmo período do ano passado; 73% em Minas Gerais, abaixo dos 87% nesse mesmo período da safra passada; 86% em Goiás, contra 95% há um ano; 65% no Paraná, inferior aos 75% na safra passada; e 10% em Santa Catarina, contra 62% há um ano. Em São Paulo, a colheita atingiu 85% da área, igual ao mesmo período de 2022. Na Bahia, foram colhidos 48% da área de soja, abaixo dos 70% no mesmo período da safra passada; 56% no Maranhão, também inferior aos 58% há um ano e 50% no Piauí; contra 65% há um ano. Em Tocantins, a colheita atingiu 85%, acima dos 80% no mesmo período da safra passada. No Rio Grande do Sul, as recentes chuvas retardaram a colheita, mas beneficiaram as lavouras ainda em desenvolvimento. Segundo a Emater-RS, a colheita de soja alcançou 8% da área até o dia 30 de março, significativamente abaixo dos 35% colhidos no mesmo período do ano passado. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.