ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Mar/2023

Biodiesel: críticas ao aumento da mistura ao diesel

Associações ligadas ao setor de combustíveis criticaram nesta quinta-feira (10/03), as tentativas do setor de biodiesel para aumentar a mistura de 10% no diesel para 15%, alegando que o produto fornecido no Brasil é de má qualidade. As entidades afirmam que os produtores de biocombustível querem garantir uma reserva de mercado contra a concorrência de biocombustíveis mais modernos. A Petrobras, por exemplo, tenta emplacar o seu diesel R, que não recebeu mandato para a mistura obrigatória ao diesel. As entidades alegam que a indústria automotiva tem sofrido consequências com as avaliações de padrão de qualidade: perda da eficiência de motores, aumento do consumo de diesel e, consequentemente, mais poluição. Donos de postos de combustíveis, além de problemas que enfrentam nas bombas, encaram a ira de motoristas que abastecem com a mistura de biodiesel e voltam para reclamar de pane em seus veículos, como se o combustível estivesse adulterado.

Assinam a nota associações como Fecombustíveis (postos), Anfavea (veículos), Abicom (importadores), Brasilcom (postos), CNT (transporte), Abimaq (máquinas e equipamentos), entre outras. O que era, inicialmente, uma proposta de economia solidária e de incentivo ao uso de energia limpa, além de fonte de renda para a agricultura familiar e para o agricultor de baixa renda, com o plantio de palma e mamona para produção de biodiesel, transformou-se em um negócio rentável apenas para os grandes produtores, acusam as entidades. O biodiesel produzido hoje no Brasil é o de base éster. A característica química desse tipo de biodiesel gera problemas como o de criação de borra, com alto teor poluidor. Na prática, esse sedimento danifica peças automotivas, bombas de abastecimento, geradores de hospitais, máquinas agrícolas e motores estacionários. Outro dano ocasionado pela borra é o congelamento e contaminação do insumo.

O biodiesel cristaliza em baixas temperaturas em motores quando as situações climáticas envolvem variação de temperatura e umidade. As associações afirmam que a mesma soja e demais biomassas que se faz o biodiesel de base éster é possível fazer o diesel verde (HVO). Este sim, sustentável e funcional. Mas, as discussões sobre o incentivo à produção e uso de diesel verde não evoluem também por questões econômicas e políticas. Quem produz o biodiesel não quer o HVO. A verdade é que os atuais produtores de biodiesel não querem perder o lucro fácil e rápido do biodiesel de base éster, nem investir na modernização do processo industrial para produzir diesel verde, acusam. Para eles, o uso do biodiesel e a sua atual forma de produção no Brasil precisam ser revisitados em novos estudos para identificar os impactos em toda a cadeia produtiva do Brasil, dos motores dos ônibus e caminhões, passando pelo distribuidor e pelo revendedor do diesel, até o transportador.

Não há mais tempo para ‘achismos’ (qual é a mistura ambientalmente mais viável, afinal?). Nem é momento, diante de tantas dificuldades já enfrentadas, de o País se curvar aos interesses econômicos de um setor que, sob o falso pretexto socioambiental, só quer lucrar mais. Segundo as associações, o Brasil deve olhar para a experiência mundial. Na Comunidade Europeia, a mistura do biodiesel ao diesel é de 7%; no Japão e Argentina, de 5%; no Canadá, entre 1% e 5%; e nos Estados Unidos, de 5%. Ouvir todos os setores que possam contribuir com o entendimento técnico do que representa a adição do biodiesel ao diesel nas atuais configurações é dever do governo e do Legislativo brasileiros, porque isso afetará toda a sociedade. Os produtores de biodiesel, porém, negam as acusações, justificando que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprova a qualidade do biodiesel brasileiro para misturas de até 15%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.