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20/Mar/2023

Tendência é baixista para preços da soja no Brasil

A tendência é baixista para os preços da soja no mercado interno no curto prazo, com as cotações externas em trajetória de baixa nos curto e longo prazos, aumento da oferta interna, baixo volume de vendas antecipadas na safra 2022/2023, alta dos custos dos fretes entre o interior e os portos, acúmulo de navios nos terminais de exportação e prêmios negativos. As cotações futuras dos vencimentos mais próximos estão em queda na Bolsa de Chicago, oscilando entre US$ 14,50 a US$ 14,80 por bushel. Os vencimentos do 2º semestre de 2023 oscilam entre US$ 13,10 e US$ 13,60 por bushel, refletindo a expectativa de aumento da oferta global, com a safra recorde no Brasil em 2022/2023 e a possibilidade de expansão de área nos EUA na próxima safra 2023/2024. Diante do menor volume de chuva nos últimos dias, a colheita de soja foi intensificada no Brasil, com as atividades já entrando na reta final em Mato Grosso (principal produtor nacional da oleaginosa).

A produtividade e a qualidade da safra 2022/2023 são excelentes na maior parte do País, reforçando as estimativas de colheita recorde. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 11 de março, o Brasil colheu 53,4% das 151,4 milhões de toneladas previstas para a temporada 2022/2023, abaixo dos 63,1% colhidos em igual período do ano passado. Dentre os Estados, 94,7% foram colhidos em Mato Grosso, contra 95,4% na temporada passada; 54,9% em Minas Gerais, abaixo dos 65% nesse mesmo período da safra passada; 72% em Goiás, contra 84% há um ano; 33% no Paraná, inferior aos 54% na safra passada; e apenas 4% em Santa Catarina, contra 41% há um ano. Em São Paulo, a colheita atingiu 40% da área, e em Mato Grosso do Sul, 58%, abaixo dos respectivos 65% e 90% colhidos há um ano. Na Bahia, foram colhidos 21% da área de soja, abaixo dos 30% no mesmo período da safra passada, e 41% no Maranhão, também inferior aos 44% há um ano.

Em Tocantins e no Piauí, as atividades estão mais intensas neste ano, visto que os respectivos Estados já colheram 80% e 23% das áreas de soja, acima dos 72% e dos 20% no mesmo período da safra passada. A colheita de soja também foi iniciada no Rio Grande do Sul na semana passada, mas as estimativas são de baixa produtividade, devido às chuvas irregulares no Estado. O déficit hídrico também prejudicou a safra de soja na Argentina, projetada pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires na quinta-feira (16/03), em 25 milhões de toneladas, expressivos 42,2% abaixo da temporada passada e a menor produção desde 2008/2009. O avanço da colheita pressionou os prêmios de exportação e, consequentemente, os valores internos. Os prêmios com base no contrato Abril/2023, no Porto de Paranaguá (PR), têm indicações de compradores a -US$ 0,55 por bushel. Na semana anterior, os compradores ofertavam -US$% 0,05 por bushel. Vale lembrar que, no mesmo período de 2022, o contrato Abril/2022 estava sendo ofertado pelo comprador a +US$ 1,77 por bushel.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, recuou de 1,1%, cotado a R$ 165,33 por saca de 60 Kg, o mais baixo desde 9 de dezembro de 2021. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 159,90 por saca de 60 Kg. Este é o menor valor diário desde 12 de novembro de 2021. Nos últimos sete dias, os preços registram baixa de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Vale ressaltar que o avanço do dólar frente ao Real impediu quedas mais intensas nos preços domésticos e incentivou as comercializações da oleaginosa no Brasil. As negociações para embarques no Porto de Paranaguá (PR), entretanto, seguem limitadas pelas frequentes interdições na principal via de acesso ao porto, devido a deslizamentos e rachaduras nas pistas.

Esse cenário direcionou os embarques de soja para outros portos, como o de Santos (SP) e o de São Francisco (SC). O preço da soja comercializada no Porto de Santos apresenta recuo de 0,7% nos últimos sete dias, indo para R$ 166,25 por saca de 60 Kg. No Porto de São Francisco (SC), há leve avanço de 0,1% no mesmo período, a R$ 167,37 por saca de 60 Kg. Diante da desvalorização da matéria-prima e das menores demandas doméstica e externas, as cotações dos derivados também estão pressionadas. Os suinocultores têm relatado baixo poder de compra, preferindo utilizar volumes em estoque e postergar as aquisições. Os preços do farelo de soja registram recuo de 1,2% nos últimos sete dias. Os valores do óleo de soja estão sendo pressionados, sobretudo, pela baixa procura para a produção de biodiesel no Brasil. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem desvalorização de expressivos 6,9% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.018,02 por tonelada.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) anunciou, na sexta-feira (17/03), o aumento na mistura do biodiesel ao óleo diesel, que passou de 10% para 12% a partir de abril deste ano. Diante deste contexto, considerando-se os preços da soja em grão, do farelo e do óleo negociados em São Paulo, a crush margin foi de R$ 552,81 por tonelada, a menor desde 27 de dezembro do ano passado. Vale ressaltar que, no mesmo período do ano passado, a margem das indústrias era calculada em R$ 845,44 por tonelada. Os contratos futuros da soja voltaram a ser negociados abaixo dos US$ 15,00 por bushel, influenciados por expectativas de maior oferta no Brasil (maior produtor e exportador global de soja), de área recorde nos Estados Unidos na temporada 2023/2024 e pela valorização do dólar no mercado internacional, que torna o grão norte-americano menos atrativo aos importadores. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2023 do farelo de soja tem desvalorização de 2,6% em sete dias, para US$ 522,49 por tonelada. O contrato Maio/2023 do óleo de soja apresenta alta de 1,2% nos últimos sete dias, a US$ 1.272,72 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.