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27/Fev/2023

Tendência de pressão baixista sobre preços da soja

A tendência é de pressão baixista mais acentuada os preços da soja no mercado interno, com prêmios recuando nos portos brasileiros, aumento dos custos com fretes e concentração da colheita da safra recorde pressionando a logística do País. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 15,20 a US$ 15,45 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 13,85 a US$ 14,90 por bushel. Todos os vencimentos de 2023 ainda estão em patamares bem superiores à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel. A estimativa para a safras da Argentina para 2022/2023 foi reduzida novamente. As primeiras geadas no oeste da área agrícola, aliadas à falta de chuvas e à insolação registradas no início deste mês, reduziram a estimativa para a produção de soja. A sucessão de déficit hídrico, onda de calor e geadas motivaram novos ajustes nas projeções da Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) em seu relatório semanal.

A BCBA reduziu sua previsão para o volume da safra de soja de 38,0 milhões de toneladas para 33,5 milhões de toneladas e ampliou a diferença para 22,6% com a produção da safra 2021/2022, que totalizou 43,3 milhões de toneladas. No Brasil, entretanto, as estimativas de produção recorde no Brasil, a desvalorização do dólar frente ao Real (que reduz a competitividade da soja brasileira e, consequentemente, leva o demandante ao maior concorrente do Brasil, os Estados Unidos) e a baixa demanda no spot seguem pressionando as cotações da soja no País. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,4%, cotado a R$ 170,76 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 163,65 por saca de 60 Kg, o menor patamar diário desde 13 de dezembro de 2021.

Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A paridade de exportação, base no Porto de Paranaguá (PR), com referência no contrato Março/2023, é calculada em R$ 174,82 por saca de 60 Kg, 2,3% superior ao preço ofertado no mercado spot. Isso se deve à maior taxa de câmbio negociada na B3 para o contrato Março/2023. A paridade de exportação no Brasil é sustentada também pela alta no preço externo, que, por sua vez, está sendo influenciada por preocupações quanto à safra na Argentina e pela firme demanda externa pela soja dos Estados Unidos. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), foram embarcadas 41,38 milhões de toneladas da oleaginosa entre setembro/2021 e 16 de fevereiro/2023, 3,5% acima do volume do mesmo período da safra anterior. A expectativa de firme demanda global por óleo de soja também dá suporte aos preços internacionais.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2023 do óleo de soja tem avanço de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 1.367,73 por tonelada. O contrato de mesmo embarque do farelo de soja registra valorização de 0,4% no mesmo período, indo para US$ 543,54 por tonelada. Os preços dos derivados estão em baixa no Brasil, pressionados pela baixa demanda, sobretudo, doméstica. Os consumidores de óleo de soja estão afastados do mercado, indicando ter dificuldade em obter margem de lucro ao repassar o preço para o produto refinado e estar abastecidos para médio prazo, no caso de indústrias alimentícias. Além disso, o enfraquecimento na demanda pelo setor de biodiesel também pressionou as cotações. Com isso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), apresenta recuo de 2,2% nos últimos sete dias, caindo para R$ 6.454,58 por tonelada, o menor patamar desde 2 de março de 2021. Quanto ao farelo de soja, os preços estão oscilando dentre as regiões brasileiras. Embora uma parte dos consumidores esteja abastecida, uma outra parcela, especialmente suinocultores e avicultores, começa a demandar maior volume para recebimento imediato. Nos últimos sete dias, as cotações do farelo de soja recuaram 0,5%.

No Brasil, a colheita segue em ritmo lento, devido ao elevado volume de chuva em importantes regiões produtoras. Colaboradores indicam que algumas áreas de soja já foram dessecadas há dias e ainda não puderam ser colhidas, diante das frequentes chuvas. Esse cenário começa a preocupar o produtor nacional quanto à possibilidade de haver grão de soja avariado e ardido, o que pode, inclusive, impactar na produção de derivados, sobretudo de óleo. Agentes de mercado relataram que já há grãos ardidos, mas o volume ainda não é relevante diante da produção estimada. O Brasil colheu apenas 23% das 152,8 milhões de toneladas previstas para a temporada 2022/2023 até o dia 18 de fevereiro, abaixo dos 33% colhidos em igual período do ano passado. Dentre os Estados, 59,6% foram colhidos em Mato Grosso, abaixo dos 70,5% na temporada passada; 15% em Minas Gerais, contra 22% neste mesmo período da temporada passada; 17%, em Goiás, abaixo dos 30% colhidos há um ano; 8%, no Paraná, inferior aos 21% há um ano; e apenas 2% em Santa Catarina, contra 14% na safra passada.

Em São Paulo e em Mato Grosso do Sul, a colheita atingiu apenas 8% de ambas as áreas, abaixo dos respectivos 20% e 35% colhidos há um ano. Na Bahia, foram colhidos 4% da área de soja, abaixo dos 7% no mesmo período da safra passada; 11% no Maranhão, também inferior aos 15% há um ano e 20% no Tocantins, contra 40%. No Piauí, as atividades estão mais intensas neste ano, visto que 15% da área já foi colhida, acima dos 9% no mesmo período da safra passada. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), para os próximos dias, há grande probabilidade de chuvas em regiões de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Em Minas Gerais e em Goiás, as precipitações devem dar uma trégua, o que pode favorecer as atividades de campo. A região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) deve registrar consecutivos dias de chuvas até 8 de março; o que, se acontecer, deve impedir a colheita de soja. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.