ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

06/Mar/2023

Tendência baixista para os preços da soja no Brasil

A tendência é de pressão baixista sobre os preços da soja no mercado interno, com prêmios recuando nos portos brasileiros, aumento de custos com fretes e concentração da colheita da safra recorde pressionando a logística do País. Nos últimos 30 dias, os preços da soja recuaram 2,1% no Porto de Paranaguá e 2,2% no interior do Paraná. O preço ao produtor acumula uma baixa de 8,2% desde o início de 2023 e de 18,7% nos últimos 12 meses. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 15,00 a US$ 15,20 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 13,60 a US$ 14,60 por bushel. Todos os vencimentos de 2023 ainda estão em patamares bem superiores à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,12 por bushel. Os preços da soja em grão seguem em queda no mercado brasileiro, pressionados pela baixa demanda externa, sobretudo da China.

Além disso, as expectativas de colheita recorde no Brasil na safra 2022/2023 e de maior área de cultivo nos Estados Unidos em 2023/2024 e as desvalorizações externas e dos prêmios de exportação também influenciaram as quedas nos preços internos do grão. Por outro lado, o avanço do dólar e o reaquecimento na liquidez doméstica nos últimos dias limitam a desvalorização da soja. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,9%, cotado a R$ 169,23 por saca de 60 Kg. Em fevereiro, a média deste Indicador foi de R$ 172,61 por saca de 69 Kg, recuo mensal de 2,5% e anual de 12,8% e a menor média desde julho/2020, em termos reais. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 169,23 por saca de 60 Kg. A média de fevereiro/2023, de R$ 165,56 por saca de 60 Kg, foi a menor desde julho de 2020, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI), sendo também 3,1% inferior à média de janeiro/2023 e 14,9% abaixo da registrada há um ano, em termos reais.

Nos últimos sete dias, os preços registram baixa de 2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre as médias de janeiro e fevereiro, as quedas foram de respectivos 2,2% e de 3,1%. Em fevereiro, o dólar teve média de R$ 5,17, quedas de 0,3% sobre o mês passado e de 0,2% se comparado há um ano e a menor média desde agosto/2022. No spot nacional, verifica-se certo reaquecimento na liquidez envolvendo a soja. No caso das vendas externas, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), saíram dos portos brasileiros 5,19 milhões de toneladas de soja em grão em fevereiro. Embora este volume seja seis vezes acima da quantidade escoada em janeiro, ainda é 17% inferior ao escoado há um ano. No campo, o elevado volume de chuva segue limitando a entrada da safra 2022/2023, mas as atividades de campo devem ser intensificadas nos próximos dias, já que previsões climáticas indicam redução nas precipitações. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 34% da área de soja no Brasil foi colhida até o dia 25 de fevereiro, abaixo dos 42,1% colhidos há um ano.

O enfraquecimento na demanda por farelo e óleo de soja pressiona as cotações dos derivados, resultando em queda na margem de lucro das indústrias. Representantes de indústrias de alimentos relatam dificuldades em repassar o preço do óleo de soja, o que vem limitando as aquisições deste coproduto. A demanda para a produção de biodiesel também segue limitada. Com isso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta recuo de 2,7% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.283,52 por tonelada. Em fevereiro, o preço médio foi de R$ 6.526,94 por tonelada, sendo a menor média desde julho/2020, em termos reais, com quedas de 6% em relação ao mês de janeiro/2023 e de 25% frente ao de fevereiro/2022. Quanto ao farelo de soja, os consumidores domésticos adquirem lotes para consumo de curto prazo, sendo que muitos estão cautelosos, aguardando maior oferta do derivado para realizar novas aquisições. Assim, as cotações do farelo de soja acumulam baixa de 3,5% nos últimos sete dias. A média de fevereiro ficou 1% abaixo da de janeiro/2023 e 1,2% inferior à registrada há um ano.

Diante deste contexto, considerando-se os preços da soja em grão, do farelo e do óleo negociados em São Paulo no dia 2 de março, a “crush margin” foi de R$ 580,81 por tonelada, a menor desde 27 de dezembro do ano passado. Vale ressaltar que, no mesmo período do ano passado, a margem das indústrias era calculada em R$ 614,54 por tonelada. Nos Estados Unidos, embora os embarques de soja tenham diminuído nas últimas semanas, na parcial do ano-safra (de agosto/2022 a 23 fevereiro/2023), as exportações somaram 42,08 milhões de toneladas, 3,38% superior ao volume escoado no mesmo período da temporada passada. Assim, na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2023 da soja está cotado a US$ 15,19 por bushel, baixa de 0,9% nos últimos sete dias. Em fevereiro, o preço médio, de US$ 15,27 por bushel, foi o maior desde agosto/2022. A maior procura por farelo de soja nos Estados Unidos e as expectativas de aumento na demanda global por esse subproduto, devido à possível menor oferta na Argentina, impulsionam os contratos futuros do derivado e da matéria-prima.

Vale lembrar que o clima seco e quente predomina em áreas de produção de soja na Argentina, resultando em incertezas quanto à produtividade da safra de soja na temporada 2022/2023. Com isso, embora o contrato Março/2023 tenha recuado 0,8% nos últimos sete dias, o valor médio em fevereiro foi de US$ 543,30 por tonelada, o maior patamar nominal desde setembro/2012, sendo 1,8% maior que janeiro/2023 e 9,4% superior ao de fevereiro/2022. Diante da valorização do farelo de soja, os preços do óleo de soja estão pressionados. O contrato Março/2023 tem queda de 1% nos últimos sete dias. Em fevereiro, esse mesmo vencimento teve média de US$ 1.338,99 por tonelada, a menor desde janeiro/2022, com baixas de 2,3% sobre a média de janeiro/2023 e de 8,9% em relação à de dezembro/2022. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.