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27/Mar/2023

Pressão baixista acentuada sobre o preço da soja

A tendência é baixista para os preços da soja nos mercados externo e interno, com as cotações globais em trajetória de baixa nos curto e longo prazos, aumento da oferta interna e global, baixo volume de vendas antecipadas na safra 2022/2023, alta dos custos dos fretes entre o interior e os portos, acúmulo de navios nos terminais de exportação e prêmios negativos. As cotações futuras dos vencimentos mais próximos estão em queda na Bolsa de Chicago, oscilando entre US$ 13,60 a US$ 14,30 por bushel. Os vencimentos do 2º semestre de 2023 oscilam entre US$ 12,60 e US$ 12,90 por bushel, refletindo a expectativa de aumento da oferta global, com a safra recorde no Brasil em 2022/2023 e a possibilidade de expansão de área nos EUA na próxima safra 2023/2024. No mercado interno de soja, o preço médio da soja em grãos FOB produtor do Paraná acumula uma baixa de 10% nos últimos 30 dias, recuando de R$ 163,61 por saca de 60 Kg no dia 24 de fevereiro deste ano, para os atuais R$ 147,25 por saca de 60 Kg.

A perda média é de cerca de R$ 16 por saca de 60 Kg nos últimos 30 dias. Em 12 meses, o preço médio acumula uma expressiva baixa de 23,5% (estava cotado a R$ 192,38 por saca de 60 Kg no dia 24/03/2022), acumulando, neste intervalo, uma perda de cerca de R$ 45 por saca de 60 Kg. O prêmio de exportação de soja está recuando com mais intensidade e já opera no menor patamar nominal desde 2008. A pressão vem da oferta acima da demanda. O ritmo das vendas de soja esteve baixo nos últimos meses, e, agora, os produtores têm necessidade de fazer caixa e/ou de liberar espaços nos armazéns, elevando a disponibilidade no spot nacional, ao passo que compradores estão cautelosos nas aquisições. Os prêmios de exportação para embarque em abril/2023 no Porto de Paranaguá (PR) têm indicações de compradores a -US$ 0,90 por bushel, sendo os menores patamares desde 12 de março de 2008, quando considerado um primeiro embarque. Os atuais prêmios para embarques em abril são os menores em 20 anos, quando considerado esse mesmo período.

Como resultado, o preço FOB da soja com embarque em abril/2023 registra recuo de 7,7% nos últimos sete dias. Em Reais, a paridade de exportação foi calculada em R$ 157,49 por saca de 60 Kg, para o embarque abril; em R$ 158,40 por saca de 60 Kg, para embarque maio; em R$ 162,34 por saca de 60 Kg, para junho; em R$ 165,87 por saca de 60 Kg, para julho; e em R$ 170,48 por saca de 60 Kg para agosto deste ano. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 6,8%, cotado a R$ 154,09 por saca de 60 Kg, o mais baixo desde 30 de junho de 2021. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 7,1% nos últimos sete dias, a R$ 147,25 por saca de 60 Kg, o menor desde 29 de junho de 2021. Nos últimos sete dias, os preços apresentam queda de 6,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 6,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

As quedas nos preços dos derivados são menos significativas em relação às verificadas para a matéria-prima, resultando em melhora na margem de indústrias. No caso do óleo de soja, o movimento de baixa é limitado por expectativas de maior demanda para a produção de biodiesel. No dia 17 de março, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o aumento na mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel, que passará de 10% para 12% a partir de abril. A adição do biodiesel subirá também para 13% em abril de 2024, para 14% em abril de 2025 e para 15% em abril de 2026. Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem desvalorização de 2,9% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.843,57 por tonelada, o menor valor desde 23 de dezembro de 2020. Quanto ao farelo de soja, os preços registram recuo de 4,5% nos últimos sete dias. As quedas são mais intensas no estado de São Paulo. Na região da Mogiana, os atuais valores são os mais baixos desde 29 de junho de 2022, e em Campinas, são os menores desde 12 de setembro de 2022.

Diante deste contexto, considerando-se os preços da soja em grão, do farelo e do óleo negociados em São Paulo no dia 23 de março, a “crush margin” foi de R$ 655,35 por tonelada, 18,5% superior à do dia 16 de março. Diante da maior oferta no Brasil e da valorização do dólar frente a uma cesta de moedas, os contratos futuros do complexo soja também estão em baixa. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2023 do farelo de soja apresenta desvalorização de significativos 7,5%, indo para US$ 483,14 por tonelada, sendo esta é a menor cotação desde 6 de dezembro do ano passado para um primeiro vencimento. O contrato Maio/2023 do óleo de soja acumula baixa de expressivos 9,6% nos últimos sete dias, a US$ 1.150,14 por tonelada, o mais baixo desde 14 de dezembro de 2021, quando considerados os contratos de primeiro vencimento. No campo, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 23 de março, o Brasil havia colhido 62,5% da safra 2022/2023, abaixo dos 70,6% colhidos em igual período do ano passado.

Em termos estaduais, 97,9% foram colhidos em Mato Grosso; 80,5%, em Goiás; e 80%, em Mato Grosso do Sul. Vale ressaltar que a Região Centro-Oeste é responsável por produzir 49,7% da safra nacional. A Região Sul, embora tenha registros de menor produtividade devido ao déficit hídrico em grande parte da fase de desenvolvimento das lavouras, ainda deve ser responsável por produzir 25,8% da safra nacional, sendo a segunda maior região produtora do Brasil. Até o dia 18 de março, 55% da área de soja havia sido colhida no Paraná e 4% em Santa Catarina. Embora a Conab ainda não tenha registrado o início da colheita no Rio Grande do Sul, a Emater-RS aponta que 4% da área de soja foi colhida no Estado, abaixo dos 21% na média dos últimos cinco anos. Referente às Regiões Norte e Nordeste, que são responsáveis por 15,8% da safra nacional, a colheita atingiu 80% em Tocantins, 49% no Maranhão, 34% na Bahia e 32% no Piauí. A Região Sudeste do Brasil, que deve produzir 8,6% da safra nacional, colheu 66% da área de soja em Minas Gerais e 60% em São Paulo. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.